Por T&F Agroeconômica

ANÁLISE SEMANAL DA TENDÊNCIA DOS PREÇOS

FATORES DE ALTA

a) Criadores de suínos na China estão relutantes em reduzir a ampla oferta de animais, apesar das recomendações do governo para que o setor adote medidas para conter os prejuízos. Segundo a consultoria, isso deve sustentar a demanda por farelo e ração no curto prazo, segundo fontes ouvidas pela S&P Global Commodity Insights;

b) Medidas econômicas da China, como reduzir o depósito compulsório dos bancos para injetar mais dinheiro na economia, melhoraram a demanda sobre as commodities e podem dar sustentação aos prêmios no Brasil, já que o país está esperando a entrada da safra brasileira para continuar suas compras.

FATORES DE BAIXA

a) Maior estimativa para a safra da Argentina. Na quinta, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires elevou sua projeção de 50 milhões para 52,5 milhões de toneladas. O ajuste foi motivado pelas boas condições das lavouras e pela elevação, em novembro, da estimativa de área plantada, disse a bolsa, acrescentando, porém, que serão necessárias mais chuvas nas regiões de cultivo. A previsão para as próximas semanas, no entanto, é de clima quente e seco na Argentina, o que ajudou a limitar as perdas;

b) Demanda externa pelo grão norte-americano. Traders aguardavam nesta semana possíveis vendas avulsas para a China, após o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) ter anunciado uma venda de 297 mil toneladas para o país asiático na sexta passada. A expectativa, porém, não se confirmou e a percepção é de que os chineses estão aguardando a chegada da soja brasileira ao mercado;

c) Fundos de investimento elevaram suas apostas na queda dos preços de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) na semana encerrada em 23 de janeiro. De acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) divulgados nesta sexta-feira, a posição líquida vendida aumentou 22,3% no período, de 78.827 para 96.392 lotes;

d) Preços no Brasil recuaram mais do que em Chicago: Os preços da soja no Brasil, pelo excesso de disponibilidade interna, recuaram 16,5% no mês/ano em 2024, 2,44% na semana e 1,56% nesta sexta-feira, contra 6,51% no mês/ano, 0,33% na semana e 1,12% no dia em Chicago, como mostra nosso acompanhamento semanal abaixo:

ANÁLISE TÉCNICA: As cotações da soja teriam chegado ao fundo do poço? Há motivos técnicos e fundamentais para pensar que sim. Os motivos técnicos estão ligados à formação de uma Head&Shoulders (Cabeça&Ombros) que indica reversão da tendência. No caso da soja, significaria que a tendência de alta, que se iniciou no começo da semana, tinha terminado.

Com isto, é possível que comece também um ciclo de altas e baixas (como no trigo) a partir de agora, entre $ 1203 e $ 1246,50, andando para o lado, até que uma nova notícia fundamental de peso jogue as cotações mais para cima ou mais para baixo. Aparentemente, a diferença com $ 1157, ocorrida em janeiro de 2022, é a precificação da “quebra da safra brasileira”, entre o que se esperava (165 MT) e o que efetivamente se colheu (152 MT, segundo a Conab). Esta diferença seria o motivo fundamental para justificar o novo piso da cotação de Chicago. A conferir.

MERCADO DO DIA 26/01

SOJA fechou o dia e a semana em baixa com fraca demanda pelo grão americano e safra argentina

FECHAMENTOS DO DIA 26/01: O contrato de soja para março24, a próxima data negociada nos EUA, fechou em baixa de -1,12%, ou $ -13,75 cents/bushel a $ 1209,25. A cotação de maio24, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -1,14 % ou $ -14,00 cents/bushel a $ 1216,25. O contrato de farelo de soja para março fechou em baixa de -2,57 % ou $ -9,2 ton curta a $ 349,0 e o contrato de óleo de soja para março fechou em alta de 0,86 % ou $ 0,40/libra-peso a $ 46,93.

CAUSAS DA BAIXA: A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em baixa. A fraca demanda pelo grão americano e o novo aumento na perspectiva de plantio na Argentina anularam os ganhos da soja acumulados durante a semana.

As duas notícias foram divulgadas no dia anterior. As vendas externas semanais dos EUA ficaram abaixo da expectativa do mercado, o que acende um grande sinal de alerta entre os operadores, visto que tradicionalmente os importadores começam a olhar para o Brasil nesta época do ano, quando começamos a colheita e temos uma maior disponibilidade de grãos.

O acréscimo de 2,5 milhões de toneladas do BCBA a já robusta safra argentina, diminui a pressão sobre o comprador. Com isso a soja fechou o acumulado da semana em queda de $-4,00 cents/bushel ou -0,33%. O farelo de soja fechou em baixa de -2,10% ou $-7,5/ton-curta. O óleo de soja teve uma leve alta de 0,06% ou $0,03 libra/peso.

