“Uma boa lavoura começa por uma boa semente”, contudo somente a qualidade das sementes não é capaz de garantir um processo uniforme de emergência e estabelecimento de plantas, é preciso certos cuidados durante o processo de semeadura para viabilizar a germinação das sementes. Tais cuidados se referem a profundidade de semeadura, correto fechamento do sulco para garantir o contato semente solo, a correta distribuição de sementes entre outros …

Durante a semeadura, alguns mecanismos auxiliam na qualidade do processo, um deles é o mecanismo dosador de sementes.  Segundo NETO et. al (2008) vários são os mecanismos dosadores de sementes existentes no mercado, contudo nenhum consegue atender plenamente pré-requisitos de distribuição espacial, isso por que a distribuição é dependente de vários fatores desde os relacionados ao projeto da semeadora, até fatores relacionados a sua correta utilização no campo.


Veja também: Controle de qualidade na produção de sementes de soja 


Os mecanismos mais comumente encontrados a nível de lavoura são os mecanismos dosadores de sementes mecânicos e os pneumáticos. Conforme descrito por OLIVEIRA et. al (2019) os mecanismos dosadores de sementes mecânicos funcionam através da deposição das sementes em discos perfurados (discos alvéolados). As sementes são depositadas no disco, e ele as conduz até a porta de liberação, onde serão conduzidas até o solo, contudo, esse sistema é mais propenso a falhas na uniformidade da distribuição e altamente dependente da velocidade do conjunto semeadora + trator para o seu correto funcionamento, isso por que duas sementes podem se depositam em um mesmo alvéolo, ou nenhuma. O escoamento das sementes nas caixas sementeiras também interfere na sua distribuição, uma das alternativas é a adição de grafite junto as sementes para facilitar seu escoamento.

Já os mecanismos dosadores pneumáticos, OLIVEIRA et. al (2019) descreve que funcionam com base na sucção gerada por uma pressão negativa, a qual gera força suficiente para aderir a semente a um furo no disco de distribuição, sem causar danos a semente. Dessa forma, é garantida a adesão de uma semente por furo, implicando em maior uniformidade na distribuição das sementes. As sementes ficam aderidas ao disco até alcançarem o local de liberação, os autores ainda destacam que quando comparados os dois tipos de mecanismos, o mecanismo pneumático possibilita maiores velocidades de trabalho sem que haja perda significativa na uniformidade de distribuição de sementes, sendo recomendadas as velocidades de semeadura de até 6 km.h-1 para mecanismos mecânicos e até 8 km. h-1 para mecanismos pneumáticos.

Figura 1. Ilustração do mecanismo dosador de sementes mecânico.

Fonte: Leandro M. Gimenez

Figura 2. Má distribuição de sementes nos discos alvéolados.

Fonte: MARTIN, T. N. Os 10 “S” da produtividade da soja.

Figura 3. Ilustração do funcionamento de um mecanismos de dosagem de sementes pneumático.

Fonte: MIALHE (2012).

Trabalhos comparando os dois mecanismos de dosadores de sementes demonstram maior uniformidade quando utilizado o mecanismo pneumático. Avaliando a distribuição de sementes de milho em sistema plantio direto, BOTTEGA et. al (2018) encontraram resultados que demonstram a relação da velocidade com a distribuição de sementes e ainda, a maior desuniformidade de distribuição para o mecanismo de dosagem mecânico (tabela 1).

Tabela 1. Médias de falhas e plantas duplas em função do mecanismos de dosagem de sementes utilizado e da velocidade de semeadura.

Adaptado: BOTTEGA et. al (2018).

Além dos mecanismos de dosagem de sementes mecânico e pneumático, PORTELLA (1997) destaca a existência de outros mecanismos, tais como o de Fluxo contínuo, o qual é muito empregado para distribuição de sementes pequenas, cultura de inverno e pastagens; Mecanismo dosador de disco inclinado, Mecanismo dosador de Dedos Preensores entre outros. Cada mecanismo apresenta suas particularidades, qualidades e defeitos, contudo cabe ressaltar que independente o mecanismo de dosagem de sementes utilizado, é imprescindível a regulagem da semeadora “no galpão” e na lavoura, uma vez que características de solo como umidade podem influencias na distribuição de sementes e adubo, requerendo novos ajustes na semeadora na lavoura.

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Referências:

BOTTEGA, E. L. et. al. DIFERENTES DOSADORES DE SEMENTES E VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO NA SEMEADURA DO MILHO EM PLANTIO DIRETO. Pesq. agropec. pernamb. Recife, n.22, 2018.

GIMENEZ, L. M. DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS. ESALQ/USP. 2017.

 

MARTIN, T. N. OS 10 “S” DA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Mais Soja Cursos. Disponível em: https://maissojacursos.com.br/v3/courses/detail/os-10-s-da-produtividade-da-soja, acesso em 07/04/2020.

MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas para plantio, 1. ed. Campinas: Millenium Editora, p.623. 2012.

NETO, R. P. et. al. DESEMPENHO DE MECANISMOS DOSADORES DE SEMENTES EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE COBERTURA DO SOLO. Acta. Sci. Agron. Maringá, v.30, p. 611-617, 2008.

OLIVEIRA, A. B. et al. COLEÇÃO 500 PERGUNTAS, 500 RESPOSTAS. Embrapa, Brasília, 274 p. 2019.

PORTELLA, J. A. MECANISMOS DOSADORES DE SEMENTES E DE FERTILIZANTES EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS. Documentos, 41, Embrapa, Passo Fundo, 40p. 1997.

Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo.

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