Embora o plantio de soja tenha tecnicamente encerrado, segue a preocupação dos produtores do Estado. Ocorreram algumas precipitações, mas, de modo geral, estas foram irregulares e de baixo volume, insuficientes para alterar o quadro de estiagem presente, a
não ser em algumas áreas onde as chuvas tiveram volumes satisfatórios. Estão em floração 47% da área, fase considerada crítica em relação à necessidade de água.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, estima-se que não haverá condições de umidade para o término do plantio em nenhum dos municípios. Contudo, em Maçambará, após o registro de chuvas volumosas, na quinta-feira (02), houve grande movimento de produtores realizando plantio e replantio de lavouras que apresentam problemas graves de estande. As perdas seguem aumentando na região, conforme as lavouras atingem a fase reprodutiva, e as precipitações continuam fracas e mal distribuídas.
Em Bagé, a estimativa de prejuízo da cultura já é de 20%. Os produtores que estabeleceram lavouras em áreas de coxilha relatam a completa paralisação no desenvolvimento das plantas, e houve morte nas situações mais extremas. O município que apresenta cenário mais favorável, Dom Pedrito, onde há 160.000 hectares plantados, foi novamente contemplado com bons volumes de chuvas, mantendo-se a expectativa de produtividade ainda próxima da estimada no início da safra bem como a leve reposição dos reservatórios de água utilizados para irrigação das lavouras. Muitos produtores já estão acionando o Proagro devido aos efeitos da estiagem sobre o desenvolvimento das lavouras; em várias áreas, há perdas de estande tão significativas que inviabilizam a continuidade do cultivo.
Na de Caxias do Sul, nos Campos de Cima da Serra, as precipitações vêm ocorrendo com maior regularidade, e as lavouras apresentam bom desenvolvimento e boa sanidade. Até o momento, mantém-se a expectativa inicial de rendimento para a safra. Na faixa oeste da região, as precipitações foram menores, e há perdas em virtude do déficit hídrico.
Na de Erechim, a área está totalmente implantada. Aproximadamente 20% das lavouras encontram-se em desenvolvimento vegetativo, 75% em fase de floração e 5% em enchimento de grão. As condições de clima, com sol forte, altas temperaturas e chuvas esparsas, nas duas últimas semanas, tornam a situação da cultura variada na região. Há áreas onde a cultura apresenta bom porte e intensa floração, enquanto, em outras, o porte
está reduzido, com sintomas de estiagem, acentuando as perdas.
Na de Frederico Westphalen, as chuvas fracas e irregulares permitiram que algumas áreas se recuperassem, mas outras ainda estão com porte pequeno, fraco desenvolvimento e abortamento de flores. O manejo de doenças encontra-se dentro do esperado, mas há atraso nas aplicações devido à baixa umidade do ar e às altas temperaturas.
Na de Ijuí, o desenvolvimento ainda é baixo em função da estiagem, que vem atingindo a região desde o início de dezembro de 2022. Nos municípios de Tenente Portela, Ibirubá e Salto do Jacuí, que foram beneficiados com pancadas de chuvas mais frequentes, a situação é um pouco melhor; a soja possui tamanho maior, e o potencial produtivo não foi comprometido. Nos demais municípios, em algumas localidades pouco expressivas, a situação é semelhante. Em maior parte da área de soja na região, os impactos variam conforme o volume de precipitações do período de desenvolvimento da cultura. Na de Pelotas, os produtores seguem o manejo fitossanitário de pragas e doenças.
Não houve relatos de ocorrência de ferrugem asiática da soja nem de outras pragas e doenças de relevância e impacto. As precipitações que ocorreram entre os dias 29/01 e 04/02 resultaram no retorno da umidade nos solos, viabilizando o encerrando dos plantios
na região e a retomada do desenvolvimento das plantas. Contudo, muitas lavouras de soja
apresentam estande de plantas com falhas e diferenças no desenvolvimento, decorrente dos efeitos da estiagem. Nas áreas semeadas, nesses últimos dias de janeiro de 2023, as lavouras estão com boa germinação e emergência, resultando em bom estande de plantas de soja estabelecidas. As áreas com maiores perdas, devido aos efeitos negativos da estiagem, são as lavouras de cultivares superprecoces e precoces respectivamente, plantadas no início da janela de semeadura. Essas cultivares estão em plena floração e formação de grãos, fase considerada muito sensível aos déficits de água. No momento, 42% das lavouras da região estão na fase de desenvolvimento vegetativo; 40%, em floração; e 18%, em formação de grãos.
Na de Santa Rosa, o plantio praticamente não avançou durante o período, com exceção de algumas comunidades onde as precipitações oportunizaram a semeadura. Na região, 33% das lavouras estão na fase vegetativa e 55% na reprodutiva. A condição do clima, durante a semana, acentuou os sinais de estresse hídrico na cultura, causando o murchamento da parte aérea das plantas várias horas do dia. De modo geral, observa-se a presença de populações significativas de tripes, inseto raspador-sugador de folhas, que contribui para a perda de água das plantas, acentuando o murchamento. Também são observadas manchas foliares de forma recorrente. Diante do acentuado stress hídrico que se encontra a cultura, os produtores vêm suspendendo os tratamentos fitossanitários, em especial de fungicidas, que, associados às altas temperaturas e à baixa umidade relativa do ar, deixam a cultura com maior sensibilidade à ocorrência de fitotoxicidade.
Na de Soledade, as chuvas da segunda metade da semana repuseram a umidade do solo em muitas lavouras da região, permitindo desenvolvimento normal. No entanto, há, também, áreas que apresentam estresse hídrico, pois não receberam as últimas chuvas, como é o caso dos municípios do Alto da Serra do Botucaraí e de alguns no Vale do Rio Pardo. Além disso, em áreas de solos rasos e de forte compactação, as lavouras apresentam estresse hídrico severo; as plantas estão apresentando aspecto de murchamento e queda acentuada de folhas. O clima seco que ocorre na região favorece a incidência de tripes e de ácaros, além da doença oídio, mas estão sendo monitorados e controlados. Com relação a lagartas e à ferrugem asiática, há baixa incidência na região.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja apresentou leve queda, passando de R$ 165,38 para R$ 164,31/sc, representando uma redução de 0,28% na semana.
Fonte: Emater RS – Informativo Conjuntural nº 1749 – 9 fev. 2023