Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do milho em Chicago recuaram nesta semana. O bushel do cereal fechou o primeiro mês cotado em US$ 3,30 na quinta-feira (16), contra US$ 3,51 uma semana antes.
Um dos principais motivos deste movimento esteve no relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/07. O mesmo indicou o seguinte para o milho, no ano de 2020/21:
- uma safra estadunidense em 381 milhões de toneladas, contra as 406 milhões indicadas em junho, porém, mesmo assim bem superior as 345,9 milhões do ano anterior;
- estoques finais estadunidenses em 67,3 milhões de toneladas, ante 84,4 milhões
indicados em junho, porém, ainda muito acima das 57,1 milhões de toneladas registradas no ano anterior; - produção mundial de milho em 1,163 bilhão de toneladas, igualmente em recuo em relação a junho mas superior ao ano anterior;
- estoques finais mundiais em 315 milhões de toneladas, contra 312 milhões no ano anterior;
- produção brasileira e argentina respectivamente em 107 e 50 milhões de toneladas;
- exportações brasileiras em 38 milhões de toneladas;
- preço médio ao produtor de milho dos EUA em US$ 3,35/bushel, contra na US$ 3,60 na estimativa para 2019/20.
Por sua vez, as condições das lavouras entre boas a excelentes foram reduzidas para 69% do total, enquanto as regulares ficaram em 23% e as ruins a muito ruins em 7%. Mas isso não foi suficiente para manter as cotações em elevação.
Por outro lado, na semana encerrada em 09/07 os EUA embarcaram 902.623 toneladas de milho, sendo que este volume ficou dentro do esperado pelo mercado. Os embarques no atual ano comercial acumulam 35,2 milhões de toneladas, contra mais de 43 milhões no mesmo período do ano passado.
Mesmo com as dificuldades comerciais e políticas entre EUA e China, os asiáticos estão comprando bastante grãos do país norte-americano, sustentando as cotações nos atuais níveis. Se não fosse isso, diante da produção mundial existente e projetada, os mercados de soja e milho estariam com níveis muito abaixo do atual em Chicago.
No mercado interno brasileiro, os preços se mantiveram relativamente estáveis. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 43,92/saco, enquanto nas demais regiões do país os preços assim ficaram: R$ 44,00 na região central de Santa Catarina; R$ 41,00 a R$ 42,00 no Paraná; R$ 33,00 em Sorriso (MT); R$ 38,00 em Maracaju (MS); R$ 48,00 em Itapetininga (SP) e R$ 52,00 no CIF Campinas (SP); R$ 39,00 a R$ 40,00/saco em Goiás.
Os preços seguem firmes especialmente nas regiões onde houve ou está havendo frustração de safra, caso do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo em especial. E isso, mesmo com o avanço da colheita da safrinha. Além disso, com o atual câmbio as exportações continuam sendo estimuladas e sobra bem menos produto no mercado interno. Mas não se pode descartar um recuo nas cotações nos próximos 60 dias diante do aumento da colheita da safrinha.
Neste sentido, é bom lembrar que há muito milho para entrar no mercado oriundo da safrinha já que sua colheita, confirmando a tendência, está atrasada. Enquanto amesma irá até o início de agosto em Goiás, no Mato Grosso do Sul apenas 2,1% da área havia sido colhida até o início desta semana, contra 22,7% no mesmo período do ano passado e 15,5% na média histórica. No Mato Grosso a colheita atingia 61% da área até o dia 10/07, sendo que 87,1% da safra 2019/20 já estava comercializada naquele Estado, e 41% da nova safra 2020/21 igualmente já estava vendida, contra apenas 10% na média histórica.
Ainda no Mato Grosso, com base no mês de junho, a safra 2020/19 foi negociada a um preço médio de R$ 31,58/saco, enquanto a de 2020/21 chega a R$ 30,06/saco.
Já na B3, o vencimento julho ficou em R$ 49,76/saco, setembro em R$ 47,00, novembro em R$ 48,10 e janeiro em R$ 50,09/saco.
Em termos de exportação, nos oito primeiros dias úteis de julho o Brasil exportou 809.410 toneladas de milho, ficando 132% acima do que foi embarcado em junho. Mesmo assim, em relação à média diária de julho do ano passado, as exportações ficaram 60,7% menores. O preço da tonelada de milho exportada recuou 6,2% em relação a julho do ano passado, ficando agora em US$ 161,20. A expectativa é de que o país exporte 5,5 milhões de toneladas de milho em julho, atingindo a 8,1 milhões no total dos sete primeiros meses do ano. Para chegar a um mínimo de 30 milhões de toneladas em 2020, nos próximos cinco meses a média de exportação mensal deverá crescer para algo em torno de 4,5 milhões de toneladas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