Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações da soja se recuperaram durante esta semana de quarentena geral devido ao coronavírus Covid-19. O bushel do produto, em Chicago, chegou a bater em US$ 8,86 para o primeiro mês cotado, voltando aos níveis do início do mês. O fechamento desta quinta-feira (26) ficou em US$ 8,80, contra US$ 8,43/bushel uma semana antes.

As altas iniciaram devido a ajustes técnicos em função das cotações terem caído muito anteriormente. Ao mesmo tempo, somou-se a paralisação da Argentina, maior exportador mundial de farelo de soja. Com isso, a tonelada curta do farelo em Chicago disparou para US$ 333,60 no dia 23/03, preço que não se via desde o início de agosto de 2018. O óleo, que vinha caindo fortemente, também se recuperou, subindo 4,6% entre os dias 19 e 25 de março.

De fato, o esmagamento na Argentina encontra problemas, pela redução no abastecimento das indústrias esmagadoras locais, devido a paralisia do país em função do coronavírus, sendo que muitas indústrias estariam recebendo apenas metade dos grãos necessários. (cf. Safras & Mercado)

Além disso, o petróleo subiu um pouco no mercado mundial, puxando as demais commodities.

Por outro lado, as exportações líquidas estadunidenses de soja, para o ano 2019/20, iniciado em 1º de setembro, somaram 631.600 toneladas na semana encerrada em 12/03. Isso representa 71% acima da média das últimas quatro semanas. Para 2020/21 foram mais 69.600 toneladas. A soma destes dois volumes ficou no limite superior da expectativa do mercado.

Já as inspeções de exportação de soja nos EUA somaram a 570.642 toneladas na semana encerrada em 19/03, ficando um pouco acima do esperado pelo mercado. No acumulado do ano, iniciado em 1º de setembro, o volume chegou a 31,2 milhões de toneladas, contra 28,6 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior.

Enfim, o mercado espera com expectativa os relatórios de intenção de plantio e dos estoques trimestrais na posição de 1º de março, previstos para o dia 31/03. As cotações entrarão em um novo patamar, provavelmente, após o anúncio. Tal patamar, se a intenção de plantio indicar aumento importante de área, pode ser um novo recuo nas cotações. Fala-se em 34 milhões de hectares a serem semeados nos EUA neste ano.



No Brasil, com o câmbio se mantendo acima dos R$ 5,00 por dólar durante a semana, e a alta em Chicago, os preços voltaram a subir. Assim, o saco de soja no balcão gaúcho bateu, na média da semana, em R$ 88,52, enquanto os lotes giraram entre R$ 95,00 a R$ 95,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 80,00/saco em Sinop e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 96,00 em Campos Novos (SC), passando por R$ 93,00 no centro e norte do Paraná; R$ 80,50 em São Gabriel (MS); R$ 85,00 em Goiatuba (GO); R$ 85,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 87,00 em Uruçuí (PI).

Os prêmios se mantiveram estáveis no Brasil, terminando a semana entre US$ 0,35 e US$ 0,64/bushel.

Enfim, a colheita de soja no Brasil, até o dia 20/03, chegou a 68% do total da área, estando no mesmo nível do ano passado e contra 65% da média histórica. No Rio Grande do Sul a colheita atingia a 19%, contra 14% na média; no Mato Grosso a colheita estava praticamente encerrada; no Paraná atingia 80%, contra 75% na média; e Goiás chegava a 84%, estando dentro da média histórica. (cf. Safras & Mercado)

No Rio Grande do Sul a quebra de safra só aumenta, com o Estado completando um mês sem praticamente nenhuma chuva, afora a situação complicada em muitas regiões que já vem desde a segunda quinzena de dezembro passado. Além da quebra, a qualidade do que está sendo colhido, de forma geral, é ruim, com o grão com pouco peso.

Nestas condições, em relação ao esperado, o Estado gaúcho terá uma perda de 9,5 milhões de toneladas. A mesma leva a crer que a safra brasileira, portanto, ficará entre 116,5 e 118,5 milhões de toneladas e não mais nos 126 milhões ultimamente estimados.

Assim, enquanto durar a pandemia, e o câmbio permanecer no Brasil neste patamar, o mercado continuará com preços firmes. Porém, por volta de meados do ano, talvez antes, este cenário deve mudar, com a situação geral voltando ao normal, fato que deve puxar os preços para baixo. Especialmente se nos EUA a safra de verão encontrar clima favorável.


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CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

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