As cotações do trigo romperam o piso dos US$ 7,00/bushel, algo que não era visto desde meados de setembro de 2021, ou seja, há cerca de 17 meses. Após atingir a US$ 6,91/bushel no dia 28/02, houve uma pequena melhora e o fechamento deste dia 02/03 ficou em US$ 7,01/bushel, contra US$ 7,38 uma semana antes. Lembrando que a média de fevereiro ficou em US$ 7,51/bushel, com aumento de 0,94% sobre janeiro. Destacando que a média de fevereiro de 2022, atingiu a US$ 8,06/bushel.
Na verdade, o bushel de trigo em Chicago, que chegou a bater em um recorde de US$ 14,25 nos primeiros 15 dias após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado, nestes pouco mais de 12 meses após o início do conflito, já perdeu 51,5% de seu valor em Chicago.
Dito isso, as vendas líquidas de trigo, por parte dos EUA, atingiram a 591.725 toneladas na semana encerrada em 23/02. Este volume superou levemente o ponto máximo da expectativa do mercado, para a semana. No total do ano comercial atual, os EUA embarcaram 15,2 milhões de toneladas de trigo, ou seja, 2% a menos do que o registrado no mesmo período do ano anterior.
E aqui no Brasil, os preços do cereal se mantiveram nos mesmos níveis da semana anterior. O balcão gaúcho ficou na média de R$ 78,00/saco, contra R$ 85,50 um ano atrás (redução de 8,8% em seu valor), enquanto no Paraná o valor do produto permaneceu em R$ 90,00/saco, contra a média de R$ 91,00 um ano antes.
Desde o início do ano o mercado brasileiro, para o trigo, se mostra muito lento. De um lado, muitos moinhos estariam abastecidos, enquanto, por outro lado, outras indústrias do setor indicam que a demanda atual, por derivados de trigo, está baixa no país, limitando o interesse de negócios com o grão. Além disso, como o alertado em semanas anteriores, os vendedores têm ofertado muito trigo, visando liberar seus armazéns para a entrada da safra de verão. E as exportações não conseguem compensar esse quadro de maior oferta interna, em relação a demanda, fato que fragiliza os preços ao produtor.
Enfim, as últimas estatísticas da Conab dão conta de que a área total semeada com trigo, na última safra no país, atingiu a 3,09 milhões de hectares, sendo 1,45 milhão no Rio Grande do Sul e 1,2 milhão no Paraná. A produtividade média nacional ficou em 3.420 quilos/hectare, o que equivale a 57 sacos/hectare. O Rio Grande do Sul registrou 3.941 quilos/hectare (65,7 sacos/hectare), enquanto o Paraná ficou em apenas 2.928 quilos (48,8 sacos/hectare), devido a frustração climática. Ou seja, a produtividade média gaúcha, neste último ano, ficou 16,9 sacos/hectare acima da paranaense.
Já a produção final nacional teria atingido a 10,5 milhões de toneladas do cereal, sendo um recorde histórico. Deste total, o Rio Grande do Sul contribuiu com 5,73 milhões (54,6% do total), enquanto o Paraná atingiu a 3,5 milhões de toneladas (33,3% do total). A destacar que as demais regiões do país, afora o Sul, somaram uma produção de 1,62 milhão de toneladas, confirmando seu crescimento. Cinco anos antes, sua contribuição foi de 573.000 toneladas, e 10 anos atrás de apenas 230.000 toneladas. Ou seja, nos últimos 10 anos a produção de trigo, por parte das regiões não tradicionais produtoras, cresceu mais de 600% em nosso país, enquanto a região Sul, tradicional produtora, aumentou em pouco mais de 115% sua produção do cereal.
Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui. Clique na imagem e confira.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).