O trabalho teve como objetivo avaliar a influência da inclinação do terreno na deposição total de fertilizante, em uma bancada de testes, fazendo uso de diferentes tecnologias comerciais de dosadores destes insumos.
Autores: Júlio César Santos Pereira1; José Leonardo Mallmann2; Jéssica Lueli Niitsu4; Nayara Francieli Parizotto4; Tomás Pelegrini Baio5; Paulo Roberto Arbex Silva6
Introdução
O agronegócio possui grande importância para a economia do Brasil, representando cerca de 23% do produto interno bruto (PIB) segundo o CEPEA/USP. O Brasil é potência mundial na produção agrícola de grãos, sendo que, atualmente, o país se destaca como um dos principais produtores das commodities soja e milho. A produção agrícola brasileira enfrenta constantes desafios para aumentar a produtividade. Um exemplo disso, é a necessidade crescente da deposição mais assertiva dos fertilizantes e das sementes no sulco de plantio, visando garantir uma semeadura mais adequada, de modo viavelmente econômica e sustentável, com menor taxa de perdas do stand e maiores produtividades, ou seja, melhorias na plantabilidade. De acordo com Altmann et al. (2010), os principais fatores que influenciam no funcionamento dos mecanismos dosadores de fertilizantes são: inclinação de trabalho, velocidade de acionamento e o tipo de fertilizante. Em virtude disso, o trabalho teve como objetivo avaliar a influência da inclinação do terreno na deposição total de fertilizante, em uma bancada de testes, fazendo uso de diferentes tecnologias comerciais de dosadores destes insumos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de agricultura de precisão do núcleo de ensaio de máquinas e pneus agrícolas (NEMPA) no Grupo de Plantio Direto (GPD) na Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP / Botucatu – SP. Foi utilizado um simulador de bancada, no qual estavam acoplados três diferentes tipos de tecnologias de dosador de adubo. O primeiro com um helicoidal central de dosagem por transbordo (dosador 1), o segundo possui um helicoidal por gravidade com descarga lateral (dosador 2); e o terceiro dosador acionado por 2 helicoidais de rotação opostas (dosador 3). Para o teste foi utilizado fertilizante granulado com alta tecnologia e homogeneidade granulométrica de formulação N-P-K sendo 16-16-16.
As coletas de fertilizante foram realizadas em simulador de deposição com cinco diferentes angulações: +15°; +10°; em nível (0°); -10°; -5°, sendo realizadas 5 repetições para cada angulação, totalizando 25 coletas por dosador simulando o terreno plano, o plantio em aclive e declive. O tempo de coleta para todas as repetições foi de um minuto (60 segundos). Com auxílio de uma balança digital, o fertilizante foi coletado nas diferentes angulações, pesado e os valores obtidos posteriormente foram tabulados e feita estatística com o programa SISVAR com base no teste TUKEY com 95% de significância.
Resultados e Discussão
Com base nos resultados, pode-se identificar na Tabela 1 que houve diferença significativa da deposição de fertilizante entre as inclinações de trabalho. Tanto para o dosador 1 como o dosador 2, quando a inclinação foi positiva o volume depositado foi menor em relação a deposição em nível.
Já para a inclinação negativa o volume depositado foi maior do que a deposição em nível, fato que pode ser explicado pela composição do dosador com apenas um helicoidal que funciona com transbordo (dosador 1) e por gravidade com descarga lateral (dosador 2). No dosador 3 não houve diferença significativa em relação a inclinação, mostrando uma maior homogeneidade dos valores de deposição entre as inclinações de trabalho. Essa característica permite uma deposição mais precisa em áreas de produção com maiores declividades.
Tabela 1. Quantidade de fertilizante (g) depositado em diferentes dosadores e angulações de trabalho.
Conclusão
A diferença na construção dos diversos tipos de dosadores de fertilizantes que existem no mercado brasileiro trazem diferenças de homogeneidade e uniformização na distribuição dos insumos quando a operação é feita em áreas não planas. Em aclive há uma diminuição da deposição de fertilizantes, em contrapartida em declive há um aumento na deposição. A tomada de decisão de compra de diferentes dosadores de fertilizantes deve ser realizada com base no relevo de cada área de produção, procurando reduzir os custos e a utilização de insumos, visando o aumento das produtividades agrícolas.
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Referências
ALTMANN, A. S.; BONOTTO, G. J.; BEDIN, P. R.; SILVEIRA, H., A. T.; CARPES, D. P.; DIAS, V. O.; MONTEMEZZO J.; ALONÇO, A. dos S. Metodologia para avaliação dos mecanismos dosadores de fertilizantes em semeadoras-adubadoras. In: SIMPÓSIO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 14. 2010, Santa Maria, RS. Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão – SEPE. Santa Maria, RS: Centro Universitário Franciscano, 2010. 16-17 p.
GARCIA, A. P. Desenvolvimento de um sistema de controle eletromecânico para dosador de fertilizantes. Angel Pontin Garcia. – Campinas, SP: [s.n.], 2007.
PORTELLA, J. A.; SATTLER, A.; FAGANELLO, A. Regularidade da distribuição de sementes e de fertilizantes em semeadoras para plantio direto de trigo e soja. Engenharia Agrícola, v.17, n.4, p.5764, 1998.
Informações dos autores
1 Engenheiro agrônomo, Mestrando em Agronomia (Mecanização agrícola), UNESP/Botucatu – SP.
2 Graduando em Engenharia Agronômica, Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FCA/UNESP, Campus Botucatu.
3 Graduando em Engenharia Agronômica, Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FCA/UNESP, Campus Botucatu.
4 Engenheira agrônoma, Mestranda em Agronomia (Mecanização agrícola), UNESP/Botucatu – SP.
5 Engenheiro agrônomo, Mestrando em Agronomia (Mecanização agrícola), UNESP/Botucatu – SP.
6 Engenheiro agrônomo, Prof. Doutor, UNESP/Botucatu – SP.
Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.