Em função das condições edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento de fitopatógenos no milho, doenças como a estria bacteriana têm apresentado aumento de incidência no milho. A estria bacteriana, causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasculorum tem se destacado em função da agressividade da doença  e dificuldade de controle, especialmente em híbridos de milho considerados suscetíveis.

Os sintomas iniciais da estria bacteriana do milho, manifestam-se na forma de pequenas pontuações nas folhas, com aproximadamente 2 a 3 mm. A evolução dos sintomas é caracterizada por lesões alongadas e estreitas, circundadas por um halo de cor amarelada, restritas às regiões internervais das folhas. As margens das lesões apresentam um aspecto ondulado, uma característica importante para distinguir a estria bacteriana da doença fúngica conhecida como cercosporiose, causada por Cercospora spp. (Leite Junior et al., 2018)

Figura 1. Sintomas da estria bacteriana das folhas do milho, incluindo A, desenvolvimento precoce da lesão da estria, B, desenvolvimento de pequenas manchas, C e D, desenvolvimento dos sintomas começando na base da planta e progredindo para cima, resultando em E, F e G, lesões graves coalescentes nas folhas superiores, e H, sinais de gotículas bacterianas de Xanthomonas vasicola pv. vasculorum a partir do desenvolvimento da lesão.
Fonte: Ortiz-Castro et al. (2020)

A bactéria sobrevive em plantas hospedeiras e resíduos vegetais, pode ser disseminada pelo vento, água da chuva e irrigação, e infecta a planta através de aberturas naturais, a exemplo dos estômatos, ferimentos e lesões nas folhas (Leite Junior et al., 2018). Logo, anos chuvosos tendem a intensificar a ocorrência da estria bacteriana no milho, especialmente em áreas cuja presença da bactéria é comum em função da baixa adesão a práticas de manejo de prevenção a doença.

Figura 2. Ciclo de desenvolvimento da estria bacteriana em milho.
Fonte: Sementes NK (2024)

Vale destacar que a estria bacteriana é frequentemente confundida com  cercorpora no milho. De forma prática, uma forma de realizar a diferenciação é através de um teste simples. O teste consiste em submergir um pedaço da folha do milho com lesões suspeitas da doença em um copo contendo água, a presença da exsudação, após determinado tempo, indica que os sintomas estão associados a presença da bactéria, proporcionando assim, uma maneira prática de diferenciar entre as lesões provocadas por bactérias e aquelas originadas por fungos.

Figura 3. Exsudação bacteriana de tecido foliar de Zea mays com lesão de estria bacteriana do milho.
Fonte: Leite Junior et al. (2018)

Identificar a doença corretamente, é determinante para adotar estratégias de manejo que possam reduzir os danos em função da estria bacteriana. Ainda que os danos econômicos decorrentes da estria bacteriana do milho não tenham sido definidos, sabe-se que a gravidade dos sintomas pode atingir até 40% da área foliar infectada dependendo do híbrido do milho. Os níveis de incidência podem ultrapassar 90% e, apresentar uma severidade superior a 50% da área foliar afetada em híbridos de milho suscetíveis à doença (Leite Junior et al., 2018).

De acordo com Ortiz-Castro et al. (2020), a estria bacteriana é favorecida por condições de temperatura variando entre 10 a 37 ºC, porém, ocorre com maior intensidade em temperaturas de 28 ºC. Essas condições são facilmente encontradas no território nacional nos período de cultivo do milho, o que atrelado a presença de inóculo da bactéria e molhamento, contribuem para o aumento da ocorrência da doença.

Visando reduzir as perdas em função da estria bacteriana, é fundamental intensificar o monitoramento das áreas de milho, principalmente sob condições adequadas ao desenvolvimento das bacterioses. Além disso, deve-se priorizar o manejo preventivo da doença. Para um controle mais eficaz da estria bacteriana, os fungicidas devem ser posicionados preferencialmente no início do desenvolvimento do milho (estádios V4 a V5). Fungicidas multissítios como mancozebe, clorotalonil e oxicloreto de cobre tem demonstrado bons resultados de controle de Xanthomonas vasicola pv. vasculorum, e portanto, devem fazer parte do programa fitossanitário do milho.

Medidas integradas e anteriores a semeadura também são essenciais para o sucesso no manejo da estria bacteriana. Além de realizar a rotação de culturas com espécies não hospedeiras da bactéria, deve-se dar preferencia por híbridos de milho menos suscetíveis. Na entressafra, práticas como o controle de plantas daninhas e plantas voluntárias de milho (tiguera) também contribuem para reduzir a disseminação da estria bactéria, e devem ser consideradas no manejo do sistema de produção.

Referências:

LEITE JUNIOR, R. P. et al. ESTRIA BACTERIANA DO MILHO NO PARANÁ. Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR. Londrina – PR, 2018. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/326369946_Estria_bacteriana_do_milho_no_Parana >, acesso em: 10/10/2025.

ORTIZ-CASTRO, M. et al. CURRENT UNDERSTANDING OF THE HISTORY, GLOBAL SPREAD, ECOLOGY, EVOLUTION, AND MANAGEMENT OF THE CORN BACTERIAL LEAF STREAK PATHOGEN, Xanthomonas vasicola pv. vasculorum.  Phytopathology, 2020. Disponível em: < https://apsjournals.apsnet.org/doi/epdf/10.1094/PHYTO-01-20-0018-PER >, acesso em: 10/10/2025.

SEMENTES NK. PROTEJA SEU CULTIVO DA ESTRIA BACTERIANA DO MILHO. Sementes NK, 2024. Disponível em: < https://sementesnk.com.br/noticias/proteja-seu-cultivo-da-estria-bacteriana-do-milho/ >, acesso em: 10/10/2025.

Foto de capa: Leite Junior et al. (2018) 

 

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