Um dos principais componentes de produtividade da soja é o número de plantas por área. Esse componente é definido durante a semeadura e no estabelecimento inicial das plântulas (Tagliapietra et al., 2022). Dentre as principais práticas de manejo responsáveis por definir esse componente, destacam-se a qualidade das sementes, a boa proteção das sementes e a plantabilidade da lavoura.

A plantabilidade consiste na quantidade de sementes com espaçamento adequado por unidade de área e na profundidade correta, o que determina a quantidade de plantas por unidade de área, ou seja, o estande de plantas na lavoura (Conte)

Nesse sentido, a boa plantabilidade apresenta relação direta com a produtividade da soja. Sendo assim, alguns cuidados necessitam ser adotados na semeadura da soja, para o bom estabelecimento da cultura e adequado estande de plantas. Portanto, deve-se atentar para:

  • Regulagem da semeadura (mecanismos dosadores de sementes e de adubo, controlador de profundidade e compactador de sulco);
  • Profundidade de semeadura (de 3 cm a 5 cm);
  • Deposição do adubo no sulco (deve ser posicionado ao lado e abaixo da semente);
  • Aumentar área de contato semente/solo (ajuste do mecanismo compactador de sulco);
  • Manutenção dos componentes de transmissão da semeadora;
  • Distribuição longitudinal das sementes (falhas e duplas).
  • Velocidade de semeadura (de 4 km/h a 6 km/h, dependendo, principalmente das características da semeadora e da superfície do terreno)
  • Umidade do solo (de acordo com Balbinot Junior et al. (2020) em semeaduras realizadas em solos úmidos acima da capacidade de campo, a frequência de embuchamentos e o revolvimento da superfície do solo é maior, além de favorecer o “espelhamento” das paredes do sulco, o que pode dificultar o crescimento da radícula e resultar no acúmulo de água, formando um ambiente propício à ocorrência de doenças. A semente precisa absorver 50% do seu peso em água para poder germinar (Monteiro et al., 2009)
  • Temperatura do solo (Segundo Monteiro (2009), a semeadura não deve ocorrer em solo com temperatura inferior a 20°C. Faixa adequada de temperatura para semeadura varia de 20°C a 30°C).

    undefined


Figura 1. Uniformidade de semeadura de uma lavoura comercial em Ibirubá, Rio Grande do Sul, Brasil.
Fonte: Zanuz (2024)

Com relação a distribuição longitudinal das sementes, a ocorrência de espaçamentos falhos resulta na redução da densidade populacional das plantas, enquanto a ocorrência de espaçamento duplos resulta na competição entre plantas, levando ao estiolamento, tornando as plantas suscetíveis ao acamamento e prejudicando a deposição de produtos aplicados na cultura no manejo fitossanitário.

O espaçamento aceitável é determinado com base no número desejado de sementes por metro linear. Os espaçamentos são considerados duplos quando a distância entre as sementes no solo é menor que 50% do recomendado. Por outro lado, o espaçamento falho é identificado quando as plantas estão distanciadas em mais de 150% em relação ao espaçamento recomendado (Costa, 2023).

Figura 2. Espaçamentos duplos e falhos.

Dentre os principais fatores responsáveis pela ocorrência de espaçamento falhos e duplos em soja, destaca-se a velocidade inadequada de semeadura. Mesmo com mecanismos dosadores de sementes mais eficientes, trabalhar com velocidades de deslocamento não recomendadas pela fabricante para a semeadura da soja pode resultar no aumento da porcentagem de espaçamentos falhos e duplos.

Considerando que a prática da semeadura é uma das praticas mais importantes da lavoura de soja, seguir as orientações para a semeadura, dando atenção para fatores relacionados a semeadora e operação, pode refletir em uma boa plantabilidade, afetando positivamente um dos principais componentes de produtividade da soja, o número de plantas por área.


Veja mais: A velocidade de semeadura interfere na produtividade?


Referências:

BALBINOT JUNIOR, A. A. et al. INSTALAÇÃO DA LAVOURA. Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17, Tecnologias de Produção de Soja, Cap. 4, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 29/10/2024.

CONTE, O. PLANTABILIDADE NA CULTURA DA SOJA: ATUALIZAÇÃO NO CULTIVO DA SOJA. Embrapa Soja. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355202/1529289/2-Osmar_Plantabilidade.pdf/d77e9697-97d9-df21-b377-b1f4e0b78f4a?version=1.0&download=true >, acesso em: 29/10/2024.

COSTA, V. O. COMO A PLANTABILIDADE INFLUENCIA A PRODUTIVIDADE DA SOJA? Mais Soja, 2023. Disponível em: < https://maissoja.com.br/como-a-plantabilidade-influencia-a-produtividade-da-soja/ >, acesso em: 29/10/2024.

MONTEIRO, J. E. B. A. AGROMETEOROLODIA DOS CULTIVOS: O FATOR METEOROLÓGICO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. INMET, 2009. Disponível em: < https://portal.inmet.gov.br/uploads/publicacoesDigitais/agrometeorologia_dos_cultivos.pdf >, acesso em: 29/10/2024.

TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.