FUNDAMENTOS: O coquitel explosivo que aumentou o preço dos insumos e deteriorou as margens dos grãos
O aumento nos fertilizantes e herbicidas deteriorou a proporção insumo-produto para a safra 2021/22; analista mostra como 86% menos ureia é comprada com milho. Uma série de fatores internacionais gerou um forte aumento dos insumos, o que repercute nas propostas agrícolas da nova safra.
Os fatores que geraram a crise
A ureia atingiu um preço histórico na China em meio à crise de energia do gigante asiático. Isso foi combinado com a forte demanda internacional por bons preços de soja, trigo e milho, o que fez os preços dos fertilizantes dispararem. Também impulsionado pela demanda da China foi o forte aumento do gás na Europa, um ingrediente-chave no processo usado para fazer fertilizantes à base de nitrogênio usados em uma variedade de culturas, incluindo milho e trigo. Na verdade, estima-se que o gás natural seja responsável por 75% a 90% dos custos operacionais na produção de nitrogênio.
O glifosato manteve a tendência de alta e o mercado local alertou para a escassez devido a entraves à importação. A falta de produtos atinge principalmente os produtores de menor porte, que não conseguiram fechar a compra antecipada de insumos.
“O mercado de insumos explodiu. A princípio eram apenas fertilizantes, mas agora os produtos químicos estão voando pelo ar. Os problemas de energia, fábricas fechadas, custos de logística altíssimos e commodities geraram um coquetel explosivo que está disparando os custos dos produtos químicos para as nuvens “, avisa uma fonte do mercado local. “Muitos fornecedores não estão repondo esses valores, então é quase certo que isso vá gerar uma escassez”, acrescentou.
“Em geral faltam. Se o produtor busca algo em particular e consegue, tem que garantir”, comentou uma entidade sindical que representa as empresas distribuidoras de insumos agrícolas: produtos fitossanitários, sementes,fertilizantes e outros insumos. O glifosato é um dos mais complicados.
Matias Amorosi, analista de mercado e gerente do Grupo Az, confirma as complicações no mercado de insumos. Ao mesmo tempo, ele alerta que é fundamental analisar a última alta forte de fertilizantes e herbicidas, que foi em 2008, “quando os preços dos insumos dispararam, mas ficaram ainda mais baixos do que neste ano”. Naquela época, “demorou mais de um ano para baixar o preço dos fertilizantes”. “Os fatores internacionais continuarão existindo, a queda não será vista no curtíssimo prazo”, acrescenta. Neste quadro, os analistas mostram como o aumento dos insumos impacta o poder de compra da soja, do trigo e do milho.
A relação entrada-saída é positiva. Ou seja, o produto ganha poder de compra. Por exemplo, com -20%, isso implica que para cada t. de grãos, 20% menos insumo é comprado. Fonte: Agrofy.
Fonte: T&F Agroeconômica