O mercado interno do arroz segue enfrentando um cenário crítico de preços, com negociações em torno de R$ 51 a R$ 58 por saca de 50 quilos em importantes regiões produtoras do Rio Grande do Sul. “E, em alguns casos pontuais, até abaixo disto, refletindo um colapso de margem num ambiente em que o custo de produção em áreas como a Campanha chega a R$ 100 por saca”, destaca o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
Essa defasagem compromete a sustentabilidade financeira das lavouras e coloca o setor em estado de alerta máximo para a safra 2025/26. “No consumo interno, a situação é igualmente delicada: há uma forte queda na base tradicional da gastronomia brasileira — o arroz com feijão — que vem cedendo espaço aos ultraprocessados, pratos prontos e alimentos de conveniência”, exemplifica.
A mudança estrutural no comportamento alimentar afeta diretamente a demanda e pressiona ainda mais o escoamento da produção doméstica. “Diante disso, as indústrias e entidades do setor têm buscado reforçar estratégias de comunicação voltadas à valorização do arroz como alimento essencial, tentando reconectar o produto ao público jovem e urbano, mais sensível à praticidade do consumo”, pondera Oliveira.
A adaptação dessa narrativa — de alimento básico para um item versátil, saudável e moderno — tornou-se fundamental para reverter o quadro de queda na demanda. “No campo da competitividade, a combinação entre câmbio desfavorável e concorrência regional intensifica as dificuldades”, acrescenta.
O dólar abaixo de R$ 5,40 limita o fechamento de novos embarques e, simultaneamente, favorece a entrada de arroz importado, principalmente do Paraguai, cuja vantagem fiscal e logística é ampliada pela falta de equalização do ICMS interestadual — um gargalo que continua minando a competitividade do arroz gaúcho no restante do Brasil.
Ainda assim, o desempenho das exportações em outubro foi surpreendentemente positivo, mostrando resiliência do setor no front externo: o Brasil embarcou 213,1 mil toneladas (base casca), somando arroz em casca (104,2 mil t) e beneficiado (74,1 mil t). As importações, por sua vez, totalizaram 143,3 mil toneladas (base casca), resultando em um superávit comercial de 102,8 mil toneladas em 2025, revertendo o déficit de 99,8 mil toneladas registrado em 2024.
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Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News




