Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações da soja em Chicago subiram bem nesta primeira semana de junho. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (04) em US$ 8,67/bushel, contra US$ 8,47 uma semana antes. A média de maio ficou em US$ 8,42, contra US$ 8,43/bushel em abril. Lembrando que em maio de 2019 a média havia sido de US$ 8,30/bushel. A cotação deste dia 04/06 foi a mais elevada desde o último dia de março passado.

Apesar da instabilidade política entre EUA e China, a qual ameaça comprometer os acordos comerciais entre os dois países, o mercado não cedeu nesta semana. Os fatores altistas foram mais importantes aos olhos dos operadores em Chicago, pelo menos por enquanto.

Neste contexto, chamou a atenção este movimento de sustentação das cotações porque noticiou-se que o governo chinês teria instruído empresas estatais chinesas a parar de comprar grãos de soja e carne suína dos EUA, em retaliação a uma decisão de Donald Trump de encerrar o status especial de Hong Kong, que lhe permite avançar como um centro de comércio e finanças mundial. Entretanto, esta informação foi rapidamente desmentida pelo governo chinês.

Por sua vez, nem mesmo a redução nas exportações líquidas semanais de soja exerceram pressão baixista. De fato tais exportações registraram um volume de 644.300 toneladas na semana encerrada em 21/05, representando um recuo de 29% sobre a média das quatro semanas anteriores. Todavia, a China voltou a liderar as compras, chegando a 192.400 toneladas na semana, fato que confortou o mercado. Para o ano de 2020/21 mais 203.000 toneladas foram exportadas. Com isso o somatório dos dois anos ficou dentro do esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação de soja, por parte dos EUA, chegaram a 396.387 toneladas, na semana encerrada em 28/05, ficando abaixo do esperado pelo mercado.

Ao mesmo tempo, o plantio da soja nos EUA, apesar de ter atingido a 75% da área esperada em 31/05, foi considerado lento pelo mercado, que esperava 79% da área. Mesmo assim, tal plantio está acima da média histórica, que registra 68% semeado até o final de maio.

O quadro mais favorável às cotações no final da semana veio igualmente com a elevação nos preços do petróleo e o recuo no valor do dólar, fato este que deixa a soja estadunidense mais competitiva no cenário internacional.

Enfim, o mercado está apostando em uma retomada, mesmo que lenta, da economia mundial após o auge da pandemia do coronavírus Covid-19. Esse processo já começou na China e na Europa, assim como lentamente nos EUA.



Vale ainda destacar que no próximo dia 11/06 o USDA divulgará seu relatório de oferta e demanda mensal, atualizando as projeções da nova safra estadunidense e mundial, ano 2020/21.

Por sua vez, a colheita de soja na Argentina, até o dia 28/05, atingia a 95% da área semeada, contra 88% na mesma época do ano passado.

Aqui no Brasil, os preços recuaram fortemente na esteira de uma significativa revalorização do Real. A moeda nacional chegou a bater em R$ 5,06 durante a semana, se aproximando do rompimento com o piso dos R$ 5,00. Com isso, o saco de soja no balcão gaúcho recuou para R$ 97,36 na média semanal, enquanto os lotes ficaram entre R$ 102,00 e R$ 102,50/saco.

Em relação ao balcão, o preço gaúcho recuou R$ 1,59/saco em comparação à semana anterior, lembrando que duas semanas atrás o balcão gaúcho registrou preço médio de R$ 101,53/saco. Nas demais praças nacionais os lotes registraram os seguintes valores médios, no final desta primeira semana de junho: R$ 98,50/saco no norte e centro do Paraná; R$ 89,00 em Sorriso e Sinop (MT); R$ 88,00 em São Gabriel (MS); R$ 95,00 em Goiatuba (GO); R$ 105,00 em Campos Novos (SC); R$ 91,00 em Pedro Afonso (TO); e R$ 93,00/saco em Uruçuí (PI).

Os prêmios melhoraram bastante, se fixando entre US$ 0,88 e US$ 1,40/bushel no final desta primeira semana de junho, já refletindo aspectos externos, como a possibilidade de a China voltar a comprar com mais interesse a soja brasileira, assim como a entressafra nacional na medida em que as exportações estão bem mais avançadas neste ano do que no ano passado. Esta alta nos prêmios compensou parcialmente a revalorização do Real na formação do preço final ao produtor brasileiro.

As exportações brasileiras de grãos de soja, nos cinco primeiros meses do ano, fecharam em 49,2 milhões de toneladas, representando 63% do total esperado para todo o ano. No mesmo período do ano passado as vendas externas atingiam a 35,2 milhões de toneladas. Portanto, o país já exportou 14 milhões de toneladas a mais neste ano em relação ao ano passado. (cf. Safras & Mercado)


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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