A condição de tempo seco acelerou o processo de maturação e secagem dos grãos, fazendo avançar o percentual da área colhida para 27% na média estadual. Os resultados obtidos são variáveis, dependendo do sistema de cultivo, irrigado ou sequeiro, e da maior ou menor incidência da estiagem durante o ciclo da cultura. Os menores rendimentos são obtidos em lavouras não irrigadas cultivadas ao Norte, no Centro e no Oeste do Estado.
Parte dos produtores optou por não colher grãos, em função do custo da operação e da baixa qualidade do produto obtido: poucas espigas malformadas e grãos com tamanho reduzido. Essas lavouras são destinadas ou à confecção de silagem de planta inteira ou ao pastejo direto Prosseguiu a colheita na Fronteira Oeste – região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé.
Nas lavouras a extremo Oeste, o prejuízo é estimado em 50%. Mais a Leste, em parte das lavouras a produtividade foi de 60 sacas por hectare, considerada satisfatória, e em outra houve perda total na produção. Na Campanha, onde a semeadura é tradicionalmente escalonada a partir de novembro, as lavouras então semeadas encontram-se em fase reprodutiva. Com o agravamento da estiagem, a expectativa é de redução de produtividade, excetuando-se as lavouras estabelecidas em áreas de várzeas. As lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo, semeadas em dezembro, apresentam potencial produtivo satisfatório.
No aspecto fitossanitário, aumentou a frequência de ataques da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda). Uma cooperativa com atuação em Hulha Negra comprou e distribuiu cartelas da vespa Trichogramma, com resultados satisfatórios no controle da praga.
Na de Passo Fundo, onde são cultivados 77,5 mil hectares, a diminuição da produtividade já supera 60%, índice que ainda pode aumentar até a finalização do ciclo cultural do milho. Entre as lavouras de verão cultivadas na de Caxias do Sul, a cultura do milho é a mais afetada pelo estresse hídrico, com grande demanda de elaboração de laudos de Proagro. As
perdas de produtividade estão na faixa de 20 a 70%, conforme a microrregião, e em média
correspondem a 45% do inicialmente estimado para a cultura na regional administrativa da
Emater/RS-Ascar.
Na de Frederico Westphalen, sem a ocorrência de chuvas a colheita avançou rapidamente, alcançando 30% da área. A produção é 60% menor do que a inicialmente prevista. Nas lavouras em fase de enchimento de grãos e em maturação, observou-se a presença de cigarrinha do milho (Dalbulus maidis).
Na de Ijuí, a área cultivada em maturação ultrapassa 50%, e as perdas na produtividade são irreversíveis. A colheita supera 40% da área cultivada, com rendimento médio de 86 sacas por hectare. Tal índice é elevado pela inclusão de rendimentos obtidos em lavouras irrigadas (média de 156 sacas por hectare) e em lavouras sem irrigação semeadas no início do período recomendado, que apresentaram resultados satisfatórios. Em lavouras sem irrigação implantadas posteriormente, os rendimentos baixam para até 35 sacas por hectare.
Na de Pelotas, a ocorrência de chuvas, ainda que irregulares, permitiu a retomada no plantio onde os volumes precipitados foram maiores. As lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo e florescimento foram beneficiadas, embora a redução de produtividade já esteja consolidada. A colheita iniciou apenas em São Lourenço do Sul, e corresponde a 3% do total cultivado no regional.
Na de Santa Maria, a área prevista de 48 mil hectares para cultivo de milho ainda não foi alcançada, pois a ausência de umidade nos solos condicionou a semeadura de apenas 39 mil hectares até agora. A redução de produtividade nas lavouras colhidas é de 60% em média.
Na de Porto Alegre, 21% dos cultivos estão em maturação. As lavouras implantadas em agosto e setembro encontram-se na fase de floração e enchimento de grãos. Parte do plantio realizado em novembro e dezembro está em germinação e desenvolvimento vegetativo. De forma geral, as lavouras apresentam desenvolvimento regular. As chuvas ocorridas entre 14 e 15/01 não foram suficientes para reverter o quadro de redução da produtividade devido à estiagem. A expectativa de perdas varia de 20 a 50%.
Na de Santa Rosa, a colheita prosseguiu e alcançou 74% da área de cultivo. A quebra na produtividade é de 48%, resultando na produção de apenas 73 sacas por hectare, em média, entre lavouras irrigadas e não irrigadas. Restam 13% dos 125.240 hectares a serem semeados em safrinha, cujo plantio ocorreria a partir de janeiro. Entretanto, se mantido o quadro de insuficiência de chuvas no decorrer do tempo, pode ocorrer uma mudança no cenário, no qual agricultores optam por substituir milho por soja e somente os produtores de milho destinado à atividade de bovinocultura de leite mantêm a intenção de plantio.
Na regional de Erechim foram cultivados 48,7 mil hectares; 10% estão em florescimento e 40% em enchimento de grãos; 50% dos cultivos foram colhidos ou para grãos ou para silagem. Nas lavouras onde a falta de umidade nos solos foi mais grave, não houve aproveitamento da massa verde, sendo realizada apenas a gradagem para replantio. As equipes municipais da regional da Emater/RS-Ascar de Erechim atenderam mais de 400 produtores em laudos de Proagro.
Na de Soledade, 52% dos cultivos estão em fase de maturação e 3% foram colhidos. A quebra de produtividade é variável conforme a microrregião geográfica. No Alto da Serra do Botucaraí e no Centro-Serra, a redução é de 65%; no Baixo Vale do Rio Pardo, 40%, ambas partindo da expectativa inicial de 98 sacas por hectare. Nesta última microrregião, resta semear metade da área destinada ao cereal.
Os agricultores aguardam a reposição de umidade nos solos para realizar a semeadura, principalmente em sucessão ao tabaco. O período indicado pelo zoneamento agrícola encerra-se em 20 de janeiro.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, o preço médio da saca de milho passou de R$ 92,32 para R$ 94,40, variação de +2,25%.
Fonte: Emater-RS