Durante o mês de dezembro de 2019 e a primeira quinzena do mês de janeiro de 2020, o estado do Rio Grande do Sul passou por um período de estiagem, período que sempre deixa os produtores preocupados com a produção de soja. Nesse sentido, os fatores ambientais, que não podem ser controlados, são os mais preocupantes dentro da produção agrícola.

A disponibilidade hídrica é um dos fatores climáticos de maior importância na produtividade da soja e o acompanhamento das previsões do tempo é essencial para um melhor planejamento da safra evitando perdas que podem vir a ocorrer por estresse hídrico. Dentro da produção, a Agrostat levantou no ano de 2018 a exportação de soja pelo Brasil, que chegou a U$40,9 bilhões. Procurar possibilidades para atenuar esses efeitos, é de grande valia, visto a importância socioeconômica da cultura para o país.

A água representa cerca de 90% do peso da planta de soja e atua em todos os processos fisiológicos e bioquímicos existentes nesta cultura. Por isso, a disponibilidade de água no solo é um fator determinante para o seu pleno desenvolvimento, principalmente nas fases de germinação-emergência e floração -enchimento de grãos.

Fonte: IPNI.

A falta de água pode afetar o processo fotossintético de forma direta, com a desidratação do citoplasma e também indiretamente, devido ao fechamento dos estômatos. Na fase de enchimento dos grãos pode haver redução no tamanho e peso, além de aumentar o teor de grãos verdes, pois a falta de água prejudica a atividade das enzimas responsáveis pela degradação da clorofila.

Um efeito visível da escassez de água, é a redução do crescimento da planta. Esse efeito ocorre devido ao encolhimento da célula, conhecida como perda de turgidez, prejudicando o crescimento celular e resultando em uma planta com seu tamanho reduzido. Outra característica da planta que está passando por carência de água, é a redução de área foliar devido ao abortamento de folhas, o que ocorre quando a planta tem um bom desenvolvimento das folhas e entra em uma fase de déficit hídrico, provocando a senescência e queda das mesmas.

Conhecer as propriedades do solo em que as lavouras estão inseridas é de suma importância para a produção, pois através das propriedades físico-químicas deste, pode-se estimar qual a sua capacidade de armazenamento de água. Sendo que, ela pode apresentar elevada retenção como em latossolos, devido ao tipo de argila e sua concentração, teor de matéria orgânica, além de serem profundos e possuírem baixa relação macro-microporos.

Entretanto, em solos arenosos, com baixo teor de argila e de matéria orgânica, além de alta relação macro-microporos, ou solos rasos/rochosos o potencial para reter água é menor. Vale lembrar que a presença de lençol freático superficial fornece umidade às camadas superiores do solo e a salinidade relaciona-se à pressão osmótica, influenciando positivamente na capacidade de retenção.

Pode-se perceber como o déficit de água pode influenciar tanto no tamanho da planta, como na qualidade de seus grãos, o que pode vir a causar interferência na produtividade, fator este de maior importância. No contexto atual, se torna cada vez mais frequente os extremos climáticos e as irregularidades de distribuição das chuvas como resultados das mudanças climáticas, por esse motivo, ter um acompanhamento das previsões do tempo para o ano, assim como conhecer as características de fenômenos como El niño e La niña, são de grande importância para um bom planejamento da safra. Além disso, buscar cultivares resistentes ao déficit hídrico, como a HB4® da TMG, é uma boa opção para amenizar perdas em anos propícios a escassez de chuvas.

Este texto teve como leitura fundamentada nos artigos “Déficit hídrico: efeito sobre a cultura da soja”, pelos autores Rafaela Morando, Alexsandro O. da Silva, Leidiane C. Carvalho, Mírian P. M. A. Pinheiro; “Soja mais produtiva e tolerante à seca”, pelos autores Carlos Pitol e Dirceu Luiz Broch; “Distribuição geográfica da capacidade de armazenamento de água e das propriedades físicas do solo no Brasil” pelos autores Luciana Rossato, Regina C. S. Alvalá, Javier Tomasella; assim como no Projeto RadamBrasil, para maiores informações consultar links abaixo:



Texto: Julia Damiani – Bolsista do grupo PET Agronomia/UFSM.

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