O magnésio (Mg) desempenha um papel essencial no metabolismo das plantas, sendo considerado componente essencial da unidade de porfirina na molécula de clorofila, permitindo a absorção eficiente de luz solar durante a fotossíntese. Além disso, o magnésio contribui para a estabilidade estrutural dos ribossomos, que são os locais de síntese de proteínas nas células vegetais. Como ativador enzimático, o magnésio é fundamental para várias reações metabólicas importantes, incluindo a ativação das enzimas envolvidas na fotossíntese, como a ribulose-1,5-bifosfato carboxilase/oxigenase (Rubisco) e a fosfoenolpiruvato carboxilase.
Ademais, atua como ligante, facilitando a interação entre as moléculas de ATP e os sítios ativos das enzimas. Tais funções combinadas garantem o adequado funcionamento do metabolismo celular e são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das plantas. (Paulilo et al., 2015).
De acordo com o International Plant Nutrition Institute (IPNI), o magnésio é considerado um macronutriente essencial para as plantas, sendo absorvido em quantidades similares ao fósforo. A deficiência desse nutriente pode manifestar-se inicialmente através de uma coloração verde-pálido nas bordas das folhas, evoluindo posteriormente para uma clorose marginal nas folhas mais velhas. Com o decorrer do tempo, essa clorose pode avançar para entre as nervuras (Borkert et al., 1994).
A deficiência de magnésio, segundo Paulilo et al. (2015), induz a clorose foliar devido à degradação de clorofila nas áreas entre as nervuras das folhas. Isso ocorre porque os cloroplastos nessa região são menos sensíveis à deficiência de magnésio e retêm a clorofila por um período maior. Vale ressaltar que o magnésio é um elemento móvel dentro da planta, sendo redistribuído das partes mais velhas para as mais novas. Esse movimento resulta na clorose das folhas mais velhas em casos de deficiência.
Figura 1. Teor de Magnésio nos bordos e no centro de folha de soja com sintomas de deficiência de magnésio.
Taiz et al. (2016) destacam que em casos de deficiência severa de magnésio, as folhas podem apresentar coloração amarela ou branca, e um sintoma adicional é a senescência e a queda prematura das folhas. As plantas possuem acesso ao magnésio apenas da solução do solo e os fatores que contribuem para a demanda deste nutriente são:
- Mg importado de outras áreas, incluindo: água de irrigação, fertilizantes comerciais, esterco, biossólidos e decomposição de sedimentos;
- Intemperismo de minerais primários e secundários contendo Mg, como certos tipos de anfibólios, biotita, cloritas, dolomita, granadas, olivina, magnesita, flogopita, alguns piroxênios, serpentinas, talco e turmalina;
- Liberação das camadas internas dos filossilicatos clorita, esmectita e vermiculita;
- Liberação (dessorção) de superfícies e arestas dos filissilicatos, o que é denominado “Mg trocável”.
O magnésio trocável e o magnésio presente na solução do solo são as formas deste nutriente geralmente avaliadas em análises de solo, sendo reconhecidas como prontamente disponíveis para as planta. Essas formas de magnésio representam a fração do nutriente que está facilmente acessível às raízes das plantas para absorção (IPNI).
O magnésio, assim como outros nutrientes, conforme afirmam Castro et al. (2020), pode ser removido do solo através de processos de lixiviação, exportação via colheitas e erosão. Além disso, as perdas por erosão dependem da textura e topografia do solo, do volume de chuvas, do sistema de cultivo e do teor dos nutrientes no solo.
Figura 2. Representação esquemática do ciclo biogeoquímico do magnésio em um sistema de produção agrícola.
No manejo da fertilidade do solo, Castro et al. (2020) afirmam que as recomendações de adubação são baseadas em critérios técnicos que consideram as exigências nutricionais das plantas e o potencial de resposta da cultura, visando a aplicação consciente de macronutrientes primários por meio de formulações NPK ou pelo uso de fontes simples e inoculantes para estimular a fixação biológica de nitrogênio.
No entanto, os autores destacam que calagem é a principal forma de fornecimento de cálcio e magnésio às plantas, além de elevar o pH do solo, reduzir a concentração de alumínio tóxico e aumentar a disponibilidade de nutrientes, pois melhora a capacidade de troca de cátions (CTC) efetiva do solo. A absorção de nutrientes pelas plantas é influenciada por fatores genéticos e edafoclimáticos, os quais estão relacionados à produção de massa de Matéria Seca Total (MST) e à concentração de nutrientes na planta. Geralmente, a absorção de nutrientes é proporcional ao acúmulo de MST.
Para que a calagem atinja os objetivos de neutralização do alumínio trocável e/ou de elevação dos teores de cálcio e magnésio, Oliveira Junior et al. (2020) destacam que algumas condições básicas devem ser observadas:
- O calcário deverá passar 100% em peneira com malha de 2 mm;
- O calcário deverá apresentar teores de CaO + MgO > 38%;
- A escolha do calcário deve levar em consideração os teores trocáveis de cálcio e magnésio e a relação Ca/Mg do solo, devendo-se dar preferência ao calcário com pelo menos 12% de MgO, em solos que contenham teores baixos ou médios de Mg2+, ou ainda, quando a relação Ca/Mg é elevada.
- A distribuição desuniforme pode aumentar a variabilidade espacial dos atributos relacionados à acidez do solo e causar ou agravar desequilíbrios nutricionais.
Figura 3. Fontes comerciais de magnésio utilizadas no Brasil.
Por fim, sabe-se que a manutenção adequada da fertilidade do solo é essencial para garantir não apenas boas produtividades, mas também ao crescimento e desenvolvimento das plantas por meio dos processos metabólicos dos quais os nutrientes são responsáveis. Se tratando do magnésio, a principal fonte utilizada para seu suprimento é o calcário dolomítico, cujo objetivo principal é a correção da acidez, com consequente efeito secundário de elevação da saturação por base (V%) pelo fornecimento de Ca2+ e Mg2+ (Castro et al., 2020).
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Referências:
BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Arquivo do Agrônomo, Informações agronômicas, n. 66, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 15/03/2024.
CASTRO, C. et al. MAGNÉSIO: MANEJO PARA O EQUILÍBRIO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa Soja, documentos, 430. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/224430/1/DOCUMENTO-430-online.pdf >, acesso em: 15/03/2024.
IPNI. MAGNÉSIO. International Plant Nutrition Institute, Nutri-FATOS, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-6/$FILE/NutriFacts-BRASIL-6.pdf >, acesso em: 15/03/2024.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 7. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 15/03/2024.
PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia/files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em: 15/03/2024.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Revisão técnica: Paulo Luiz de Oliveira, ed. 6, Artmed. Porto Alegre – RS, 2016.
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