As cotações da soja, em Chicago, reagiram um pouco durante esta semana, na esteira do relatório de oferta e demanda, divulgado pelo USDA, no dia 11/04. Com isso, o grão fechou, para o primeiro mês cotado, em US$ 15,01/bushel no dia 13/04 (quinta-feira), contra US$ 14,92 uma semana antes.
Na prática, o relatório trouxe poucas novidades. Ele manteve a última colheita estadunidense em 116,4 milhões de toneladas, e os estoques finais em 5,72 milhões. A produção mundial, todavia, foi reduzida para 369,6 milhões de toneladas (recuo de 5 milhões de toneladas sobre março), devido à enorme quebra de safra na Argentina. Mesmo assim, os estoques finais mundiais foram mantidos em 100,3 milhões de toneladas. Por outro lado, o relatório aumentou a estimativa da produção brasileira, para 154 milhões de toneladas, porém, reduziu a da Argentina para 27 milhões. Manteve as importações de soja, por parte da China, para 2022/23, em 96 milhões de toneladas. Com isso, a média de preços para o produtor de soja estadunidense foi mantida em US$ 14,30/bushel para o corrente ano comercial.
Por sua vez, na semana encerrada em 6 de abril, os EUA embarcaram 669.566 toneladas de soja, ficando dentro das expectativas do mercado. Assim, o volume total embarcado, no atual ano comercial, chegou a 46,1 milhões de toneladas, ou seja, 2% acima do registrado um ano antes.
Já na Argentina, o governo local permitiu que os exportadores de soja reprogramem seus embarques por 60 dias. Esta medida veio um dia após o lançamento de mais um “dólar soja”, fato já comentado no boletim anterior. A ideia é que estas duas medidas aumentem as exportações argentinas de grão, farelo e óleo, pois o vizinho país busca aumentar suas reservas em dólares para enfrentar uma inflação que supera 100% ao ano e, com isso, cumprir as metas acordadas com o FMI.
E no Brasil, puxados por um câmbio que veio a R$ 4,96 por dólar durante a semana, a partir de uma redução na inflação mensal de março, tanto no Brasil quanto nos EUA, o que indicaria a possibilidade de uma redução dos juros básicos, e também puxados por prêmios negativos nos portos brasileiros, os quais voltaram a superar um dólar por bushel em Paranaguá, os preços da soja recuaram novamente.
A média gaúcha fechou a semana em R$ 146,26/saco, porém, as principais praças do Estado operaram em R$ 145,00/saco. Nas demais praças brasileiras, onde a colheita é intensa, os preços oscilaram entre R$ 124,00 e R$ 134,00/saco, apenas.
Dito isso, a colheita da soja 2022/23, no país, até o dia 06/04 chegava a 82% da área nacional. (cf. AgRural) Especificamente no Rio Grande do Sul, Estado mais atrasado, a colheita atingia a 18% da área, contra 51% na média histórica, na mesma data.(cf. Emater) E a quebra da safra gaúcha vai se consolidando na medida em que a colheita avança. Não se descarta uma redução final de 50% em relação ao inicialmente esperado.
Já em termos de exportações, o Brasil alcançou a média diária de 947.200 toneladas na primeira semana de abril. Isso representa 56,9% acima da média diária de todo o mês de abril de 2022. Se o ritmo de embarques, registrado na primeira semana deste mês, permanecer até o final, o Brasil poderá exportar cerca de 17 milhões de toneladas de soja em abril, batendo novo recorde para o mês. (cf. Secex)
E no Paraná, segundo o Deral, a colheita da soja atingia a 94% da área no final de semana na Páscoa.
Enfim, espera-se que os prêmios nos portos brasileiros, a partir do segundo semestre, melhorem. Já há indicativos de prêmios positivos, havendo vendedor já apontando US$ 1,50/bushel positivo para setembro/outubro. Se o câmbio não recuar mais (ele está, hoje, em torno da paridade de poder de compra normal), a tendência é de preços mais firmes, para a soja brasileira, no segundo semestre do ano. Especialmente se, neste período, houver problemas com a nova safra dos EUA, a qual será colhida entre outubro e novembro próximos.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).