O mês de março, ao contrário do mês de fevereiro, foi um mês bastante normal para a agricultura de verão no Brasil. A soja foi colhida mais normalmente, o milho safrinha foi todo plantado no centro oeste, com raras exceções, os embarques de soja foram grandes. Só continuamos sim com a preocupação climática para o milho da 2ª safra, principalmente em face das notícias de prováveis períodos grandes de estiagem.

A soja foi bem colhida, e estimamos que a nível Brasil ao redor de 70% das lavouras estavam já liquidadas.  Já embarcamos este ano 16,204 milhões de toneladas, o que não é um recorde, já que no ano anterior tínhamos embarcado 17,038 milhão de toneladas.

Todavia o porto de Santos bateu um recorde, embarcando este ano 5,4 milhões contra o ano passado de 3,79 milhão, sem prejudicar o embarque de farelo de soja que normalmente sai. A China seguiu sua participação média de 72%, embarcando 11,6t milhões de toneladas, que também não é um recorde, pois ano passado embarcou no mesmo período 12,5 milhões. Os preços FOB estão girando ao redor de USD400,00, com um valor médio da bolsa em Chicago de USD14,10 cents por Bu.

Deveremos atingir um montante de exportações de 86 milhões de toneladas este ano, contra os 82 do último ano. As expectativas de produção estão ao redor de 135 milhões de toneladas, o que nos deixa com um montante de 49 milhões para consumo no mercado interno, o que é suficiente para nos atender.

A preocupação maior é que o mundo acelere importações, já que os estoques mundiais estão muito baixos. Vai depender muito da safra americana que logo começa a ser plantada.

A situação do milho ainda é extremamente delicada. A 2ª safra no MT ainda  é uma dúvida, pois foi plantada bastante tardiamente, e  esta se prevendo veranicos entre Abri e Maio. Mesmo assim a Conab possui uma produção anual de 108 milhões de toneladas, o que a nosso ver poderá não acontecer.

O mercado tem a mesma indicação, e como havíamos previsto o milho em São Paulo bateu nos primeiros dias de Abril R$ 100,00 o saco, o que nos parece ser um recorde histórico.

O governo estuda abrir em breve mais uma quota de importação fora  do MERCOSUL, já que a situação do Paraguai e Argentina também não é boa. O mercado de carnes esta pressionando muito.

Todavia o milho esta caro no mercado internacional. Os pequenos embarques realizados em Março, já trabalham com preços FOB de USD 200,00 a tonelada, enquanto o ano anterior operamos com um preço médio anual de USD 142,00.

Estoques americanos muito baixos, aliás, o que não era visto há bastante tempo, o que nos deixa muito claro que os patamares de preço para este ano serão muito altos no mundo.

O consumidor de milho no Brasil ainda não entendeu que aquela cultura que existia no passado, aonde o  produtor rural pedia para alguém comprar seu milho, mudou. O crescimento do mercado de proteínas animais, bem como, a produção de Álcool de milho, combinados com a abertura dos novos portos da calha norte, realmente trouxe a tona uma nova realidade.  É muito difícil acreditar que há poucos anos o produtor do MT ficava implorando para a CONAB comprar seu milho preço mínimo. Aliás, alguém sabe qual o valor de preço mínimo para o milho hoje?

A indústria terão que melhor planejar suas compras, logística e lembrar que o produtor não vai mais “bancar” o estoque. Acabou  a compra “da mão para a boca”

Com relação ao trigo, o  Brasil importou este ano até o final de março, 1,7 milhões de toneladas, o que é bastante normal. As importações vêm basicamente da Argentina (87%), Uruguai (6%) e Paraguai (6%). Apenas 1% foi importado dos Estados Unidos.

Todavia o que nos impressionou é o volume de exportações. Nos últimos três anos o Rio Grande do Sul exportou ao redor de 520 mil toneladas anuais, de trigo bom, para ser utilizado no consumo humano, ao contrário do que acontecia no passado, quando só se exportava trigo para ração.

Os maiores importadores foram: Vietnã (142 mil ton), Arábia Saudita (141 mil ton), Indonésia (57 mil ton), Palestina (55 mil ton), Marrocos (45 mi ton), Tailândia (64 mil ton), Coréia do Sul (63 mil ton). Surpresa, vendo países do oriente médio comprar trigo no Brasil, pois no passado só compravam da França.

Isso a nosso ver “derruba” um pouco da vontade dos produtores de carne usar o trigo para ração no mercado interno, pois tem um preço médio de exportação de USD222,00 por tonelada.

Fonte: MB Comunicação (adaptação), disponível no Portal do Sistema Fecoagro

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