A soja (glycine max) é a principal cultura do Brasil, sendo este o maior produtor mundial dessa commodity. Por ser um país tropical, o Brasil tem a capacidade de realizar duas safras em um mesmo ano em algumas regiões do país, o que se faz necessário adiantar a colheita da soja, com o objetivo de se ter uma janela adequada para a cultura seguinte que será implantada na sequência, logo, a dessecação da soja na pré-colheita tem praticamente dois objetivos: primeiro, adiantar a semeadura em sucessão de uma segunda safra onde a condição climática permite isso e segundo, no caso da produção de semente, garantir qualidade.
Quando dessecar?
Com o objetivo de ser o mais assertivo possível neste manejo, vale lembrar que essa prática deve estar muito alinhada com a capacidade de colheita, isso por que, a dessecação da soja potencializa a probabilidade de se ter grãos ardidos, se a lavoura não for colhida logo e essa passar por sucessivos eventos de chuva. Deste modo, após a realização da aplicação, a cultura deve ser colhida em seguida, de 4 a 10 dias em média (fator esse que pode variar de acordo com o estádio da cultura que a dessecação foi realizada).
Em média, a dessecação da soja permite antecipar em uma semana (7 dias) a colheita da soja. Devido a isso, a dessecação deve ser realizada no momento em que a planta atinge seu ponto máximo na maturação fisiológica. Dessa forma, recomenda-se que esta seja realizada no estádio fenológico de R7.3 onde 75% das folhas e legumes se encontram amarelecidos.
Quando essa prática for feita antes desse estádio recomendado (R7.3), essa pode comprometer significativamente a produtividade final de grãos e no caso da produção de semente, a qualidade das mesmas. No comparativo a uma soja não dessecada, é bom que se digam que mesmo dessecando nesse estádio (R7.3), haverá uma redução de 1,5 a 2 sacas/há na produtividade final de grãos, ou seja, dessecar soja mesmo no estádio correto pode se ter perdas de produtividade.
Quais herbicidas utilizar na dessecação?
A dessecação pré-colheita tem o objetivo de aliar boa produtividade com qualidade. Portanto é necessário se ter alguns cuidados específicos, principalmente em relação à escolha do herbicida a ser utilizado. É importante levar em consideração a cultivar, a dose do herbicida a ser destinada para dessecação e o estádio fenológico que a planta se encontra.
Os herbicidas de contato são os mais utilizados para essa finalidade, pois matam a planta sem se deslocarem para o caule e raiz da mesma, desse modo não causam efeito fitotóxico, e nem afetam o vigor e germinação das sementes. Atualmente os herbicidas mais utilizados para esta prática é o Glufosinato de Amônio e o Diquat. O Glufosinato de Amônio atua na inibição da enzima glutamina sintase. O que resulta no acúmulo de amônio no interior da planta, gerando toxidez (exceto para tecnologias tolerantes como por exemplo Enlist e Conkesta). O diquat apresenta como mecanismo de ação a inibição da fotossíntese no fotossistema I, pois tem a capacidade de captar os elétrons provenientes do fotossistema I e formar radicais livres, estes que sofrem uma auto-oxidação e promovem degradação rapida das membranas.
Vale ressaltar a importância de contatar um Engenheiro agrônomo para a recomendação mais adequada quanto ao posicionamento do produto, dose e a utilização de adjuvantes e óleo mineral, com o objetivo de ser o mais eficiente possível no momento da aplicação.
Por Diogo Moraes Verzegnazzi e Ueslen Barth, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias. Sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
REFERÊNCIAS
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BOSCHIERO, Beatriz. “Herbicidas: 4 Critérios para Classificação”. Disponível em: <https://agroadvance.com.br/blog-herbicidas-4-criterios-para-classificacao/#:~:text=Os%20herbicidas%20de%20contato%20atuam,%2C%20paraquat%2C %20diquat%20e%20fomezafen.>. Acesso em: 21/02/2024.
KILPP, Maicon. “Dessecação pré-colheita da soja: quando e como realizar”. Disponível em: <https://www.3tentos.com.br/triblog/post/121>. Acesso em: 19/02/2024.
