Cerca de 160 pessoas da cadeia produtiva do Rio Grande do Sul participaram, nesta quarta-feira (10), da primeira Live do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O tema “Cultivo do milho no contexto da lavoura arrozeira: é viável técnica e financeiramente?”  foi debatido entre o diretor de Política Agrícola e Desenvolvimento Rural da Seapdr e coordenador do Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho (Pró-Milho), Ivan Bonetti; e o professor da Universidade Federal do RS e consultor do Instituto, Paulo Régis Ferreira da Silva. A transmissão foi aberta pelo presidente do Irga, Guinter Frantz, e a mediação ficou por conta do engenheiro agrônomo da autarquia Ricardo Kroeff.

Bonetti afirmou que, no Estado, o setor de proteína animal, aves, suínos e bovinos consome anualmente cerca de 6,4 milhões de toneladas de milho como ração para os animais. “Grande parte é trazida do centro-oeste do país, chegando a um preço bem elevado, devido ao custo com o transporte até as indústrias gaúchas”, contextualizou. Segundo ele, na última safra, a cultura do milho teve uma redução de 31% na sua produção estadual, ficando em apenas 4,2 milhões de toneladas produzidas. “O que significa que, logo, o setor de proteína animal terá que importar mais de 2,2 milhões de toneladas de outros estados”.

Conforme Bonetti, somado à estiagem que reduz a disponibilidade de milho no Estado, tem-se a expectativa da evolução do Status Sanitário para “livre de aftosa sem vacinação”, o que possibilitará mundialmente a abertura de novos parceiros comerciais para o setor de proteína animal. “Logo, precisarão de mais milho para ração dos animais”, explicou.

Ele contou que, de 2019 até maio de 2020, o Estado deixou de arrecadar R$ 260 milhões em ICMS por não produzir milho suficiente. De acordo com Bonetti, diante desse fato e também da preocupação em não haver o estrangulamento de um setor tão importante, responsável por 10% do PIB estadual, entre outros motivos, foi criado o Programa Pró-Milho, que tem o objetivo de tornar o Rio Grande do Sul autossuficiente em milho, na relação produção/consumo.

“A parceria com o Irga é fundamental para o programa, pois a metade sul do Estado, área de atuação do Instituto, não tem a tradição com grandes cultivos de milho, logo, a autarquia será uma disseminadora da ideia e de tecnologia, possibilitando ao produtor de arroz, a rotação de cultivo com o milho”, comemorou o diretor. “É uma conjunção que deverá ser exitosa e duradoura, fundamental para o Pró-Milho e excelente para o Irga, pois terá na Seapdr uma grande parceira para proporcionar ao produtor de arroz uma nova alternativa econômica e de produção”, finalizou.

O professor da Universidade Federal do RS e consultor do Instituto, Paulo Régis Ferreira da Silva, por sua vez, falou que ocorreu uma redução da área cultivada de milho no Estado, embora tenha havido aumento da produtividade.  Conforme ele, uma das causas é a menor competitividade com a soja, devido à instabilidade de preços pagos ao produtor, ao maior custo de produção, e à maior sensibilidade a estiagens, já que a área irrigada é muito pequena.

“Em rotação com arroz irrigado – embora o Irga, as universidades e a Embrapa tenham desenvolvido pesquisas com milho em área de arroz a longo tempo, a área é inexpressiva. Apenas para comparação, na última safra, a área cultivada com soja representou 35% da de arroz”, esclareceu Silva. Segundo ele, então, com o objetivo de incentivar ações que aumentem a produção e a qualidade do milho no RS, foi instituído o Pró-Milho.

Na opinião do professor, o cultivo do milho, conduzido sob condições de manejo para obtenção de produtividades altas e estáveis, é uma alternativa viável técnica e economicamente e pode contribuir para a sustentabilidade da atividade orizícola no Rio Grande do Sul.

O Irga promoverá novas transmissões ao vivo a cada semana. Entre os temas já definidos estão: melhoramento genético Irga; sistemas de produção em áreas arrozeiras; doenças do arroz; pragas do arroz; manejo da irrigação; manejo de plantas daninhas; e custo de produção, entre outros.

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural – Seapdr

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