A área cultivada de soja no Estado é de 6.513.891 hectares. A produtividade revista é de 2.175 kg/ha, representando um decréscimo de 30,52% nos 3.231 kg/ha inicialmente contabilizados.

A irregularidade e a má distribuição de chuvas voltaram a se repetir no período entre 06 e 12/03, reforçando a grande variabilidade do potencial produtivo dentro de uma região e entre as regiões produtoras do Estado. Foi possível observar, com maior acurácia, as perdas de produtividade causadas pela estiagem em função do início da colheita e da rápida evolução das lavouras para o estágio de maturação, que provocou a senescência e a queda das folhas na finalização de ciclo. Os resultados dos talhões colhidos, ainda incipientes, apontam produções entre 300 e 3.000 kg/ha, confirmando uma grande amplitude nos resultados individuais da safra.

A colheita aproximou-se de 1% da área de cultivo. As lavouras encontram-se predominantemente em fase de enchimento de grãos – 54%. Em maturação são 20% das lavouras; em parte destas, os produtores realizam aplicações de herbicidas dessecantes para uniformizar a maturação. Já para a colheita, eles aguardam o período de carência de aproximadamente 10 dias para evitar resíduos nos grãos acima do limite tolerado. Outro objetivo da dessecação se refere ao controle de plantas daninhas estabelecidas após o aumento das chuvas registradas no final de fevereiro e que poderão causar problemas na operação de colheita.

Em relação ao aspecto fitossanitário, houve redução na intensidade das infestações de ácaros e tripes, mas é possível, em muitos cultivos, interromper as aplicações de inseticidas, considerando-se a também baixa incidência de percevejos e lagartas. A confirmação de ocorrência de ferrugem asiática em uma lavoura no município de Bagé deixou os técnicos e os produtores em alerta, mas estão sendo aplicados fungicidas apenas nas melhores lavouras, concentradas em áreas de várzeas.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a área de cultivo é de 1.048.091 hectares. A produtividade estimada é de 1.663 kg/ha, sendo 34,68% inferior à projetada inicialmente. Parte das lavouras da Fronteira Oeste apresentam perdas superiores a 50%, porém, nos cultivos situados em Manoel Viana e em Maçambará, os índices estimados são ainda maiores, respectivamente de 70% e 65%. Na região da Campanha, em Hulha Negra, em Aceguá e em Candiota, as perdas alcançam 50%, mas há tendência de aumento devido à falta de chuvas na fase reprodutiva de praticamente todas as lavouras. A colheita iniciou em Maçambará, Itacurubi, Santa Margarida do Sul e Hulha Negra. Nas lavouras onde ainda há viabilidade econômica para a colheita, os produtores aplicaram herbicidas dessecantes para uniformizar a maturação. Contudo, as lavouras com cultivares precoces em fase de maturação superam os índices de perdas estimados, pois sofreram impactos em todas as fases de cultivo, o que acarretou porte mais baixo, pequena carga de vagens e peso de grãos comprometidos pela falta de chuvas. No período, muitos produtores acionaram a cobertura do seguro Proagro devido à mortalidade de plantas, que ainda ocorre em cultivos na fase de enchimento de grãos.

Na de Caxias do Sul, são 251.439 hectares cultivados, e a produtividade é estimada é de 3.399 kg/ha, uma redução de 3,85% na projetada inicialmente. O período foi de tempo seco e calor, mas as chuvas que ocorreram no início de março têm mantido boas condições de umidade nos solos para a finalização do ciclo das lavouras, predominantemente em fase de enchimento de grãos.

Na de Erechim, a área plantada é de 229.988 hectares, e a expectativa é de produzir 2.983 kg/ha, representando redução de 16,56% na estimativa inicial. Estão em fase de formação de vagens/enchimento de grãos 95% dos cultivos, e 5% estão maduros por colher ou já em início de colheita.

Na de Frederico Westphalen, a área cultivada é de 422.686 hectares, e a produtividade estimada é de 2.429 kg/ha, significando redução de 30,02% na estimativa inicial. Estão 2% das lavouras em desenvolvimento vegetativo; em floração, 20%; em enchimento de grãos, 65%; em maturação, 12%; e 1% foi colhido.

