O aumento mundial na demanda de alimentos nas indústrias é decorrente do elevado crescimento populacional. Em um mercado cada vez mais exigente, produzir mais de forma verticalizada sem a abertura de novas áreas e com menos impactos sobre o ambiente tem sido o grande desafio para todos os produtores. Dessa maneira, a soja (Glycine Max) se destaca como a principal leguminosa presente na dieta de milhões de pessoas, sendo rica em vitaminas, proteínas e aminoácidos essenciais, além de ser a principal fonte de proteína para animais. No entanto, a criação de tecnologias para desenvolvimento da cultura com potencial produtivo cada vez maior, requer e exige do produtor a assertividade nos manejos, como o fitossanitário (HUNGRIA, 2001).
Diante dessa perspectiva, manter um estande ideal de plantas está entre os principais fatores para alcançar elevadas produtividades, e para isso, é necessário maior atenção com as doenças causadas por fungos de solo, que atacam severamente as plantas passando, às vezes, despercebido pelo produtor, dentre elas, destaca-se a macrophomina phaseolina popularmente conhecida como podridão de carvão. Os fungos são facilmente encontrados nos solos de cultivo agrícola, dependendo da espécie, podem atuar de forma benéfica ou prejudicando o estabelecimento das culturas (SANTOS 2020). A Macrophomina phaseolina, quando presente no solo, causa sérios danos ao desenvolvimento da soja ou, até mesmo, a morte de plantas. É uma enfermidade recorrente em solos sem a ideal estrutura de compactação dificultando a infiltração das raízes, ficando suscetível a exposição ao estresse hídrico e elevadas temperaturas do dia, características estas proporcionadas pelo clima na safra 2021/2022, favorecendo o desenvolvimento do fungo. (HUNGRIA 2020).
Esse fungo tem estruturas de resistência podendo permanecer no solo até 1,5 anos, permanência essa no solo, vinculada pela presença de microescleródios. Vale salientar, que a maior incidência da podridão de carvão é decorrente da alta infestação de microescleródios no ambiente e nas regiões de clima seco com temperaturas acima de 30°C é propício para a manifestação dessa enfermidade.
Em solos contaminados pelo fungo macrophomina phaseolina a cultura apresenta redução de germinação, causando problemas no estande final de plantas, sendo as sementes a principal forma de transmissão dos fungos (SANCHES apud WENDLAND, 2020). O micélio e os microescleródios se desenvolvem dentro do tegumento, além do problema de transmissão, as sementes em geral, não apresentam sinais de infecção (ALMEIDA apud KUNWAR, 2014).
Os sintomas variam de acordo com a idade da planta no momento da infecção. A infecção durante a emergência causa lesões de coloração marrom escura, na região do colo, as plantas infectadas geralmente ocorrem aleatoriamente em fileiras ou reboleiras, isso se sucede em decorrência da diversidade da distribuição dos microescleródios no solo. As plantas infectadas que sobrevivem à infecção inicial apresentam amarelecimento nas folhas de forma progressiva, levando a murcha. As folhas permanecem aderidas, mas ficam caídas ao longo das hastes, posteriormente tornam-se secas e de coloração marrom-escura (ALMEIDA, 2014).
Nessas plantas, as raízes apresentam a epiderme solta, ou facilmente destacável, deixando à mostra pontuações negras, que são os microescleródios, quando estes estão incrustados na camada externa do córtex, é comum se ver a medula com micélio cotonoso e escuro (ALMEIDA, 2014).
O fungo macrophomina phaseolina é uma doença presente nos solos brasileiros de difícil controle, sendo inexistentes ferramentas para controle dessa doença, principalmente pela alta variabilidade genética que o fungo possui na cultura da soja, tornando cada vez mais difícil encontrar formas para manejar a doença.
Diante disso, a principal forma de manejo da macrophomina phaseolina é eliminar as condições de desenvolvimento da doença, ou seja, buscar melhorar a qualidade física do solo, já que a compactação é um fator preponderante para o desenvolvimento do fungo, evitar estresse hídrico, realizar a implantação do sistema plantio direto, adição de palhada no sistema e rotação de culturas estão entre os principais fatores para diminuir a incidência do inóculo na área, já que não há cultivares tolerantes e controle químico recomendado.
Por: Diogo Moraes Verzegnazzi e Thaysla Fernandes Vezaro acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AEGRO. Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/fungos-de-solo/#:~:text=como%20evit%C3%A1%2Dlos-,O%20que%20s%C3%A3o%20fungos%20de%20solo%3F,e%20pelo%20aumento%20da%20produtividade>. Acesso em 9 de novembro de 2022.
ALMEIDA, Álvaro. Macrophomina phaseolina em soja. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/989352/1/Doc.346OL.pdf>. Acesso em 12 de novembro de 2022.
SANCHES, Ana Clara. QUALIDADE DE SEMENTES DE PLANTAS DE SOJA INFECTADAS COM Macrophomina phaseolina (Tassi) Goid. EM ESTÁDIOS FENOLÓGICOS REPRODUTIVOS. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/214699/sanches_acn_me_botfca.pdf?sequence=5&isAllowed=y>. Acesso em 15 novembro de 2022.
HUNGRIA, Mariangela. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/459673/1/circTec35.pdf>. Acesso em 15 de novembro de 2022.
Incrível tua publicação meus parabéns pela sabedoria ,tou encantado