Por T&F Agroeconômica
Análise semanal da tendência de preços.
FATORES DE ALTA
a) China aumenta importação de soja e óleos vegetais: A China importou 9,823 milhões de toneladas de soja em dezembro de 2023, de acordo com dados preliminares publicados hoje pela Administração Geral de Alfândegas do país (Gacc, na sigla em inglês). O volume representa avanço de 24% ante novembro de 2023, mas recuo de 6,9% ante dezembro de 2022 (10,55 milhões de toneladas). Com isso, no acumulado do ano de 2023, as compras de soja pela China somaram 99,41 milhões de toneladas, incremento de 11,4% 2022.
Segundo a Gacc, a China importou 811 mil toneladas de óleos vegetais comestíveis no mês passado, queda de 12% ante novembro e de 11,4% na comparação com igual mês do ano anterior. Em valor, as compras alcançaram US$ 798,5 milhões. De janeiro a dezembro de 2023, foram compradas 9,812 milhões de toneladas de óleos vegetais, 51,4% a mais do que em 2022.
b) Aumento do biodiesel no diesel, no Brasil deve aumentar a demanda por óleo e o esmagamento: O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu no último dia 19 de dezembro aumentar o teor de biodiesel na mistura ao óleo diesel de 12% para 14% a partir de março de 2024. O percentual subirá para 15% a partir de março de 2025. Isto poderá manter os preços do mercado interno levemente acima dos preços externos ou, pelo menos, estimular a disputa pelo grão. Programas semelhantes estão sendo implantados nos EUA (onde o óleo de soja já tem uma finalidade industrial maior que a alimentícia) e na Índia, que é o maior importador de óleos vegetais do mundo;
c) Aumento da produção de carnes no Brasil deve aumentar a demanda por farelo. Segundo a ABPA deverá haver um aumento de até 4% ou 5 milhões a 5.15 milhões de toneladas, na produção de suínos; a produção de frangos deverá superar o recorde de 2023 (15,44 MT) atingindo 16 MT, segundo a Conab; o Rabobank projeta um novo aumento recorde de 1 a 2% na produção de carne bovina em 2024, guiados pelo mercado internacional, expectativas de aumento nas importações chinesas e pela retomada do consumo doméstico. Tudo isto deverá aumentar a demanda por farelo no mercado interno, eventualmente provocando um pequeno descolamento das cotações internacionais.
FATORES DE BAIXA
a) dados de produção e estoque nos Estados Unidos que vieram acima das expectativas do mercado. Em seu relatório mensal de oferta e demanda, o Departamento de Agricultura do país (USDA) revisou para cima suaestimativa para a safra norte-americana que foi colhida no ano passado, para 113,34 milhões de toneladas, com rendimento de 3,4 toneladas por hectare. Em dezembro, o governo dos EUA previu 112,38 milhões de toneladas, com produtividade de 3,36 toneladas por hectare. Analistas consultados pelo Wall Street Journal esperavam um número menor, de 112,22 milhões de toneladas, com rendimento de 3,35 toneladas por hectare.
b) estoques nos EUA ao fim de 2023/24, a estimativa ficou em 7,62 milhões de toneladas, ante 6,67 milhões de toneladas previstas em dezembro. A expectativa dos analistas era de uma redução para 6,51 milhões de toneladas.
MERCADO DO DIA 15/01/2024
SOJA fechou o dia e a semana em baixa com dados do WASDE
FECHAMENTOS DO DIA 15/01: O contrato de soja para março24, a próxima data negociada nos EUA, fechou em baixa de -0,99 %, ou $ -12,25 cents/bushel a $ 1224,25. A cotação de maio24, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -0,98 % ou $ -12,25 cents/bushel a $ 1235,75. O contrato de farelo de soja para março fechou em baixa de – 0,03 % ou $ -0,1 ton curta a $ 362,1 e o contrato de óleo de soja para março fechou em baixa de -0,96 % ou $ -0,47/libra-peso a $ 48,25.
A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em baixa. O relatório do USDA trouxe uma serie de dados baixistas para o complexo de grãos. No caso da soja, o departamento aumentou a produção da safra 2023, o rendimento e o estoque final. No caso dos dois primeiros os analistas esperavam uma alta menor, já os estoques finais, o mercado apostava em uma redução nos números, fato oposto ao acontecido.
O corte na safra brasileira também foi um fator de decepção para o mercado, visto que enquanto as consultorias locais vão de um intervalo de 135 milhões até os 155,27 oficiais da Conab, o USDA cortou a safra de 161 para 157 milhões de toneladas.
Uma situação de oferta mais confortável significa que a próxima safra terá uma margem de manobra maior para lidar com questões climáticas, disse em nota Doug Bergman, da RCM Alternatives. John Payne, da Hedgepoint Global, disse que os preços de soja ainda podem cair mais 50 cents, para cerca de US$ 11,50 por bushel.
