Após o desenvolvimento da tecnologia RR alguns sintomas visuais (injúrias) passaram a ser observados na cultura. Visando diminuir os efeitos deletérios da aplicação do herbicida, alguns produtos vêm sendo estudados como alternativas para reduzir a fitointoxicação causada pelo glyphosate na soja RR e RR2.
Pesquisas apontam que os efeitos da aplicação do glyphosate, mesmo na tecnologia tolerante causam redução nos índices de clorofila e fitointoxicação, possivelmente devido ao acúmulo de AMPA (que é um metabólito fitotóxico do glyphosate) e/ou desbalanço nutricional e hormonal. Ocasionando efeitos como menor biomassa de plantas, diminuição da nodulação (e consequentemente a fixação biológica de nitrogênio), reduz os níveis de absorção de macro e micronutrientes, além da diminuição da produtividade e da qualidade de sementes.
Em trabalho apresentado e publicado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 96, página 317 da sessão de Fisiologia Vegetal, Agrometeorologia e Práticas Culturais, realizado em Goiânia no ano passado, os autores ALBRECHT, L.P.; CANTU, C.; BACCIN, L.C.; COSTA, A.C.T.; ALBRECHT, A.J.P.; DUARTE JÚNIOR, J.B.; PERTUZATI, A.; PASQUETTO, J.V.G. e CRUZ, G.G.; SÁ, R.A., avaliaram o comportamento do manganês e biorregulador na reversão dos possíveis danos causados pelo herbicida glyphosate, na soja RR e RR2.
O trabalho pode ser acessado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 96, página 317 da sessão de Fisiologia Vegetal, Agrometeorologia e Práticas Culturais.
Ensaios foram conduzidos em casa de vegetação e a campo. Na Universidade Federal do Paraná, em casa de vegetação. O primeiro experimento (safra 2015/16) foi realizado utilizando glyphosate na dose de 2880 g e.a. ha-1 isolado (manejo 1), e associado a um regulador de crescimento (Stimulate®) com ação promotora (manejo 2) e uma fonte de manganês quelatizado (Stoller Mn Platinum®) (manejo 3), totalizando 96 vasos.
Para o segundo ensaio (safra 2016/17) foi utilizado glyphosate na dose de 2880 g e.a. ha-1, de forma isolada (manejo 1) e associada ao biorregulador (manejo 2), e glyphosate associado a manganês (manejo 3), biorregulador, manganês isolado (4 e 5 respectivamente) e um tratamento sem aplicação (manejo 6), totalizando 72 vasos. Ambos os experimentos foram aplicados utilizando um pulverizador costal pressurizado a CO2, com pressão constante e volume de calda de 150 L ha-1.
O glyphosate e o manganês foram aplicados em conjunto via foliar no estádio V4. O glyphosate, manganês (Stoller Mn Platinum® com 92,4 g L-1 de Mn quelatizado) e o biorregulador (Stimulate®) foram aplicados em conjunto via foliar no estádio V4.
Nos estudos em casa de vegetação, os autores observaram que cada cultivar respondeu de maneira diferenciada aos produtos devido às características genotípicas, caracterizando diferentes graus de sensibilidade. O manganês foi eficiente nas avaliações de nota visual de fitointoxicação, na massa da matéria seca de plantas e no índice de clorofila, evidenciando atenuação dos sintomas.
O biorregulador proporcionou aumento na massa seca de raízes e no índice de clorofila, contribuindo de forma geral no desempenho da soja. Ambos os ensaios em ambiente controlado evidenciaram o potencial de fitointoxicação do glyphosate, seja em soja RR e RR2, no entanto, caracterizaram também a possibilidade de manejos reversores/atenuadores ou mitigadores de injúria.
Nesse sentido, os experimentos de campo auxiliaram a elucidar melhor a questão, gerando resultado em condições de ambiente produtivo. Para os ensaios a campo, no primeiro experimento, os resultados obtidos demostraram efeito do glyphosate na redução do número de vagens por planta em função do aumento das doses do herbicida.
Em relação à aplicação foliar de Mn, houve aumento no número de vagens por planta e consequentemente na produtividade (Figura 1), verificando-se que o incremento das doses de Mn até a dose de 261,64 g Mn ha-1, proporcionou aumento da produtividade de grãos.
No segundo experimento a campo, para as condições ambientais deste estudo, para o genótipo avaliado e aplicação de glyphosate na formulação estudada, independente da dose utilizada, apresentou sintomas de fitointoxicação muito leves nas plantas de soja RR, que foram atenuados especialmente pelo uso do biorregulador associado ou não ao Mn (Figura 2).
Portanto, a fitointoxicação não interferiu significativamente nas características agronômicas e nos componentes de produção avaliados. Apesar dos resultados verificados nesses experimentos, de modo geral a cultivar em estudo se mostrou altamente tolerante ao glyphosate, diante das condições ambientais obtidas.
Ao final, foi ressaltada a necessidade de estudos adicionais com o intuito de avaliar outros genótipos, locais e anos/safra de cultivo a fim de reavaliar o potencial de utilização do manganês e biorregulador no manejo com o glyphosate em soja RR, em distintos ambientes de produção.
O trabalho pode ser acessado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 96, página 317 da sessão de Fisiologia Vegetal, Agrometeorologia e Práticas Culturais.
Elaboração: Equipe Mais Soja.