As cotações do trigo, em Chicago, subiram bastante nesta semana, puxadas pela soja e milho, sendo que o primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (15) em US$ 6,61/bushel, contra US$ 6,26 uma semana antes.
O relatório do USDA não trouxe surpresas, indicando uma safra estadunidense, do cereal, em 45,3 milhões de toneladas e estoques finais, em 2023/24, em 15,3 milhões de toneladas. Já a produção mundial de trigo ficou estabelecida em 800,2 milhões de toneladas, aumentando cerca de 11 milhões sobre o relatório de maio. Enquanto isso, os estoques finais mundiais de trigo estão, agora, projetados em 270,7 milhões de toneladas, com aumento ao redor de 6 milhões de toneladas sobre maio. A produção brasileira e argentina está estimada em 10 e 19,5 milhões de toneladas respectivamente, neste novo ano comercial. Com isso, o preço médio do bushel de trigo, projetado ao produtor estadunidense, foi reduzido para US$ 7,70 para este novo ano comercial, contra US$ 8,85 no atual período 2022/23.
Dito isso, a colheita do trigo de inverno, nos EUA, até o dia 11/06, chegava a 8% da área, contra 9% na média histórica. Já as condições das lavouras, ainda a serem colhidas, se apresentavam com 38% entre boas a excelentes, 31% regulares e 31% entre ruins a muito ruins. Por sua vez, o trigo de primavera, na mesma data, apresentava um plantio em 97% da área esperada, enquanto 90% das lavouras estavam germinadas, contra 87% na média. Já os embarques semanais de trigo foram de 246.559 toneladas nos EUA, na semana encerrada em 08/06, ficando dentro das expectativas do mercado.
Em paralelo, segundo a Bolsa de Rosário, a safra de trigo da Argentina, para 2023/24, será menor do que prevê o USDA, devendo ficar em 16,2 milhões de toneladas, sobre uma área a ser semeada de 5,6 milhões de hectares. Cerca de 20% desta área já havia sido plantada até o final da semana anterior.
E aqui no Brasil, os preços do trigo estacionaram, com a média gaúcha fechando a quinta-feira (15) em R$ 64,61/saco, enquanto no Paraná o produto se manteve em R$ 66,00.
O plantio da nova safra de trigo alcançava cerca de 60% da área esperada durante a corrente semana, sendo que o Paraná atingia a 82% da área esperada, com 95% das lavouras semeadas estando em boas condições. Já no Rio Grande do Sul o plantio chegava a 57% da área em algumas regiões, caso do Noroeste.
No Estado gaúcho avança o sentimento, na setor privado, de que a área possa ser menor em até 5%, em relação ao ano passado. A falta de crédito e seguro agrícola, além de preços muito baixos no mercado, preocupam os produtores de trigo gaúchos, além da chegada do fenômeno El Niño, o qual pode provocar prejuízos às lavouras do cereal.
Neste sentido, a Emater/RS indica que a safra de trigo gaúcha recuará em 14% neste ano, para ficar em 4,55 milhões de toneladas, com recuo de 1,5% na área semeada, com a mesma ficando em 1,5 milhão de hectares. A produtividade média ficaria em 3.021 quilos/hectare, em clima normal, recuo de 12,6% sobre o registrado em 2022.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).