Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do trigo em Chicago acabaram recuando bastante nesta semana, com o fechamento do dia 12/11, para o primeiro mês cotado, ficando em US$ 5,88/bushel, contra US$ 6,09 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA não trouxe grandes novidades para o mercado deste cereal. Assim, para o ano 2020/21 o mesmo apresentou os seguintes números:

  1. A produção dos EUA foi mantida em 49,7 milhões de toneladas e os estoques finais praticamente não se alteraram ficando em 23,9 milhões de toneladas;
  2. O preço médio aos produtores estadunidenses, para o ano, fica em US$ 4,70/bushel, sem alteração em relação a outubro e um pouco acima dos US$ 4,58 do ano anterior;
  3. A produção da Argentina foi reduzida para 18 milhões de toneladas, enquanto a brasileira ficou estimada em 6,6 milhões de toneladas;
  4. A produção mundial de trigo ficou em 772,4 milhões de toneladas, quase sem recuo em relação a outubro, enquanto os estoques finais mundiais ficam em 320,4 milhões, com um recuo de um milhão em relação a outubro.

Dito isso, o plantio do trigo de inverno nos EUA atingiu 93% da área esperada, contra 91% na média histórica. As condições das lavouras semeadas atingiam a 17% entre ruins a muito ruins, 38% regulares e 45% entre boas a excelentes.

Por sua vez, em Congresso da cadeia mundial do trigo, realizado neste início de novembro, o sentimento é de que o ano foi fora da curva, onde os preços subiram ao mesmo tempo em que a produção também subiu. Como nas demais commodities, a pandemia do Covid-19 vem sendo indicada como uma das responsáveis principal deste fato. Ao mesmo tempo, no Brasil, a forte desvalorização do Real tornou a importação muito cara, ajudando a elevar o preço interno aos produtores e levando a um aumento dos preços dos derivados aos consumidores, aumento este que ainda não foi repassado suficientemente aos mesmos. Outra conclusão foi de que a Rússia se tornou formadora de preço no mercado mundial do trigo.

Ao mesmo tempo, informou-se que a produção da Argentina irá ser menor do que o esperado, devendo ficar mesmo em 16,7 milhoes de toneladas, contra 22 milhões inicialmente indicados, sendo que até o dia 05/11 a colheita atingia a 6,1% da área. No Canadá, com a colheita encerrada, a produção apresentou um rendimento 45% maior do que a média dos últimos 10 anos. São 3.550 quilos/hectare, enquanto as exportações canadenses devem ficar em 25 milhões de toneladas.



Por sua vez, as exportações de trigo dos EUA para a América do Sul, entre janeiro e outubro do corrente ano, atingiram a 2,25 milhões de toneladas, com o Brasil participando com 32% deste total. As exportações de trigo dos EUA para o Brasil aumentaram 91% em relação ao ano passado, chegando a 721.000 toneladas. Para 2021 os EUA esperam aumentar em 84% as vendas de trigo para o Brasil.

Já o Paraguai espera um plantio de 400.000 hectares de trigo, com produção estimada em 1,18 milhão de toneladas para 2021, com o Brasil comprando 222.000 toneladas. Entre 2005 e 2020 a área cultivada de trigo no Paraguai cresceu 26%, embora nos últimos cinco anos a mesma tenha recuado em 12%. O vizinho país espera exportar 580.000 toneladas de trigo em 2021. Enquanto isso, na Rússia, para o próximo ano, são esperadas 83 milhões de toneladas colhidas e 39 milhões exportadas, o que torna o país o maior exportador mundial de trigo na atualidade.

Na União Europeia houve recuo de 10 milhões de toneladas nas exportações do bloco em 2020, sendo que a área semeada também diminuiu. Os europeus comemoram exportações de 1,5 milhão de toneladas para a China. Enfim, o Uruguai espera colher 776.000 toneladas de trigo neste ano, sendo que para 2021 pode haver um recuo de 2% neste volume, pois a área semeada deve cair em 8%, ficando em 217.000 hectares. O Brasil foi o destino de 82% do volume exportado em trigo pelo Uruguai, alcançando 240.000 toneladas. Para esta safra 2020/21 a expectativa é de preços médios ao redor de US$ 203,00/tonelada, representando 19% acima do registrado no ano anterior.

Caso a Argentina confirme a produção de 16,7 milhões de toneladas, a mesma será a menor dos últimos cinco anos segundo a Bolsa de Cereais de Rosário. A seca foi muito forte no vizinho país, causando uma quebra considerável em relação ao esperado como já frisamos neste comentário.

No Brasil, os preços se mantiveram firmes, com a média gaúcha no balcão fechando a semana em R$ 83,50/saco, enquanto no Paraná os preços oscilaram entre R$ 76,00 e R$ 77,00/saco.

Enfim, com a colheita praticamente encerrada no Paraná, o Rio Grande do Sul registra quase 90% da área colhida neste momento, com o registro de uma quebra média ao redor de 30%, havendo regiões, como a de Santa Rosa, com quebras ao redor de 50% em relação ao esperado, embora a qualidade dos grãos colhidos venha sendo boa.

Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.