Uma das principais doenças fungicas da cultura da soja é o mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, cujas perdas de produtividade em soja podem chegar a 70%, estando presentem em praticamente 28% das áreas de produção de soja no Brasil (Meyer et al., 2020). O controle químico com o uso de fungicidas registrados para a cultura constitui uma das principais estratégias de controle do mofo-branco em soja.
Meyer et al. (2020) destacam que preferencialmente, o controle químico deve ser empregado de forma preventiva a ocorrência da doença, dando prioridade para aplicações nos estádios compreendidos entre o início do florescimento (R1) para cultivares de hábito de crescimento determinado ou no fechamento das entrelinhas de semeadura para cultivares de hábito indeterminado, até a formação de vagens (R4).
Além do controle químico, a prevenção da doença é importante como estratégia de manejo. O mofo-branco produz estruturas reprodutivas denominadas escleródios, que podem permanecer viáveis por longos períodos, germinando sob condições adequadas de temperatura e umidade, dando origem a apotécios e iniciando novos focos da doença.
Figura 1. Escleródio de mofo-branco germinando, dando origem a apotécio.
Além da soja, diversas plantas podem hospedar o fungo causado do mofo-branco, a exemplo do nabo-forrageiro, contribuindo para a sobrevivência do fungo e disseminação através da produção de escleródios. Os escleródios presentes nas plantas, podem ser colhidos com as sementes de soja e/ou permanecer nos resíduos culturais das plantas de cobertura, contribuindo para a manutenção da doença nas áreas de produção.
Em áreas com ocorrência da doença, deve-se destinar atenção especial ao beneficiamento das sementes colhidas no caso da produção de sementes salvas. Sementes mal beneficiadas podem conter escleródios do mofo-branco, servindo como fonte de inóculo (figura 2).
Figura 2. Sementes de soja misturadas a escleródios de mofo-branco.

A presença de escleródios de mofo-branco nas sementes de soja pode ser a fonte primária do mofo-branco em muitas áreas de produção de soja, reforçando a necessidade do uso de sementes com boa qualidade para evitar a dispersão da doença para área até então sem a presença do fungo. Após o estabelecimento do mofo-branco em áreas agrícolas, a erradicação da doença é extremamente complexa, e as perdas de produtividade podem ser expressivas em casos de manejos ineficientes.
Em algumas situações, onde há alta pressão de inóculo do fungo, pode-se fazer uso de culturas “armadilhas” do mofo-branco durante o período entressafra da soja para reforçar medidas de controle da doença. Após o estabelecimento da doença na área de produção, deve-se associar estratégias para o controle eficiente do mofo-branco, utilizando de práticas como o tratamento de sementes com fungicidas, a rotação de culturas com plantas não hospedeiras do fungo (principalmente Poaceas) e a aplicação de fungicidas no início do florescimento e durante a floração da soja (Henning et al., 2014).
Veja mais: Tratamento de sementes de soja: Compatibilidade de princípios ativos de fungicidas com o Trichoderma
Referências:
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 24/08/2022.
MEYER, M. C. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia sclerotiorum) EM SOJA, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 165, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/217684/1/Circ-Tec-165.pdf >, acesso em: 24/08/2022.
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