Com isso a soja fechou a semana em queda de -2,55% ou $-32,00 cents/bushel. O farelo de soja fechou em baixa de -1,98% ou $ -7,30 ton-curta. O óleo de soja fechou o período em alta de 1,30% ou $0,62 libra-peso.
NOTÍCIAS IMPORTANTES
O QUE O USDA COMENTOU SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE SOJA NO RELATÓRIO? Em primeiro lugar temos que ter presente que a soja se insere no quadro geral de oleaginosas, que engloba também a produção de mamona, girassol, amendoim e caroço de algodão e seus respectivos subprodutos.
SAFRAS DE OLEAGINOSAS NOS EUA: Assim, a produção de oleaginosas dos EUA para 2023/24 é estimada em 122,4 milhões de toneladas, um aumento de 0,9 milhão em relação ao mês passado. As maiores colheitas de soja, colza e girassol são parcialmente compensadas pelas menores colheitas de amendoim e sementes de algodão. A produção de soja é estimada em 113,34 MT, um aumento de 95 mil toneladas, liderada por aumentos em Illinois, Missouri e Dakota do Norte. A área colhida é estimada em 82,4 milhões de acres, uma queda de 0,4 milhão em relação ao relatório anterior. O rendimento é estimado em 50,6 bushels por acre, um aumento de 0,7 bushels.
Com estoques iniciais ligeiramente mais baixos, a oferta de soja aumentou 843,67 mil tons em relação ao mês passado. As As previsões de exportação e esmagamento de soja permanecem inalteradas. Com oferta maior e resíduo ligeiramente menor, os estoques finais estão projetados em 7,62 MT, um aumento de 952,52 mil tons. Os ajustes no balanço do óleo de soja incluem o aumento das importações e do uso de biocombustíveis, e a redução das exportações e de alimentos, rações e outros usos industriais. A menor utilização de alimentos, rações e outros usos industriais é parcialmente compensada pelo aumento das importações e do consumo de óleo de canola.
O preço médio da soja para a temporada 2023/24 nos EUA está projetado em US$ 12,75 por bushel, queda de 15 centavos em relação ao mês passado. O preço do farelo de soja está projetado em US$ 380 por tonelada curta, queda de 10 dólares. O preço do óleo de soja está previsto em 54 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3 centavos.
SAFRA GLOBAL DE SOJA: A produção global de soja em 2023/24 aumentou 0,1 milhão de toneladas, para 399,0 milhões, à medida que as previsões de produção mais altas para Argentina, Estados Unidos, Rússia, China, Paraguai e Bolívia compensam a menor produção do Brasil. As chuvas abundantes no início da época melhoraram as perspectivas de rendimento para a Argentina e o Paraguai, aumentando a produção em 2,0 milhões de toneladas, para 50,0 milhões, e em 0,3 milhões de toneladas, para 10,3 milhões, respectivamente. A safra de soja da China aumentou 0,3 milhão de toneladas, para 20,8 milhões em relatórios do Departamento Nacional de Estatísticas da China.
A produção de soja para a Rússia aumentou 0,4 milhões de toneladas, para 6,8 milhões, com um rendimento mais elevado. Por outro lado, a produção de soja para o Brasil está prevista em 157,0 milhões de toneladas, uma queda de 4,0 milhões em relação ao mês passado e uma queda de 3,0 milhões de toneladas em relação à safra recorde do ano passado de 160,0 milhões de toneladas.
A redução das chuvas na região Centro-Oeste e nos estados do Nordeste reduziu o potencial produtivo. Outra mudança notável nas sementes oleaginosas inclui a menor produção global de sementes de girassol, uma queda de 1,3 milhões de toneladas, devido à menor produção da UE, Argentina e Rússia.
A moagem global de soja para 2023/24 permanece praticamente inalterada, com a menor moagem para o Brasil compensada principalmente pela maior moagem para Argentina, Índia, Bolívia, Egito e Tailândia. O comércio de farelo de soja permanece inalterado, uma vez que o aumento das exportações para Argentina, Índia e Bolívia compensa os menores embarques brasileiros.
As exportações globais de soja para 2023/24 aumentaram 0,7 milhão de toneladas, para 170,9 milhões, com maiores exportações para o Paraguai e a Rússia. Os estoques finais globais de soja estão previstos em 114,6 milhões de toneladas, um aumento de 0,4 milhão, principalmente devido aos estoques mais elevados dos Estados Unidos e da Argentina, parcialmente compensados pelos estoques brasileiros mais baixos. (Tradução livre do texto do USDA de janeiro/24).
Fonte: T&F Agroeconômica