As exportações de algodão brasileiro no ano comercial 2024/25 bateram novo recorde histórico. De agosto de 2024 a julho de 2025, o País embarcou 2,83 milhões de toneladas de pluma, 6% a mais que as 2,68 milhões de toneladas de 2023/24. Com isso, o Brasil repete o título de maior exportador mundial e reafirma o êxito do programa Cotton Brazil, criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em 2020 em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), e apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA).
Com eventos presenciais técnicos, intercâmbios comerciais e um escritório avançado em Singapura, o Cotton Brazil promove o produto brasileiro em escala global, intensificando as relações entre quem produz algodão no Brasil e quem o compra na Ásia. “Crescemos em praticamente todos os países prioritários. Esse é um sinal muito positivo de que a estratégia adotada dá resultados concretos. Se a meta é sermos o principal exportador, precisamos manter e ampliar nossas ações”, analisa o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli.
A nação que mais ampliou o volume de compras de algodão brasileiro no ano comercial 2024/25 foi a Índia, que tem a segunda maior indústria têxtil do mundo. O crescimento foi de 1.777% em relação ao ciclo anterior (2023/24). O Egito, que começou a importar do Brasil somente em 2023, aumentou os pedidos em 332%, seguido pelo Paquistão (200%).
A única exceção foi a China. Maior importadora mundial de pluma no ciclo 2023/24, a nação reduziu em 65% as compras de algodão em todo o mundo nesta temporada, incluindo do Brasil. Segundo analistas, a boa safra chinesa contribuiu para essa redução.
Estratégia
rescimento nas vendas aos países considerados prioritários pode ser explicado pela estratégia adotada pela Abrapa com o Cotton Brazil. Em 2024, o programa intensificou sua presença global. Foram realizadas nove missões internacionais, sendo cinco na Ásia, três na Europa e uma no Brasil (a Missão Compradores, em que grupos de importadores visitam fazendas, algodoeiras, laboratórios e escritórios brasileiros). Além disso, a agenda de reuniões técnicas do programa percorreu 16 países, entre os quais China, Índia, Vietnã, Turquia, Egito e Bangladesh.
A participação em eventos internacionais setoriais também contribuiu para estreitar as relações com indústria têxtil, empresas varejistas e governos. Neste ano, o programa Cotton Brazil já percorreu Índia e Paquistão em fevereiro, Inglaterra, Bélgica e Estados Unidos em abril, China e Coreia do Sul em maio e Turquia em junho. Em julho, foi a vez do Brasil receber delegações de compradores, industriais, executivos, produtores e ambientalistas da Austrália, Bangladesh, China, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Grécia, Índia, Inglaterra, Israel, Paquistão, Suíça, Turquia, Uzbequistão e Vietnã.
“Criar essa rede de contatos nos principais países compradores é fundamental para entendermos as necessidades da indústria e construirmos confiança. Ao mesmo tempo, trazemos esses parceiros para o Brasil para conhecerem de perto a qualidade da nossa produção e as inovações que estamos implementando. Essa troca é essencial para evoluirmos juntos e entregarmos o que o mercado espera”, afirma Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa.
Principais destinos
O Vietnã liderou a importação de algodão brasileiro em 2024/25, respondendo por 532,5 mil toneladas, ou 19% do total importado. Em segundo lugar, ficou o Paquistão, com 494,1 mil toneladas importadas e 17% de participação. A China veio em terceiro lugar, com 458,9 mil toneladas adquiridas e 16% de participação.
Coordenador do programa Cotton Brazil a partir do escritório avançado em Singapura, Duarte explica que os resultados obtidos no ano comercial 2024/25 confirmam o crescimento sólido da cotonicultura brasileira. “Estamos ampliando mercado em todos os países compradores. Essa diversidade de nações nos dá mais autonomia e mostra que ainda temos potencial para crescermos”, observa o executivo. Em termos de faturamento, as exportações brasileiras totalizaram US$ 4,8 bilhões, 6% a menos que em 2023/24.
“Ultrapassamos o patamar louvável dos US$ 4 bilhões, o que é de se comemorar, principalmente porque a tendência baixista ocorreu ao longo do ano comercial em todo o mundo”, comenta Marcelo Duarte. Outro aspecto importante na análise das exportações brasileiras de algodão foi o volume embarcado em janeiro de 2025: 416 mil toneladas, contra a média mensal em torno de 200 mil toneladas.
“Sinal claro da evolução do sistema logístico brasileiro, pois superamos a barreira recorde das 400 mil toneladas sem sobressaltos. Isso transmite mais confiabilidade e segurança para o importador”, observa o diretor. O programa Cotton Brazil é realizado pela Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e tem apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).
Fonte: Abrapa