A germinação dos grãos dentro da vagem tem sido um problema recorrente para os produtores de soja, especialmente em anos com períodos prolongados de chuvas na fase de maturação (Figura 1). Esse fenômeno ocorre quando a umidade excessiva interfere no equilíbrio hormonal da planta, favorecendo a germinação precoce ainda na lavoura.
Figura 1. Fatores para construção de lavouras de alta produtividade de soja em ambientes de terras baixas ou no sistema de produção de arroz irrigado.

Entre os hormônios envolvidos nesse processo, as giberelinas estimulam a germinação sob condições de alta umidade, enquanto o etileno pode intensificar a produção de enzimas que quebram o amido dos grãos, transformando-o em açúcares e promovendo a germinação. Além disso, a redução do Ácido Abscísico (ABA), que normalmente inibe a germinação em condições de estresse hídrico, potencializa esse efeito, permitindo que os grãos brotem antes da colheita.
Esse problema compromete diretamente a produtividade da lavoura, pois os grãos germinados perdem peso, um dos principais fatores para altas produtividades. Além disso, a colheita torna-se mais difícil, já que o aumento da viscosidade dos grãos pode prejudicar o funcionamento das máquinas e aumentar a quantidade de impurezas e grãos avariados, impactando negativamente na qualidade do produto final. Quando os grãos passam por sucessivos períodos de umidade, o risco de perdas se eleva, tornando indispensável a adoção de estratégias para minimizar esses impactos.
Entre as medidas preventivas, a escolha de cultivares mais tolerantes ao excesso hídrico pode reduzir os riscos de germinação precoce. Além disso, o monitoramento constante das condições climáticas e um planejamento eficiente da colheita ajudam a evitar que os grãos fiquem expostos a longos períodos de umidade. Práticas como o ajuste da época de semeadura para antecipar a colheita antes das chuvas mais intensas e a melhoria da drenagem da área também contribuem para reduzir os prejuízos.
A germinação de grãos na vagem é um desafio para os sojicultores, mas a adoção de manejos adequados pode minimizar suas consequências. Ao investir em cultivares adaptadas, monitoramento climático e boas práticas de colheita, o produtor pode reduzir perdas e garantir um produto de melhor qualidade, assegurando a rentabilidade da lavoura.
Referências bibliográficas
Tagliapietra, Eduardo L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. 2. ed. Santa Maria, 2022.