O controle de plantas daninhas é uma das principais e mais importantes práticas de manejo do cultivo da soja. Plantas daninhas matocompetem com a soja por água, radiação solar e nutriente do solo, reduzindo a disponibilidade desses recursos para a cultura. Dentre as mais preocupantes e devastadoras plantas daninhas que infestam a soja, as plantas do gênero Amaranthus, cujas principais espécies de interesse econômico são A. hybridus; o A. palmeri; o A. viridis; o A. spnosus e o A. retroflexus se destacam.
Principalmente nas regiões Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, a espécie de maior destaque é o Amaranthus hybridus. Recentemente, foram relatados 46 casos dessa planta com suspeita de resistência aos herbicidas glifosato e inibidores da ALS, em virtude de falhas de controle. A maioria dos casos relatados estão na região Sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, em que as sobras de caruru com as aplicações de glifosato em pós-emergência da soja começaram a ser mais frequentes nas últimas três safras (Penckowski et al., 2020).
Dependendo do nível de infestação, a presença do A. hybridus nas culturas do milho e da soja pode reduzir o rendimento em até 80%, além de inviabilizar a colheita mecânica. Além disso, a planta possui uma elevada habilidade competitiva, proporcionada principalmente pelo ciclo fotossintético C4, e também elevada produção de sementes, podendo chegar a 600 mil por planta, contribuindo para a grande persistência do caruru em áreas agrícolas.
Levando em consideração o potencial dessa planta daninha em causar danos, o controle eficiente do caruru é essencial para reduzir perdas produtivas. Contudo, a resistência dessa planta daninha a herbicidas preocupa técnicos e agricultores com infestações em suas áreas de cultivo. O primeiro caso registrado de resistência do caruru (Amaranthus hybridus) a herbicidas no Brasil é datado de 2018, onde foi observada resistência múltipla da planta daninha aos herbicidas inibidores da ALS (clorimuron-etil) e EPSPs (glifosato) (Heap, 2022).
Contudo, em 2022, mais um caso de resistência dessa planta daninha foi relatado, dessa vez em solo vizinho, no Paraguai, em lavouras de soja e milho. Segundo relatado por Albrecht; Albrecht; Pires (2022), assim como no caso de 2018, foi observada resistência múltipla do Amaranthus hybridus aos herbicidas clorimuron-etil e glifosato (herbicidas inibidores da ALS e EPSPs respectivamente).
O fato acende um alerta aos Estados brasileiros vizinhos ao Paraguai da necessidade de cautela no controle e manejo dessa planta daninha, sendo necessário adotar estratégias que contribuam para o manejo da resistência do caruru a herbicidas. Como principais estratégias, é possível adotar a quarentena de animais oriundos de outras áreas de cultivo (em especial do Paraguai), a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas, bem como o uso de sementes certificadas (livre de materiais inertes e outras sementes).
Sobretudo, é necessário intensificar o manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas, utilizando de boas práticas agronômicas e um adequado controle das populações de plantas daninhas, tanto no período de safra quando entressafra da cultura da soja.
Clique aqui e confira o caso mais recente de resistência do Amaranthus hybridus a herbicidas.
Referências:
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2022. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Case.aspx?ResistID=18184 >, acesso em: 03/01/2023.
PENCKOWSKI, L. H. et al. Alerta! Cresce o número de lavouras com Amaranthus hybridus resistente ao herbicida glifosato no Sul do Brasil: O primeiro passo é saber identificar essa espécie! Revista FABC, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 03/01/2023.
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)