Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações da soja em Chicago, nesta semana em que houve um feriado nos EUA, oscilaram fortemente, demonstrando o alto grau especulativo do mercado e a busca por um rumo mais claro. O primeiro mês cotado, que chegou a voltar aos níveis de US$ 14,51/bushel no dia 02/07, despencou no dia seguinte, atingindo limites de baixa e fechando em US$ 13,63. Posteriormente o mercado subiu um pouco, fechando a quinta-feira (08) em US$ 13,90/bushel, contra US$ 14,46 uma semana antes.

Passado o período dos relatórios, embora neste próximo dia 12/07 tenhamos o tradicional relatório mensal de oferta e demanda, o mercado se concentra no comportamento do clima nas regiões produtoras dos EUA. Em princípio, nestes próximos dias haverá chuvas melhor distribuídas nestas regiões, embora haja preocupação em relação a região oeste do Cinturão produtivo. Além do clima, acompanha-se de perto o movimento de demanda da China, que neste ano está mais reduzido em relação a soja dos EUA.

Por sua vez, as condições das lavouras estadunidenses, até o dia 04/07, apresentavam 59% em condições entre boas a excelentes, com recuo de um ponto percentual em relação a semana anterior. No ano passado, nesta época, eram 71% nestas condições. Outras 30% estavam regulares e 11% entre ruins a muito ruins. Cerca de 29% das lavouras, neste início de julho, estavam em floração, contra 24% na média histórica para esta data.

Por outro lado, na semana encerrada em 1º de julho os EUA embarcaram 206.152 toneladas de soja, ficando dentro das projeções do mercado. Em todo o atual ano comercial os EUA já exportaram 57,45 milhões de toneladas de soja, ou seja, 54% acima do que o registrado um ano antes.

Enquanto isso, na Argentina, os produtores locais venderam 23,7 milhões de toneladas de soja na safra 2020/21. Neste ano as vendas de soja estão mais lentas no vizinho país. A safra total de soja na Argentina, neste último ano, foi de 43,5 milhões de toneladas, registrando quebras devido ao clima (o USDA aponta 47 milhões de toneladas). Lembrando que a Argentina é o maior exportador mundial de farelo de soja, destinado às rações animais.

E aqui no Brasil, puxados especialmente por uma nova desvalorização do Real, motivada pelo ambiente político conturbado no país, onde a CPI da Vacinação vai mostrando preocupantes questões ligadas a prevaricação e corrupção no atual governo federal, os preços da soja se recuperaram um pouco na semana. No início da quintafeira (08) o Real trabalhava a R$ 5,27 por dólar, contra valores entre R$ 4,90 e R$ 5,00 na semana anterior. Assim, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 150,15/saco, enquanto as praças de referência trabalhavam com um valor de R$ 147,00/saco. Já nas demais praças nacionais o preço da soja oscilou entre R$ 141,00 e R$ 151,00/saco. Por enquanto, parte das perdas registradas na segunda quinzena de junho acabaram sendo recuperadas nesta semana.

Em termos de projeção de preços, tomando-se Chicago em novos níveis de preços, ao redor de US$ 12,50/bushel; prêmio negativo na safra (se ela vier cheia); e câmbio em R$ 4,90 em março/abril do próximo ano, poderemos ter preços médios da soja ao produtor gaúcho, naquela época, entre R$ 110,00 e R$ 120,00/saco. Algo que se esperava, fosse ocorrer nesta última safra, porém, não se confirmou devido aos fatores já conhecidos. Lembrando que este é apenas um exercício de projeção a partir da realidade atual e suas tendências, podendo as variáveis em jogo, especialmente Chicago e câmbio, modificarem totalmente o quadro, para cima ou para baixo, até o momento da colheita de nossa futura safra.

Por outro lado, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) atualizou as estatísticas mensais do complexo soja no Brasil e as projeções para a safra atual. Segundo ela, o país poderá atingir o recorde de 86,7 milhões de toneladas de grãos de soja exportados neste ano, com alta de um milhão de toneladas sobre o ano anterior. Segundo a Anec, no primeiro semestre deste ano o Brasil exportou pouco mais de 60 milhões de toneladas de soja. Em termos de trituração, o volume projetado atingiria 46,5 milhões de toneladas, esperando-se que a mistura de biodiesel ao diesel de petróleo volte aos 13% (B13). Por enquanto, até maio o esmagamento de soja caiu 3% no país, neste ano, em comparação ao ano anterior, devido a redução para 10% na mistura do biodiesel ao diesel de petróleo.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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