Considerada uma das mais agressivas plantas daninhas do sistema produtivo, uma planta de capim-amargoso (Digitaria insularis) por metro quadrado de área pode causar reduções de produtividade de até 21% em soja (Supra Pesquisa). À medida que a infestação dessa daninha aumenta, os danos aumentam de forma linear, refletindo em uma drástica redução da produtividade da soja conforme observado por Gazziero et al., (2012).
Figura 1. Produtividade em kg.ha-1 e sacos (sc.ha-1) de soja cultivada sob diferentes intensidade de infestações (média de classes) de capim-amargoso.
Essa daninha possui uma elevada produção de sementes, as quais são dispersas com facilidade pelo vento, animais e máquinas agrícolas, contribuindo para o aumento da infestação de áreas agrícolas. Aliado a isso, a formação de touceiras por parte do capim-amargoso dificulta ainda mais o controle de daninha, que apresenta uma impressionante capacidade de rebrote.
Figura 2. Rebrote de plantas de capim-amargoso após dessecação.
Além disso, existem populações de capim-amargoso com resistência conhecida a herbicidas como o glifosato, fato que dificulta ainda mais o controle dessa daninha na pós-emergência da soja, tornando necessário buscar produtos alternativos ao glifosato.
Atualmente existem três casos de resistência conhecida do capim-amargoso a herbicidas no Brasil, sendo um no Estado do Paraná, um na Região Centro-Oeste (mato Grosso do Sul) e outro nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dentre os principais herbicidas incluídos nos casos de resistência, podemos destacar o glifosato, o fenoxaprop e o haloxyfop.
Quadro 1. Casos de resistência do capim-amargoso (Digitaria insularis) a herbicidas no Brasil.
Além dos casos de resistência simples do capim-amargoso aos herbicidas glifosato, fenoxaprop e haloxyfop, existe a resistência múltipla dessa planta daninha a ambos os herbicidas conforme destacado no quadro 1. Não necessariamente todas as plantas de capim-amargoso do Brasil, ou as plantas presentes em sua lavoura irão apresentar resistência a herbicidas, entretanto, deve-se atentar para áreas próximas aos casos de resistência relatados, dando atenção especial para o monitoramento da lavoura.
Plantas com elevada persistência na área de produção, mesmo após a dessecação da lavoura podem ser um indicativo para presença de populações resistentes, destacando a necessidade de métodos alternativos para seu controle. Além da dessecação com herbicidas, a roçada do capim-amargoso, antecedendo a aplicação de herbicidas, assim como a rotação de culturas e o elevado volume de palha na superfície do solo, são ferramentas que vem demonstrando importante contribuição no manejo e controle do capim-amargoso.
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A limpeza de máquinas agrícolas, após mudança de área e a quarentena de animais no sistema de integração lavoura-pecuária são práticas de manejo que também podem contribuir para a redução da infestação do capim-amargoso em lavouras de soja. Ou seja, um conjunto de práticas que podem auxiliar no manejo dessa planta daninha, sendo essencial não “deixar” toda a responsabilidade do controle do capim-amargoso para os herbicidas. Quando necessário realizar o controle químico por meio do emprego de herbicidas, deve-se atentar para a utilização de produção com boa eficácia, assim como doses recomendadas a fim de evitar a sobrevivência do capim-amargoso.
Referências:
GAZZIERO, D. L. P. et al. EFEITOS DA CONVIVÊNCIA DO CAPIM-AMARGOSO NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. XXVIII CBCPD, 3 a 6 de setembro de 2012. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/67061/1/733-XXVIIICBCPD.pdf >, acesso em: 22/07/2021.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2021. Disponível em: < http://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 22/07/2021.