A produtividade da soja pode ser impactada por uma variedade de fatores, tanto bióticos quanto abióticos, levando a possíveis perdas de produtividade. Proporcionar condições adequadas, de acordo com às exigências específicas da cultura, é importante para que a planta possa expressar seu máximo potencial produtivo e, assim, alcançar boas produtividades. Além da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas na lavoura, que competem por recursos essenciais do ambiente e, consequentemente, provocam perdas de produtividade, vários outros fatores exercem influência. Dentre eles, destacam-se as condições climáticas, o estresse hídrico, o desbalanço nutricional, bem como o preparo do solo e suas características estruturais.
Ao longo dos ciclos de cultivo, os solos agrícolas têm passado por transformações, sendo a compactação destacada como a principal causa dessas mudanças, principalmente devido ao tráfego intenso de tratores e máquinas agrícolas em condições inadequadas de manejo. Tal prática pode acarretar alterações significativas nas propriedades do solo, impactando sua estrutura e, consequentemente, afetando suas propriedades e a produtividade das culturas (Richart et al., 2005). De acordo com Beulter & Centurion (2004), solos compactados tendem a apresentar um volume reduzido de poros, prejudicando a infiltração e absorção de água. Além disso, tal compactação limita o crescimento e desenvolvimento das raízes das plantas, comprometendo a absorção de água e nutrientes do solo e, consequentemente, restringindo a produtividade da cultura.
Ao avaliar os parâmetros vegetativos e rendimento de grãos de soja em diferentes níveis de compactação de solo, Savioli et al. (2021) constataram que valores de densidade do solo de 1,3 g cm-3 ou superiores, limitaram o desenvolvimento geral da cultura. Esses níveis de compactação do solo, também impactaram os níveis de rendimento de grãos da soja, evidenciando as implicações negativas de camadas compactadas no perfil do solo.
Figura 1. Vista das raízes de acordo com os tratamentos T1, T2, T3, T4 e T5, representando respectivamente (da direita para esquerda) as densidades 1,1; 1,2; 1,3; 1,4 e 1,5 g cm-3.

Resultados obtidos por Matté et al. (2021) ao avaliar a absorção de nutrientes da soja em diferentes níveis de compactação do solo, indicaram que a compactação do solo promoveu alterações na absorção e concentração de nutrientes como o fósforo (P), potássio (K) e magnésio (Mg) nas plantas de soja em estádio R1. Os pesquisadores observaram um acréscimo nos teores de P e K, ao mesmo tempo que ocorreu uma redução no teor de Mg com o aumento da compactação. Essas mudanças foram atribuídas ao maior contato entre solo e raiz devido ao confinamento das raízes na camada superior do solo compactado.
Com base em pesquisas realizadas por Girardello et al. (2014), foi estabelecido que o valor crítico de resistência à penetração em um Latossolo Vermelho é de 3,0 MPa. A partir desse ponto crítico, foi observada uma redução de 10% na produtividade da soja. Além disso, constatou-se que pequenos incrementos na resistência à penetração resultaram em uma diminuição acentuada na produtividade da soja, atingindo uma redução de 38% quando a resistência atingiu 5,0 MPa.
Figura 2. Produtividade da cultura da soja em função da resistência da penetração, determinada após o manejo da cultura de cobertura e classificada de acordo com Arshad et al. (1996), em Latossolo Vermelho na safra de 2008/09, muito alta.

Diante dos impactos significativos que a compactação do solo pode ocasionar, torna-se fundamental a adoção de práticas de manejo que visem minimizar esses efeitos. Controlar o tráfego de máquinas na área de cultivo é essencial, reduzido a pressão aplicada ao solo e, somente entrando na área sob condições de solo adequadas para realização de operações.
Melhorar as propriedades do solo é essencial, e práticas de manejo como o uso de plantas de cobertura e a rotação de culturas, com a inserção de culturas que possuem sistema radicular mais agressivo, são estratégias interessantes. Essas práticas contribuem para reduzir a compactação do solo, promovendo a aeração, aumentando o teor de matéria orgânica e melhorando a capacidade de retenção de água e disponibilidade de nutrientes. Adotar tais medidas é importante para preservar a qualidade do solo, bem como para a sustentabilidade e produtividade a longo prazo das áreas de cultivo.
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Referências:
BEULTER, A. N.; CENTURION, J. F. COMPACTAÇÃO DO SOLO NO DESENVOLVIMENTO RADICULAT E NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 6, p. 581-588. Brasília – DF, 2004. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/240767725_Compactacao_do_solo_no_desenvolvimento_radicular_e_na_produtividade_da_soja >, acesso em: 17/11/2023.
GIRARDELLO, V. C. et al. RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO, EFICIÊNCIA DE ESCARIFICADORES MECÂNICOS E PRODUTIVIDADE DA SOJA EM LATOSSOLO ARGILOSO MANEJADO SOB PLANTIO DIRETO DE LONGA DURAÇÃO. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2014. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/GL9npmLBjc5x5wY8zdVtCWS/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 17/11/2023.
MATTÉ, M. F. et al. ABSORÇÃO DE NUTRIENTES DA SOJA SOB NÍVEIS DE COMPACTAÇÃO. Research, Society and Development, v. 10, n. 16, 2021. Disponível em: < https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/23515/20694/281599 >, acesso em: 17/11/2023.
RICHART, A. et al. COMPACTAÇÃO DO SOLO: CAUSAS E EFEITOS. Ciências Agrárias, v. 26, n. 3, p. 321-343. Londrina – PR, 2005. Disponível em: < https://www.redalyc.org/pdf/4457/445744077016.pdf >, acesso em: 17/11/2023.
SAVIOLI, M. R. et al. COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA SOB DIFERENTES NÍVEIS DE COMPACTAÇÃO DO SOLO. Acta Uguazu, v. 10, n. 2, p. 1-12. Cascavel – PR, 2021. Disponível em: < https://e-revista.unioeste.br/index.php/actaiguazu/article/download/26312/17560/104262 >, acesso em: 17/11/2023.
Foto Capa: Henrique Debiasi.
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