NOTÍCIAS IMPORTANTES

BIODIESEL-SETOR ENTREGA RECORDE DE 7,34 BILHÕES DE LITROS EM 2023 E MOSTRA CAPACIDADE DE RESPOSTA AO AUMENTO DA MISTURA: As empresas de biodiesel entregaram às distribuidoras no ano passado 7,34 bilhões de litros do biocombustível, quase 20% acima do volume comercializado em 2022 e cerca de 7,7% superior ao seu melhor desempenho até então, registrado em 2021, disse a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), a partir dos dados consolidados do mercado de biodiesel em 2023 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A entidade disse em nota que o aumento da mistura de 10% de biodiesel para 12% (B12), anunciado no começo do ano passado, “não pegou o setor de surpresa porque já estava preparado para, com os investimentos feitos, atender uma demanda de B15, conforme evolução prevista em resolução anterior e interrompida em abril de 2021”.

Segundo o presidente do Conselho de Administração da Aprobio, Francisco Turra, na nota, a economia verde cresceu, com mais empregos, o preço na bomba se comportou de forma estável ao longo do ano e “não houve nenhum problema de desempenho que os inimigos da sustentabilidade e da descarbonização teimaram em rogar”. Conforme a entidade, estudo do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a presença do biodiesel na matriz de ciclo diesel ajudou a evitar a emissão de 4,4 milhões de toneladas de CO2 equivalentes no segundo trimestre de 2023, quando a mistura obrigatória do biocombustível cresceu para 12%.

“Estamos prontos para avançar até pelo menos B20, beneficiando no curto prazo os grandes centros urbanos sem mudança em motores e custos em novas infraestruturas de abastecimento”, disse o diretor o superintendente da Aprobio, Julio Cesar Minelli.

GRÃOS/CONAB: CHUVAS REGULARES E VOLUMOSAS EM JANEIRO CONTRIBUÍRAM PARA RECUPERAÇÃO DAS LAVOURAS DE VERÃO: As chuvas mais regulares e volumosas registradas nas três primeiras semanas do mês nas principais regiões produtoras do País contribuíram para a recuperação das lavouras da safra de verão 2023/24 e para a melhora do armazenamento hídrico do solo, avalia a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“A semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra foram favorecidos. Entretanto, menores índices de chuva e altas temperaturas no Semiárido da Região Nordeste e em áreas de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná podem ter restringido o desenvolvimento de parte das lavouras”, disse a companhia em boletim mensal de monitoramento agrícola dos cultivos de verão.

No Centro-Oeste, principal produtor de grãos do Brasil, a Conab destacou que o maior volume de chuva foi registrado em Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal, o que beneficiou o desenvolvimento e colheita dos cultivos de primeira safra e o plantio da segunda safra. “Essas chuvas mantiveram o armazenamento hídrico no solo acima de 60% na maioria das áreas, com exceção de Mato Grosso do Sul, onde os volumes menores e as altas temperaturas podem ter causado restrição no desenvolvimento das lavouras”, observou a Conab.

“As lavouras de soja mato-grossenses apresentam condições distintas nas diferentes regiões, refletindo a diversidade de condições agronômicas e climáticas enfrentadas. As recentes precipitações amenizaram a escassez hídrica, mas sem reverter completamente os impactos negativos das condições climáticas adversas anteriormente apresentadas”, ponderou a estatal.

Entretanto, as condições das lavouras no norte do Paraná, sul de São Paulo e em grande parte da Bahia seguem em situação de “atenção”, conforme avaliação da companhia. No caso do Paraná, a Conab observa que as chuvas ficaram abaixo de 60 milímetros, o que gerou restrição hídrica nas lavouras em estágios reprodutivos. Em São Paulo, há áreas onde a média diária do armazenamento hídrico no solo também foi menor, devido à irregularidade das chuvas e às altas temperaturas, com aumento no índice de umidade somente na terceira semana do mês.

“No Centro-Norte e Centro Sul da Bahia, os menores volumes de chuva, associados a temperaturas elevadas, resultaram em possíveis atrasos na implantação e no crescimento dos cultivos”, acrescentou a companhia.

OS FUNDOS ESTÃO VENDEIDOS EM GRÃO E FARELO E COMPRADOS EM ÓLEO DE SOJA: O relatório semanal de Compromisso de Traders da CFTC que os Fundos de Investimento estavam com vendas líquidas de 91.842 contratos de soja-grão em 23/01, ou 15 mil posições vendidas líquidas a mais do que o relatório anterior, depois que foram adicionadas novas posições de vendas líquidas em aberto e reduzidas as posições compradas. Já os hedgers comerciais de soja adicionaram 29,7 mil novas posições durante a semana, mas as novas posições compradas compensaram as novas posições vendidas em 9,4 mil posições vendidas líquidas com 1.556 contratos amenos.

Os Fundos de Investimento também adicionaram novas posições vendidas e fecharam posições compradas durante a semana para o arelo de soja, aumentando seus contratos líquidos para 19 mil. Para o óleo de soja os Fundos adicionaram novas posições compradas e reduziram suas posições vendidas líquidas em 2,3 mil contratos, para 44,7 mil.

Fonte: T&F Agroeconômica



 

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