As lagartas do complexo Spodoptera integram o grupo das principais pragas que acometem a cultura da soja. Os danos variam em função do período de incidência e densidade populacional da praga, mas podem ocorrer desde ataque às folhas, até corte de hastes, plântulas e legumes.
Dentre as principais espécies que integram esse grupo, destacam-se algumas de maior frequência como a S. frugiperda e a S. cosmioides. Entretanto esse complexo é formado por mais espécies, como a S. eridania e a S. albula.
Na maioria das ocasiões, os maiores danos em soja são decorrentes do consumo de área foliar, que pode chegar a mais de 350 cm-2 por lagarta, dependendo da espécie da lagarta (Domizi, 2017). A redução da área foliar da soja resulta na redução da área fotossintéticamente ativa da planta, e consequentemente na produção e acúmulo de fotoassimilados nos grãos.
Diferenciação entre espécies
A diferenciação entre espécies do complexo Spodoptera é um tanto quanto complicada, sendo mais acessível nas fases de lagarta.
Spodoptera frugiperda
Popularmente sendo a mais conhecida e comum, as lagartas de S. frugiperda apresentam pontuações pretas no dorso, sendo que no último segmento abdominal, apresentam quatro pontos pretos distribuídos como vértices em um quadrado (Sosa-Gómez et al., 2023). Essa espécie também apresenta a figura de um “Y” invertido na cabeça.
Figura 1. Spodoptera frugiperda.

Spodoptera cosmioides
A S. cosmioides por sua vez, apresenta variação de cor, desde amarelo-claro a preto, o que dificulta em parte sua identificação. A lagarta também apresenta listras dorsais amarelas ou ocre, com a área dorsal às vezes mais clara entre as manchas triangulares pretas, se assemelhando a outra espécie do complexo, a S. albula (Sosa-Gómez et al., 2023).
Figura 2. Spodoptera cosmioides.

Spodoptera eridania
Com características similares as demais lagartas do gênero, a S. eridania se diferencia por apresentar listras cor de creme, além de uma das faixas interrompida por uma mancha escura que não chega até a cabeça.
Figura 3. Spodoptera eridania.

Spodoptera albula
Não menos importante, a S. albula apresenta algumas características comuns a S. cosmioides, apresentando listras alaranjadas longitudinais, entretanto, com coloração do corpo variando entre cinza-escuro a castanho e cerca de 20 triângulos pretos na parte dorsal.
Embora a variação de cor dificulte a identificação dessa espécie, essas lagartas podem ser identificadas pela presença de uma mancha branca próxima da parte apical das manchas pretas, triangulares, dorsais, na parte posterior do tórax e dos segmentos abdominais (Sosa-Gómez et al., 2023)
Figura 4. Spodoptera albula

Vale destacar que embora as biotecnologias tenham avançado significativamente, as lagartas do gênero Spodoptera não são plenamente controladas pela tecnologia em Bt em soja. Assim, os agricultores que utilizam a soja Bt devem manter o monitoramento periódico da sua lavoura, a fim de manejar adequadamente as pragas não controladas por essa biotecnologia (Roggia et al., 2020).
Roggia et al. (2020), destacam que, quando necessário recorrer ao controle químico, deve-se avaliar o estádio de desenvolvimento da lavoura, danos e níveis de ação. Considerando que a praga acometa a soja durante a fase vegetativa, o nível de controle para as lagartas do complexo Spodoptera conforme recomendações de manejo é de 10 lagartas m-1 ou 30% de desfolha.
Durante os períodos de floração, formação de legumes e enchimento de grãos, aconselha-se realizar o controle químico quando atingido os níveis de 10 lagartas m-1 ou 15% de desfolha, considerando lagartas a partir de 1,5 cm (lagartas grandes) para o controle com inseticidas de ação rápida e lagartas menores de 1,5 cm para inseticidas biológicos (Roggia et al., 2020).
Veja mais: Recomendações de Manejo de Resistência a Inseticidas e Manejo de Pragas para Soja, Algodão e Milho no Brasil
Referências:
DOMIZI, L. CUANTIFICACIÓN DEL CONSUMO DE ÁREA FOLIAR EN SOJA BT Y SU EFECTO SOBRE LA BIOLOGÍA DE SPODOPTERA COSMIOIDES. XXI Encuentro de Jóvenes Investigadores de la Universidad Nacional del Litoral, 2017. Disponível em: < https://bibliotecavirtual.unl.edu.ar:8443/bitstream/handle/11185/1975/8.1.3.pdf >, acesso em: 01/04/2024.
ROGGIA, A. et al. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 9, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 01/04/2024.
SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1152855 >, acesso em: 01/04/2024.