Na de Ijuí, a área semeada é de 965.315 hectares. A estimativa de produtividade é de 2.324 kg/ha, consistindo em perda de 34,42% na projetada. A cultura está evoluindo rapidamente para o estádio de maturação; 1% das lavouras foi colhido. A produtividade variou entre 420 e 3.000 kg/ha. Também o diâmetro dos grãos colhidos é bem inferior ao tamanho de referência das cultivares. As lavouras semeadas em outubro foram as mais prejudicadas pela estiagem e são as primeiras colhidas, confirmando a baixa da produção.

Na de Passo Fundo, a área de cultivo é de 638.531 hectares. A produtividade está estimada em 2.836 kg/ha, representando redução de 21,11% da projetada. Estão em fase de enchimento de grãos 70% das lavouras e em maturação fisiológica, 30%.

Na de Pelotas, a área cultivada é de 510.810 hectares. A produtividade estimada é de 2.128 kg/ha, significando 19,18% de redução da estimativa inicial. Houve início da colheita, que alcança 1% dos cultivos. Predominam as lavouras em enchimento de grãos, que alcançam 63%; em floração, 29%; em desenvolvimento vegetativo, 5%; e 2% estão maduros e prontos para colher. Houve nova ocorrência de precipitações, mas a menor abrangência manteve a umidade dos solos em uma porção menor do território, e as demais regiões sofreram redução rápida devido ao calor e à insolação. As últimas lavouras semeadas, em janeiro de 2023, estão com bom estande e adequado desenvolvimento vegetativo.

Na de Porto Alegre, a área semeada é de 191.007 hectares, e a produtividade atual é de 2.946 kg/ha, o que representa um acréscimo de 2,79% na produtividade projetada. A fase predominante – 65% – é o enchimento de grãos, e 18% estão em processo de maturação. O desenvolvimento das lavouras permanece adequado, e não há problemas de pragas ou doenças.

Na de Santa Maria, a área plantada é de 1.014.917 hectares. A produtividade atual é de 1.906 kg/ha, constituindo uma redução de 36,64% da projetada inicialmente. A situação permaneceu adversa, pois o período foi mais seco, de temperaturas elevadas e, em alguns dias, com a presença de ventos, condicionando a perda de umidade do ar, das plantas e dos solos.

Na de Santa Rosa, a área plantada é de 741.134 hectares. A produtividade atual é de 1.525 kg/ha, representando redução de 52% da projetada. Ainda estão em estágio de desenvolvimento vegetativo 6% das lavouras; em florescimento são 14%; em enchimento de grãos, 64%; a maturação evoluiu para 15%; e 1% das lavouras foram colhidas. A produtividade é considerada muito baixa, variando entre 300 e 1.200 kg/ha. A ocorrência de chuvas nos primeiros dias de março melhorou consideravelmente a disponibilidade de água nos solos e estancou as perdas de produtividade, consequentemente, induzindo as plantas a diferentes respostas que variaram conforme a fase do ciclo vegetativo. Nas lavouras mais tardias, houve uma retomada no desenvolvimento vegetativo. Haverá emissão de botões florais e a consequente emissão de vagens para a produção de grãos. Contudo, em alguns municípios da região, principalmente nas Missões, as perdas na produtividade alcançam 70%.

Na de Soledade, a área de cultivo é de 476.393 hectares. A produtividade estimada é de 2.175 kg/ha, consistindo em redução de 30,53% em relação à avaliação inicial. Apesar da ausência de chuvas no período, o teor de umidade dos solos continua satisfatório para as lavouras que se encontram no estádio reprodutivo. No entanto, o potencial produtivo é diverso, pois há lavouras em que grande parte do terço inferior das plantas não apresenta vagens devido ao déficit hídrico. As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar esterilizaram flores e causaram a queda de vagens em formação. Isso se verifica principalmente em lavouras com ciclo mais adiantado, que apresentam também estatura de plantas abaixo do normal, caracterizando-se em perdas irreversíveis. Cerca de 15% das lavouras estão em maturação, e 1% está maduro.

Comercialização (saca de 60 quilos)

Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 161,15/sc., representando uma redução de -0,87 % em relação à cotação da semana anterior de R$ 162,57.

Fonte: Informativo Conjuntural n° 1754- Emater/RS



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