As cotações do trigo, em Chicago, continuaram despencando nesta semana. O primeiro mês cotado chegou a atingir, no dia 06/12, a US$ 7,05/bushel no fechamento do pregão diário. Esta cotação é a mais baixa desde meados de setembro de 2021, portanto, há mais de 14 meses. Já o fechamento desta quinta-feira (08) ficou um pouco melhor, atingindo a US$ 7,24/bushel, contra US$ 7,58 uma semana antes. Lembrando que a média de novembro foi de US$ 8,12/bushel, já 6,6% abaixo da média de outubro. A média de novembro de 2021, para comparação, ficou em US$ 8,06/bushel.
A forte oferta mundial do cereal, apesar de alguns percalços climáticos, e o retorno da Ucrânia ao mercado, nestes últimos meses, além da expectativa de um relatório do USDA baixista (relatório anunciado neste dia 09/12 e que comentaremos no próximo boletim), seriam as principais causas do significativo recuo nos preços do cereal. Soma-se a isso a manutenção da tendência de juros elevados nos EUA, o que faz os Fundos se deslocarem para a compra de títulos públicos estadunidenses, enquanto vendem contratos de commodities, dentre elas o trigo.
Igualmente, os preços de exportação do trigo russo caíram na semana passada em meio a uma colheita recorde na Rússia e a oferta ativa no Mar Negro. De fato, precisando fazer caixa em função da guerra, Rússia e Ucrânia estão inundando o mercado mundial com trigo, derrubando os preços. Por sua vez, a Austrália espera produzir um recorde perto de 37 milhões de toneladas de trigo neste ano, apesar das inundações ocorridas por lá.
Por outro lado, o Ministério da Agricultura da Ucrânia informou que o país exportou quase 18,3 milhões de toneladas de grãos até agora, na temporada 2022/23, sendo 6,9 milhões em trigo. No total, em relação ao ano antes da guerra, há uma queda de 29,9% nas vendas gerais de grãos. O governo disse que a Ucrânia pode colher cerca de 51 milhões de toneladas de grãos este ano, abaixo do recorde de 86 milhões de toneladas em 2021, devido à perda de terras para as forças russas e aos rendimentos mais baixos. E no Canadá, onde há problemas de umidade e seca no final do ciclo da cultura, espera-se uma colheita total de trigo em 33,8 milhões de toneladas, contra 22,3 milhões na frustrada safra anterior.
E aqui no Brasil, o plantio da safra de trigo caminha para o final, com os preços em franco recuo, particularmente no Rio Grande do Sul, onde a safra será recorde. A colheita no Estado gaúcho atingia, no dia 1º de dezembro, 85% da área semeada, contra 99% na média histórica (cf. Emater), estando praticamente concluída no Paraná.
Assim, o preço médio semanal, no balcão gaúcho, fechou a presente semana em R$ 85,32/saco, enquanto as principais praças locais praticaram R$ 84,00/saco. Já estamos com cerca de R$ 30,00/saco a menos do que os melhores momentos de preços ocorridos neste segundo semestre do ano.
Alertados para isso, os produtores gaúchos, neste momento, já teriam comercializado mais de 50% da safra esperada , sendo que 2 milhões de toneladas seriam para exportação, cerca de 400.000 toneladas para os moin hos gaúchos, 300.000 toneladas para indústrias de outros Estados brasileiros e 250.000 toneladas para ração e semente. (cf. Safras & Mercado)
Por enquanto, ainda há dúvidas quanto ao volume final a ser colhido pelo Brasil em trigo. Setores públicos avança m um total entre 9 e 9,5 milhões de toneladas, enquanto alguns setores privados chegam a 11 milhões de toneladas. Nas próximas semanas, com o encerramento da colheita, esperase chegar a um consenso a respeito.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).