Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb13.9290) marcelosa@sna.agr.br

Decisão vem logo após redução parcial e alivia setores vitais do Agro 

A Casa Branca anunciou a retirada da alíquota de 40% sobre importantes produtos agropecuários brasileiros, incluindo café e carne bovina, nesta quinta-feira, 20 de novembro. No texto do decreto, o presidente americano, Donald Trump, afirma que, após as recentes negociações com o governo brasileiro e consultas com seus funcionários, determinou que “certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à tarifa adicional estabelecida na Ordem Executiva 14323“, referindo-se à medida que impôs alíquota de 40% sobre o Brasil em agosto. Além da carne bovina e do café, uma lista de frutas, a exemplo do tomate e da manga, terão um regime especial, com isenção da tarifa adicional em períodos específicos ao longo do ano

Uma sobretaxa de 10% já havia sido revogada na semana passada, referente à alíquota cobrada desde abril. Ao contrário do último decreto, que desonerava vários países, a ordem executiva de agora faz menção especifica e exclusivamente ao Brasil, e menciona o avanço das negociações diplomáticas e comerciais entre as duas nações. As isenções serão retroativas, segundo a Casa Branca, e válidas a partir do último dia 13 de novembro. De acordo com o decreto, taxas de importação pagas no período serão reembolsadas pelo governo americano

Repercussão inicial entre autoridades e líderes setoriais

Para o Itamaraty, a decisão foi um avanço importante, especialmente por fazer menção às negociações com o Brasil, retomadas em outubro, e pela data retroativa (13 de novembro) coincidir com o dia da reunião entre Marco Rubio e Mauro Vieira.

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, disse que a ordem de Trump é uma “excelente notícia” para o Brasil, que agora volta a ter acesso competitivo ao mercado dos EUA, “apoiando assim a estabilização de preços para alguns produtos“.

A decisão representa um alívio para os exportadores brasileiros. Os Estados Unidos são o principal comprador de café do Brasil e respondem por cerca de 16% de tudo o que o país exporta, segundo o Ministério da Agricultura. Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) comemorou a decisão do governo americano. “A reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira.

Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé disse que a decisão positiva foi resultado de um trabalho muito intenso. “Para nós, é um momento de celebração, um presente de Natal antecipado. Vamos concorrer com nossa sustentabilidade e competitividade em pé de igualdade, como a gente sempre quis“, afirmou

Relembrando a origem da crise e seus momentos cruciais

Durante quatro longos meses, o Brasil foi o único país do mundo a sofrer taxação de 50% : a soma da tarifa recíproca, anunciada em abril e revogada semana passada, e dos 40% impostos em agosto, numa crise com fortes contornos políticos que envolveram também sanções a autoridades do Judiciário nacional. Esse contexto marcou o pior momento de uma relação longeva e próspera, com desdobramentos que assustaram cadeias produtivas diversas. No começo, a retórica inflamada da cúpula do governo contrastava com a necessidade de uma negociação imediata, enquanto o setor agropecuário estimava possíveis prejuízos e demissões em massa.

Aos poucos, o mercado assimilou o impacto e o revés acabou demonstrando a força e resiliência do agronegócio nacional, que soube abrir novas rotas e realocar embarques. A dependência não era tão dramática como se imaginava, e a pressão de importadores americanos levou o governo Trump a, lentamente, cogitar uma flexibilização. A inflação de lá abriu um flanco de desgaste que entidades brasileiras de representação souberam explorar, dialogando com empresários locais e explicitando que a barreira tarifária colaborava para a alta dos alimentos.

Trump cedeu e orientou seu Secretário de Estado, Marco Rubio, a se encontrar com o chanceler Mauro Vieira. A primeira reunião tratou da possível conversa direta entre os dois presidentes, que ocorreu em outubro, na Malásia. Em tom amistoso, o republicano já havia feito aceno a Lula na Assembleia Geral da ONU, em setembro. A distensão havia começado, e renderia frutos positivos já com a redução de 10%.

Vieira e Rubio se encontraram novamente, e na semana passada, após breve conversa em cúpula de chanceleres no Canadá, o chefe da diplomacia brasileira foi convidado a estender sua viagem e visitar o colega americano na capital Washington. Ficou claro que mudanças substanciais estavam a caminho, e assim aconteceu: em menos de uma semana, as taxações caíram.

Em síntese, trata-se de uma vitória do setor agropecuário, que lutou unido para mostrar a importância e qualidade dos alimentos brasileiros, levando autoridades e importadores americanos a perceber que dificultar o acesso de sua população a esses itens não favoreceria ninguém. Agora, líderes pretendem continuar tratativas para zerar também as alíquotas de produtos industriais com alto valor agregado, a exemplo das madeiras e derivados em geral da celulose, fortemente afetados pelo tarifaço.

Assista vídeo em que o deputado federal Pedro Lupion (Republicanos – PR),  presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), comenta a decisão e reflete sobre os próximos passos. O conteúdo foi gentilmente compartilhado com o Portal SNA, após publicação em suas redes sociais. Acesse aqui!

Fonte: SNA



 

FONTE

Autor:Marcelo Sá - Sociedade Nacional de Agricultura

Site: SNA

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