Ainda que diversas estratégias possam ser adotadas para o manejo das plantas daninhas em culturas agrícolas, em lavouras comerciais, o controle químico com o emprego de herbicidas é o método de controle mais difundido. Visando ampliar o espectro de ação dos herbicidas e otimizar as operações de pulverização, é comum associar herbicidas de diferentes mecanismos de ação em misturas de tanque.

No entanto, mesmo adotando cuidados com relação ao preparo da calda de pulverização e seguindo as recomendações técnicas para a cultura, é comum observar problemas de incompatibilidade entre produtos, perda de eficiência dos herbicidas e casos de fitotoxidade na cultura agrícola (figura 1), resultantes muitas vezes da incompatibilidade química ou física das formulações, do antagonismo entre herbicidas e da baixa qualidade da tecnologia de aplicação.

Figura 1. Fitotoxicidade herbicida pós-emergente em soja.

Sendo assim, é fundamental adotar estratégias que permitam reduzir os riscos agronômicos nas aplicações dos herbicidas e aumentar a eficiência desses produtos no controle das planta daninhas. Além do adequado posicionamento dos herbicidas com base em suas aptidões e recomendações técnicas, é crucial adotar cuidados no preparo da calda de pulverização, especialmente quanto a diluição e ordem de adição dos produtos, reduzindo assim o risco de incompatibilidade física e problemas com entupimento (figura 2).

Figura 2.  Sensor de pressão entupido o que compromete o sistema eletrônico e a vazão na linha principal (A); incompatibilidade da mistura de herbicidas e o consequente entupimento nos filtros de barra (B).
Fotos: Arquivo UENP/Nitec

Dependendo da formulação, alguns herbicidas são mais difíceis de se dissolver. Além de seguir as orientações presente na bula, é fundamental atentar para a ordem de mistura, especialmente se tratando da associação entre herbicidas. Ainda que possam ocorrer variações em função das diferentes formulações e doses, de forma geral recomenda-se seguir a seguinte ordem de preparo da calda:

Passo 1: Preencher o tanque com água até aproximadamente 2/3 do volume a ser aplicado;

Passo 2: Iniciar a agitação da calda e mantê-la contínua até o término da aplicação;

Passo 3: Adicionar os condicionadores de água (sequestrantes, acidificantes e tamponantes), além dos agentes redutores de deriva, antiespumantes e de compatibilidade (quando necessários);

Passo 4: Proceder à adição dos produtos conforme a ordem de mistura recomendada (figura 3).

Figura 3. Ordem de adição de produtos no tanque de pulverização.

Outro ponto de atenção essencial é o pH da calda. O pH da água utilizada pode influenciar diretamente a estabilidade do princípio ativo do defensivo  (que pode sofrer degradação por hidrólise), assim como a estabilidade física da calda. Tais alterações podem, inclusive, comprometer a eficácia e a persistência do produto (Pereira; Moura, Pinheiro, 2015). Além dos cuidados no preparo da calda de pulverização, se tratando de misturas de herbicidas é crucial atentar para as relação de efeito aditivo, sinergismo e antagonismo entre os herbicidas.



No efeito aditivo, a associação de herbicidas resulta em uma resposta equivalente à soma dos efeitos individuais, ou seja, o desempenho conjunto é semelhante ao observado quando os produtos são aplicados isoladamente. Exemplos conhecidos desse tipo de interação incluem as combinações glyphosate + chlorimuron-ethyl, glyphosate + carfentrazone-ethyl, atrazine + simazine ou metolachlor, entre outras (Damo; Mendes; Freitas et al., 2020).

Tabela 1. Efeito aditivo entre diferentes compostos herbicidas.
Fonte: Damo; Mendes; Freitas et al. (2020).

O efeito sinérgico é conhecido pela associação dos herbicidas promover uma resposta superior à soma dos efeitos isolados, uma vez que a interação entre os produtos potencializa sua ação. Exemplos conhecidos desse tipo de interação incluem as misturas de isoxaflutole + atrazine, metribuzin + clomazone, metribuzin + saflufenacil, bem como combinações entre inibidores do fotossistema II e inibidores da biossíntese de carotenoides, entre outras (Damo; Mendes; Freitas et al., 2020).

Tabela 2. Efeito sinérgico entre diferentes compostos herbicidas.
Fonte: Damo; Mendes; Freitas et al. (2020).

Na relação de antagonismo por sua vez, a associação de herbicidas resulta em uma resposta inferior à soma dos efeitos individuais, reduzindo a eficácia do controle. Esse tipo de interação é frequentemente observado em misturas como trifluralin + diuron; inibidores da ACCase associados a inibidores da ALS, carfentrazone, metribuzin, dicamba, pyrithiobac-sodium ou acifluorfen-sodium; sulfonilureias + MCPA; além de glyphosate combinado com herbicidas de contato, como diquat, glufosinato de amônio e alguns inibidores da PPO, entre outros (Damo; Mendes; Freitas et al., 2020).

Tabela 3. Efeito antagonista entre diferentes compostos herbicidas.
Fonte: Damo; Mendes; Freitas et al. (2020).

Conhecer a interação entre os herbicidas é determinante para o sucesso no controle das plantas daninhas ao trabalhar com associações de produtos em misturas de tanque. Como vistos anteriormente, enquanto alguns herbicidas conservam sua eficácia ao serem associados, outros ganham performance, enquanto alguns perdes eficiência no controle das populações infestantes. Nesse sentido, relação sinérgicas podem ser exploradas a fim de maximizar a performance no controle das planta daninhas, ao mesmo tempo em que relação antagonistas devem ser evitadas.

Nesse contexto, optar associações de herbicidas pré-definidas em formulações comerciais como o ZethaMaxx®Evo é uma estratégia para aumentar o espectro de controle das planta daninhas, sem correr o risco de reduzir a performance de controle por relações antagônicas, uma vez que formulações comerciais contendo mais de um principio ativo e/ou mecanismo de ação, já levam em consideração essas interações entre os herbicidas, reduzindo os riscos agronômicos relacionados ás misturas de tanque.


Veja mais: Efeito da aplicação de herbicidas em condições climáticas adversas: riscos e estratégias


Referências:

DAMO, L.; MENDES, K. F.; FREITAS, F. C. L. MISTURAS DE HERBICIDAS EM TANQUE: O QUE SABER. MIPD, n.8, outubro de 2020. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/344672351_MISTURAS_DE_HERBICIDAS_EM_TANQUE_O_QUE_SABER >, acesso em: 05/09/2025.

PEREIRA, R. B.; MOURA, A. P.; PINHEIRO, J. B. TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS EM CULTIVO PROTEGIDO DE TOMATE E PIMENTÃO. Embrapa, Circular Técnica, n. 144, 2015. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1024615/tecnologia-de-aplicacao-de-agrotoxicos-em-cultivo-protegido-de-tomate-e-pimentao >, acesso em: 05/09/2025.

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