A área cultivada de soja no Estado é de 6.513.891 hectares. A produtividade atual é estimada em 2.175 kg/ha.
Os dias ensolarados e a baixa umidade relativa do ar favoreceram a perda de umidade dos grãos e contribuíram para a finalização de ciclo da oleaginosa. A colheita avançou significativamente, atingindo 32% da área cultivada. Da mesma forma, a área em maturação avançou para 51%, restando 17% em floração e enchimento de grãos. A produtividade permanece muito variável entre as localidades e regiões. Os maus resultados obtidos no momento, principalmente a Oeste, indicam que a produtividade ainda pode ser inferior à estimada, caso não haja compensação produtiva das cultivares de ciclo mais tardio ou de regiões menos afetadas, localizadas a Nordeste e a Leste do Estado. No momento, há uma grande demanda dos produtores por cobertura de seguros agrícolas. Nas duas últimas semanas, a Emater/RS-Ascar recebeu dos agentes financeiros, em média, 300 solicitações por dia para vistorias de Proagro, oriundas principalmente da região Oeste do Estado.
Os principais componentes que estão influenciado o rendimento inferior por hectare – todos decorrentes das reduzidas precipitações durante o ciclo da cultura – são: baixo peso dos grãos, menor número de grãos por planta e plantas com tamanho reduzido. Em alguns casos, também já se observa perdas de grãos devido à deiscência de legumes, causada pela maturação desuniforme. Nas lavouras afetadas pela estiagem, há uma proporção elevada de grãos com coloração esverdeada e com tegumento enrugado no produto colhido, mas, mesmo assim, a classificação se encontra dentro do padrão comercial.
As lavouras do tarde, que ainda estão na fase de enchimento de grãos, apresentam potencial produtivo maior do que as lavouras da primeira época de plantio (outubro a dezembro), mas apresentam porte aquém do desejado, o que pode interferir na produtividade. Em parte das lavouras, há incidência significativa de doenças de final de ciclo, sendo necessária a aplicação de fungicidas para proteção da área foliar, de maneira que permaneça verde por mais três ou quatro semanas, e proporcionar adequado enchimento de grãos nas vagens fixadas.
Os produtores prosseguiram as pulverizações por meio do uso de herbicidas desfolhadores para a uniformização da maturação, dada a diferença de vagens maduras e verdes nas mesmas plantas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita avançou para 17%, pois grande parte das lavouras foi implantada apenas a partir de novembro. Na região da Campanha, em Aceguá e em Caçapava do Sul, 20% da área já foi colhida, e os registros de produtividades são bastante variados devido à má distribuição das chuvas, oscilando desde 300 até 1.800 kg/ha. Em Dom Pedrito, foram colhidos 20% dos 160.000 hectares cultivados. Nesse município, há um grande número de lavouras irrigadas, e houve maior volume e melhor distribuição de chuvas para as de sequeiro, diminuindo a produtividade em apenas 5% da projeção inicial. Na Fronteira Oeste, em Alegrete, 5% das lavouras foram colhidas, e a quebra de produtividade é estimada em mais de 60%. Em Maçambará, 20% foram colhidos, e a estimativa de perdas é de 75%. Em São Borja, 20% da área foi colhida e, em muitas lavouras, não há viabilidade econômica para colher ou as produtividades situam-se pouco acima dos 300 kg/ha.
Na de Caxias do Sul, houve avanço acentuado da colheita, que alcançou aproximadamente 40% das áreas de cultivo. A produtividade obtida é de 3.300 kg/ha, uma redução de aproximadamente 10% em relação à expectativa inicial, decorrente de perdas mais elevadas e concentradas em alguns municípios da região.
Na de Erechim, a colheita foi efetuada em 36% das lavouras, e a produtividade nesse recorte é de 2.800 kg/ha. As produtividades são muito distintas, com variação de mais de 50% em lavouras próximas como decorrência da má distribuição das chuvas.
Na de Frederico Westphalen, a colheita prosseguiu acelerada e alcançou 30% dos cultivos. No entanto, a produtividade no período foi inferior à da semana anterior e está estimada em 2.663 kg/ha.
Na de Ijuí, prosseguiu a colheita, e houve grande variabilidade nos resultados entre as lavouras, além de uma leve redução na produtividade à medida que a operação avançou. As perdas são mais acentuadas nas regiões do Alto Jacuí e Noroeste Colonial, em comparação a Celeiro. Em Santo Augusto, a variação de produtividade é ampla – de 420 a 4.200 kg/ha. Na região do Alto Jacuí, as condições de colheita não são favoráveis devido à maturação desuniforme das plantas, à retenção foliar, aos legumes de coloração verde, aos grãos avariados e ao baixo porte de plantas, resultando em reduzido rendimento operacional na colheita e em elevados descontos na produção entregue nas unidades recebedoras. As lavouras colhidas têm rendimentos abaixo da expectativa dos produtores, conferindo perdas próximas de 50% em decorrência da estiagem.
Na de Passo Fundo, foram colhidas 20% das lavouras; 20% estão maduros; e 55%, em enchimento de grãos.
Na de Pelotas, a colheita avançou significativamente, alcançando 17%. No município de Pelotas, já foram colhidos 40% e, em Arroio do Padre, 30%. A produtividade nessas áreas varia de 600 a 1.800 kg/ha. No entanto, permanece a perspectiva de que as lavouras do tarde possam alcançar produtividade de até 3.000 kg/ha.
Na de Porto Alegre, a colheita alcançou 23% da área de cultivo. As fases predominantes são a de maturação, que atinge 54%, e a de enchimento de grãos, que alcança 23%.
Na de Santa Maria, a colheita atinge 30%, e 46% das lavouras estão em maturação. A produtividade, no momento, é de 1.700 kg/ha.
Na de Santa Rosa, a área colhida evoluiu de 20% para 39%. Com o avanço, houve confirmação de quebra na produtividade em parte dos cultivos e, até mesmo, ampliação das perdas em algumas situações. No período, a média foi de 1.152 kg/ha, com extremos produtivos que variam entre 300 e 2.400 kg/ha. As lavouras em enchimento de grãos receberam chuvas regulares em março, e o potencial produtivo está próximo ao normal, podendo superar 2.000 kg/ha. Prosseguiu a demanda por vistoria em lavouras para a elaboração de laudos periciais de Proagro, e constatam-se rendimentos entre 300 e 1.000 kg/ha. Os prejuízos decorrentes da estiagem refletem em uma drástica redução de giro de capital em toda a região, reduzindo a capacidade de investimentos de agricultores de modo geral.
Na de Soledade, o período foi de colheita intensa, alcançando 25% da área cultivada. A maior parte das lavouras está em processo de maturação. A ocorrência de chuvas no dia 06/04 favoreceu tanto as lavouras em maturação fisiológica, por estarem finalizando o componente de rendimento peso de grãos, quanto aslavouras maduras, por manterem o teor de umidade do grão dentro do padrão de 13% – abaixo desse teor havia perdas por grão excessivamente seco.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 146,26., representando uma redução de -1,43% em relação à cotação da semana anterior de R$ 148,38.
Fonte: Informativo Conjuntural n° 1758 – Emater/RS