Autores: Eduardo Argenta Steinhaus¹, Luiz Eduardo Braga¹, Luiz Francisco Warpechowski¹ e Roberto Costa Avila Neto²
As plantas daninhas causam redução de produtividade em diversas culturas, dentre elas, a canola (Brassica napus L.). Sendo uma importante oleaginosa produzida no inverno, pertencente à família das Brassicaceas. A cultura vem ganhando espaço no cenário nacional, devido aos altos teores de óleo e proteína (TOMM, 2007), bem como, seu aumento de produtividade, e ao investimento em novos híbridos. Entretanto, assim como em outras culturas, sofre com a interferência de plantas daninhas, competindo por água, luz e nutrientes, diminuindo assim o seu potencial produtivo (LONG et al., 2016; BRANDLER, 2019).
Para um manejo mais eficiente e sustentável é importante entender os períodos críticos de interferência. Os períodos de interferência são ferramentas que ajudam a delimitar a entrada da aplicação, visando a entrada na hora certa, não acarretando perdas de produtividade para a cultura e lucratividade para o produtor. O período crítico de prevenção de interferência (PCPI), é quando devemos fazer a intervenção com herbicidas, este período na cultura da canola acontece dos 25 aos 60 DAE (Dias Após a Emergência) (BRANDLER, 2021). Além disso, é fundamental também compreender quais são as plantas daninhas que causam problemas para esta cultura.
As plantas dicotiledôneas (folha-larga), por muitos anos dificultaram/inviabilizaram o cultivo da canola (TOMM et al., 2017). Dentre as quais, é possível destacar o nabo (Raphanus sativus), nabiça (R. raphanistrum L.) e a ervilhaca (Vicia cracca) a buva (Conyza spp.) (Figura 1) são as principais plantas daninhas de folha-larga, já as plantas daninhas de folha-estreita estão o azevém (Lolium multiflorum) (Figura 2), aveia-preta (Avena strigosa)(BRANDLER et al., 2021). Estas são algumas das plantas daninhas destacadas pela literatura, sabe-se que existem outras que afetam as lavoras.
A competição da canola com o nabo e azevém, causa maior retenção foliar (Galon et al., 2015). Enquanto, estudos mostram também que o nabo pode ocasionar perdas significativas de produtividade desta oleaginosa (FRANZ et al., 2020). As perdas podem chegar até 90%, em virtude do sombreamento provocado por esta planta daninha (Blackshaw et al., 2002), e de 94,4% em competição com o nabo, azevém e aveia preta (BRANDLER et al., 2021).
Uma forma eficiente de manejo das plantas daninhas veio com a implementação de híbridos com a tecnologia CL (Clearfield), que proporciona a tolerância ao mecanismo de inibição da ALS (Acetolactato sintase). Melhorando assim o manejo de plantas daninhas durante a ocorrência do seu ciclo. Neste contexto, as alternativas para manejar as plantas daninhas, é baseado pincipalmente no controle químico em híbridos de canola com a tecnologia CL, sendo possível fazer uso dos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas, preconizando sempre aplicação em fases de desenvolvimento iniciais ,visando a melhor eficiência do herbicida.
Existem ainda alguns herbicidas registrados para uso em canola convencional, sendo eles somente graminicidas que podem ser aplicados em pós-emergência da cultura. Os herbicidas Fluazifope-P-butílico e clethodim, do mecanismo de ação dos inibidores da ACCase. Já para a tecnologia CL, a utilização deve ser cuidadosa, uma vez que já existem vários registros de ocorrência de resistência ao mecanismo de ação dos inibidores da ALS (HEAP, 2021). Este dado reforça o fato que devemos trabalhar o sistema, fazendo uso de todas as ferramentas e métodos de controle disponíveis, desde a cobertura de solo, até o manejo químico, visando evitar o aparecimento de novos biótipos resistentes.
Concluímos que o manejo de plantas daninhas na cultura da canola merece atenção, visto que se tem poucas alternativas para o manejo durante a cultura, baseando-se sempre em híbridos com a tecnologia CL, entretanto é importante salientar que a utilização demasiada de herbicidas inibidores da ALS, pode intensificar os casos de resistência, como já é o caso de biótipos de azevém e nabo as sulfonilureias. Portanto, deve ser trabalhado o sistema, trabalhando com herbicidas de amplo espectro analisando a situação da área e quando necessário entrar com aplicações sequenciais, e pré-emergentes, fazendo uso do controle cultural trabalhando com a cobertura do solo para diminuir as populações de plantas daninhas.
Informações sobre os autores:
- ¹ = Estudante do curso de agronomia URI Campus Santo Ângelo e Membro do Grupo de Proteção de Plantas URI Santo Ângelo.
- ² = Professor da área de Herbologia, Mestre em Engenharia Agrícola, URI Campus Santo Ângelo, Membro do Grupo de Proteção de Plantas URI Santo Ângelo.
Referências
BLACKSHAW, Robert E. et al. Influence of wild radish on yield and quality of canola. Weed Science, v. 50, n. 3, p. 344-349, 2002.
BRANDLER, Daiani. Interferência e nível de dano econômico de plantas daninhas na cultura da canola. 2019.
BRANDLER, Daiani et al. Interferência de plantas daninhas na canola. Comunicações , v. 11, p. 001-008, 2021.
FRANZ, Evandro et al. Habilidade competitiva de cultivares de Canola em competição com o Nabo. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 10, p. 82507-82523, 2020.
GALON, L. et al. Competitive ability of canola hybrids with weeds. Planta Daninha, v. 33, p. 413-423, 2015.
HEAP. I. The International Survey of Herbicide Resistant Weeds. Disponível em (http://www.weedscience.org/pages/Species.aspx). Acesso em 10/07/2021.
LONG, D. S. et al. Development of dryland oilseed production systems in northwestern region of the USA. BioEnergy Research, v. 9, n. 2, p. 412-429, 2016.
TOMM, Gilberto Omar. Indicativos tecnológicos para produção de canola no Rio Grande do Sul. 2007.
TOMM, Gilberto Omar et al. Características dos primeiros híbridos de canola com tecnologia para controle de plantas daninhas, no Brasil. In: Embrapa Trigo-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CANOLA, 1., 2017, Passo Fundo. Anais… Brasília, DF: Embrapa, 2017., 2017.