Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, oscilaram pouco durante a semana, com a quinta-feira (24) fechando em US$ 7,48/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 7,54 uma semana antes.
O mercado igualmente espera os relatórios de intenção de plantio e de estoques trimestrais, posição 1º de março, que deverão ser divulgados pelo USDA no próximo dia 31/03. Para o plantio, o mercado está esperando uma redução de área com milho nos EUA nesta nova safra.
Analistas privados estadunidenses estão projetando uma área de milho de 37 milhões de hectares, contra 37,8 milhões semeados no ano anterior. Para a soja a projeção privada é de 35,8 milhões de hectares, contra os 35,3 milhões realizados no ano anterior. Já para o trigo a expectativa é de que o plantio se dê sobre 19,2 milhões de hectares, contra 18,9 milhões efetivamente semeados no ano anterior. (cf. IHS Markit Agribusiness)
Por sua vez, os EUA embarcaram 1,5 milhão de toneladas de milho na semana encerrada em 17/03. Com isso, o total exportado no atual ano comercial chega a 27,4 milhões de toneladas, contra 32 milhões no mesmo período do ano anterior.
E no Brasil, as cotações do milho cederam durante a semana na maioria das praças nacionais. A média gaúcha fechou a semana em R$ 94,47/saco, enquanto nas demais praças nacionais o preço do cereal oscilou entre R$ 78,00 e R$ 97,00/saco. Já na B3, o contrato maio iniciou a quinta-feira (24) valendo R$ 97,70/saco, enquanto julho estava em R$ 95,77, setembro em 95,04 e novembro em R$ 97,21/saco.
Vale destacar que entre os dias 25/02 e 18/03 o preço do milho, no porto de Paranaguá (PR), subiu 17,4%, puxado pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pelas perdas na safra de verão brasileira. Somou-se a isso, também, a possibilidade de o governo argentino reduzir as exportações do cereal, atingido pela seca neste ano, visando segurar os preços internos mais baixos. (cf. Cepea)
Aqui no Rio Grande do Sul, a colheita do milho de verão chegou a 68% da área total no final da semana anterior, contra 56% na média histórica para esta data. A produtividade média continua em 57,1 sacos/hectare, ou seja 53% abaixo do esperado inicialmente. O retorno das chuvas melhorou a situação de 15% das áreas semeadas mais tardiamente com o cereal. (cf. Emater)
Por sua vez, o plantio da safrinha de milho brasileira atingia a 98% da área esperada no Centro-Sul do país, até o início da corrente semana. As chuvas estão mantendo uma projeção de produção normal para este ano. Tanto é verdade que 95% das lavouras semeadas apresentam boa qualidade e 5% uma qualidade média. (AgRural)
No Mato Grosso, a área semeada atingia a 99,3% nesta semana, sendo que a maior preocupação, que é de todo o país produtor, se encontra no aumento dos custos de produção. No caso do Estado mato-grossense o custeio da safra subiu 35,5% neste ano, em comparação ao ano anterior. Somente os fertilizantes e corretivos subiram 52,6% sobre a safra passada. Desse modo, o produtor mato-grossense precisará comercializar o cereal a um preço mínimo de R$ 30,07 o saco para cobrir o seu custeio do ciclo 2022/23. (cf. Imea) Depois, ainda será preciso acrescentar os custos fixos neste cálculo.
Já no Paraná, 80% da safra de verão estão colhidos, com uma quebra de 40% na produção inicialmente esperada. O plantio da safrinha alcançava 94% da área no início desta semana, com a área total a ser semeada, nesta segunda safra, projetada em 2,63 milhões de hectares. (cf. Deral)
E no Mato Grosso do Sul, até o dia 18/03, a semeadura da safrinha atingia a 82% da área esperada, contra 90% na média histórica. Já o preço médio do saco de milho recuou nesta semana, ficando em R$ 89,63. No ano passado, nesta época, o mesmo registrava a média de R$ 74,58, contra R$ 89,09 da média do atual mês de março. Cerca de 26% da nova safrinha já teria sido negociada antecipadamente pelos produtores sul-matogrossenses. (cf. Famasul)
Enfim, em termos de exportação, a Anec projeta um volume de 110.000 toneladas para março. Enquanto isso, segundo a Secex, o Brasil exportou 12.033 toneladas de milho nos 13 primeiros dias úteis de março, ficando o acumulado do mês em apenas 3,15% do total exportado em todo o mês de março de 2021. Assim, em termos de média diária exportada, houve um recuo de 92,7% em relação a março do ano passado. Por outro lado, o preço por tonelada subiu 39,1% no período, saindo dos US$ 254,30 no ano passado, para US$ 353,80 neste mês de março.
Por sua vez, o Brasil importou 36.941 toneladas de milho nos 13 primeiros dias úteis de março. Com isso, a média diária ficou 42,5% menor do que a registrada em março de 2021. O valor da tonelada importada subiu 37,1% no período, passando de US$ 184,70 para US$ 253,10. (cf. Secex)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).