As cotações da soja, nesta segunda semana de outubro, melhoraram em Chicago, na esteira do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 12/10. Assim, o primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (13) em US$ 13,95/bushel, contra US$ 13,58 uma semana antes.

O relatório do USDA reduziu, mais uma vez, a produção final de soja nos EUA, colocando-a, agora, em 117,4 milhões de toneladas, contra 119,2 milhões em setembro. Ao mesmo tempo, foram mantidos em 5,4 milhões de toneladas os estoques finais estadunidenses para o ano 2022/23. Mesmo assim, o preço médio aos produtores de soja daquele país, para este novo ano comercial, foi reduzido para US$ 14,00/bushel. Em termos mundiais, a produção global de soja foi aumentada para 391 milhões de toneladas, puxadas pelo Brasil, para o qual se projeta uma nova safra da oleaginosa em 152 milhões de toneladas. Já os estoques finais mundiais foram elevados para 100,5 milhões de toneladas. Enfim, a produção projetada da Argentina foi mantida em 51 milhões de toneladas, enquanto as importações da China subiram para 98 milhões, ganhando um milhão de toneladas sobre o relatório de setembro.

Já no que diz respeito à colheita de soja nos EUA, a mesma pulou para 44% da área no dia 09/10, superando os 41% esperados pelo mercado e a média histórica de 38% para esta data. Da área ainda a ser colhida 91% estão na fase de maturação, sendo que 57% das lavouras estão entre boas a excelentes, melhorando um ponto percentual em relação a semana anterior.

Dito isso, importante se faz frisar que há uma pequena melhora nas condições de navegação do rio Mississipi, nos EUA, via fluvial de escoamento principal da soja até os portos do Golfo do México. A falta de chuvas diminuiu muito o nível do rio. Na semana passada, segundo a imprensa local, havia perto de 150 embarcações e mais de 2 mil barcaças em uma fila para flutuar por trechos daquele rio. A última vez que o rio Mississippi viu níveis de água tão baixos foi em 2012 sendo que a maior seca das últimas décadas ocorreu em 1988. Por enquanto, os volumes já embarcados de soja e milho pelos EUA, durante toda o ano comercial, são consideravelmente menores do que há um ano. No trigo, a diferença é de apenas 1% menos na comparação anual.

Neste sentido, na semana encerrada em 6 de outubro, os embarques norte-americanos de soja foram de 969.212 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado Em todo ano comercial, os EUA só embarcaram 2,76 milhões de toneladas da oleaginosa, 23% menos do que no mesmo período do ano anterior.

Por outro lado, enquanto a China retoma suas compras, após os feriados de início de outubro, na União Europeia as importações de soja, no ano 2022/23, iniciado em 1º de julho, atingiram 3,12 milhões de toneladas até 9 de outubro, sendo o Brasil o principal fornecedor, com 51,7% do total adquirido. Em igual momento da temporada passada, o volume importado estava em 3,38 milhões de toneladas, segundo os dados. As importações de farelo de soja, no mesmo período de 2022/23, totalizaram 4,21 milhões de toneladas, contra 4,61 milhões de toneladas no ano anterior, também com o Brasil sendo a principal origem do produto. Por sua vez, as importações de óleo de palma também diminuíram, ficando em 923.130 toneladas contra 1,67 milhão de toneladas em 2021/22. Enfim, as compras externas de óleo de girassol pela UE, em sua maioria vindas da Ucrânia, foram de 448.677 toneladas, contra 390.193 toneladas um ano antes. (cf. Comissão Europeia)

E aqui no Brasil, os preços recuaram um pouco na média gaúcha e melhoraram nas principais praças locais, diante da melhoria nos prêmios portuários, enquanto o câmbio passou a operar entre R$ 5,15 e R$ 5,25 na semana. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 169,56/saco, enquanto nas demais praças nacionais os valores oscilaram entre R$ 155,00 e R$ 164,00/saco.

Nesse contexto, a comercialização da safra passada chegava, até o dia 07/10, a 86,1% do total colhido, contra a média histórica de 91,3%. Para a nova safra 2022/23, as vendas antecipadas chegam a 18,8% do total esperado, contra 29,6% na média histórica. (cf. Safras & Mercado)

Quanto ao plantio da nova safra, até o início da presente semana, o Brasil alcançou 11,2% da área esperada, ficando um pouco abaixo da média histórica que é de 11,9%. O plantio no Paraná chegava a 21% da área esperada, estando atrasado em 8 pontos percentuais pela média histórica, enquanto no Mato Grosso o mesmo alcançava 18,6% contra 10,9% na média. Já em Goiás o mesmo atingia a 8,5% contra 0,5% para esta data na média histórica. (cf. Pátria Agronegócios)

A expectativa geral é de que o Brasil semeie 42,9 milhões de hectares de soja os quais, em clima normal, poderão resultar em 151 a 152 milhões de toneladas.

Enquanto isso, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) atualizou as estatísticas do complexo soja no Brasil, até o mês de agosto de 2022. Nos oito primeiros meses do ano o país aumentou em 7,1% seu esmagamento de soja, atingindo a 49 milhões de toneladas, volume recorde. Houve também aumento de 4,9% nas compras líquidas pela indústria neste período, comparativamente ao mesmo período de 2021. Espcificamente para agosto houve aumento de 13,1% no esmagamento de soja, em relação a agosto de 2021.

Dito isso, entre janeiro e setembro (nove meses) as exportações brasileiras de soja atingiram a 70,8 milhões de toneladas, com recuo de 8,8% sobre o mesmo período do ano passado. Por outro lado, em farelo as vendas externas aumentaram 24%, chegando a 16 milhões de toneladas no período. Em óleo de soja o Brasil exportou 65% a mais, atingindo a 1,9 milhão de toneladas, contra 1,2 milhão no mesmo período de 2021. Para o total de 2022, espera-se uma receita final de exportação, no conjunto do complexo soja brasileiro, ao redor de US$ 58 bilhões. (cf. Abiove)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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