Com o advento da soja RR e a rentabilidade econômica trazida pelo cultivo, a soja passou a ser a principal cultura anual de verão produzida no Brasil. Segundo Adegas et al. (2010), oficialmente o glifosato passou a ser utilizado em pós-emergência na cultura da soja na safra 2005/2006 com a liberação do plantio da soja geneticamente modificada para apresentar tolerância ao herbicida.

O glifosato passou então a ser a ferramenta mais utilizada no controle de plantas daninhas da soja, apresentando resultados satisfatórios no controle da maioria das espécies. Com essa ferramenta facilitando o manejo das plantas daninhas, aliado a facilidade de comercialização e rentabilidade do cultivo da soja, passou-se a dar preferência ao cultivo da soja na safra de verão, deixando culturas como o milho primeira safra em uma segunda opção, servindo como fonte de rotação de culturas, estando mais condicionada as previsões de mercado para a comercialização do grãos.

Entretanto, dentre tantos fatores, o desenvolvimento da resistência de plantas daninhas como a buva (Conyza spp.) ao glifosato, aliada a adaptabilidade genética de novas cultivares de milho para períodos de segunda safra, fez do milho segunda safra uma das culturas mais difundidas após o cultivo da soja, aumentando o uso da terra, servindo como rotação de culturas, produção de palhada para cobertura do solo e controle de plantas daninhas fotoblásticas positivas como a buva, além de possibilitar o uso de diferentes mecanismos de ação no controle de plantas daninhas.



Nos últimos 30 anos, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a área nacional cultivada com milho segunda safra tenha passado de 518 mil hectares na safra 1989/1990 para aproximadamente 13,73 milhões de hectares na safra 2019/2020. Ou seja, um aumento aproximado de 2551,73%, o que destaca o importante papel do milho segunda safra no sistema de produção.

Figura 1. Evolução da área nacional plantada de milho segunda safra (1989/1990 – 2019/2020).

Fonte: Conab.

Embora o milho segunda safra (milho safrinha) não seja a cultura agrícola com maior área cultivada em território nacional, os avanços genético, técnico, científico e tecnológico proporcionaram à cultura o aumento da produção a nível nacional, tornando o milho segunda safra uma cultura competitiva e de importância econômica e cultural.

Figura 2. Evolução da produção nacional de milho segunda safra (1989/1990 – 2019/2020).

Fonte: Conab.

Com os avanços obtidos ao longo dos anos, aliados ao aumento da área de cultivo, a produção média nacional do milho segunda safra passou de 501 mil toneladas na safra 1989/1990 para aproximadamente 79,9 milhões de toneladas na safra 2019/2020, superando a produção média nacional de milho primeira safra.

Com relação ao aumento da área cultivada e produção por região, o destaque vai para a região Centro-Oeste, sendo a região com maior crescimento da área cultivada e produção do milho segunda safra nos últimos 30 anos.

Figura 3. Evolução da área plantada de milho segunda safra por região de cultivo (1989/1990 – 2019/2020).

Fonte: Conab.

Figura 4. Evolução da produção de milho segunda safra por região de cultivo (1989/1990 – 2019/2020).

Fonte: Conab.

A respeito da produtividade da cultura, ao longo da série histórica de 30 anos de cultivo, os maiores incrementos da produtividade do milho segunda safra forma observados nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Norte (figura 5), onde as produtividades médias observadas na safra 2019/20 foram de respectivamente 6.002,46 kg.ha-1; 5.274,13 kg.ha-1; 5.181,50 kg.ha-1 e 4.764,60 kg.ha-1.

Figura 5. Produtividade média por região de cultivo de milho segunda safra (1989/1990 – 2019/2020).

Fonte: Conab.

Em parte, além dos avanços genéticos, técnicos, científicos e tecnológicos obtidos ao longo dos anos, o incremento da produtividade do milho segunda safra pode ser atribuído ao maior investimento em fertilidade do solo para a cultura da soja e consequentemente melhores condições nutricionais para o milho e sucessão, e/ou também ao aumento das áreas de cultivo sob sistemas de irrigação, o que diminuem a interferência de períodos de déficit hídrico sobre a produtividade da cultura.

Cabe destacar que o milho segunda safra é uma cultura de fundamental importância no sistema produtivo, desempenhando papel indispensável na rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas de cultivo.

Veja também: Produção de soja brasileira aumentou mais de 500% em 30 anos

Referências:

ADEGAS, F. S. et al. DIAGNÓSTICO DA EXISTÊNCIA DE Digitaria insularis RESISTENTE AO HERBICIDA GLYPHOSATE NO SUL DO BRASIL. XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, jul. 2010.

CONAB. PORTAL DE INFORMAÇÕES AGROPECUÁRIAS: SÉRIE HISTÓRICA. Companhia Nacional de Abastecimento, disponível em: < https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/safra-serie-historica-graos.html>, acesso em: 08/09/2020.

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