InícioDestaqueO que acontece com a planta de soja em déficit hídrico?

O que acontece com a planta de soja em déficit hídrico?

Água, radiação solar, nutrientes e gás carbônico são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento vegetal, possibilitando que a planta realize a fotossíntese, que tem como resultados, fotoassimilados para a planta e a liberação de oxigênio para a atmosfera

Dentre os principais insumos necessários para a realização da fotossíntese, sem dúvidas a água é um dos mais limitantes, podendo sua deficiência reduzir a taxa fotossintética da planta, afetando seu crescimento e produtividade no caso de culturas agrícolas. Em média, a cultura da soja necessita de 450mm a 800mm ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, podendo evapotranspirar até 8 mm dia-1 nas fases de maior requerimento hídrico (PAS Campo, 2005).

A evapotranspiração consiste na soma da quantidade de água evaporado pelo solo e transpirada pela cultura em dado período de tempo, normalmente, avaliada para o período de um dia. Logo, ela pode expressar a necessidade hídrica da cultura, acrescida da evaporação de água no solo, sendo um dos critérios base para o manejo da irrigação de culturas agrícolas.



Principais respostas da planta

O estrese hídrico, especialmente o causado por longos períodos de déficit hídrico tem como principais consequência a redução da taxa fotossintética da planta e com ela a redução da produção de fotoassimilados e acúmulo deles nos tecidos e órgãos da planta. Em casos mais severos, quando se atinge o ponto de murcha permanente do solo, a viabilidade da planta fica comprometida, podendo inclusive, causar a morte da planta, mesmo após posterior hidratação.

Dentre as principais resposta da planta ao déficit hídrico, podemos destacar o fechamento estomático em uma tentativa de reduzir a transpiração e perda de água para a atmosfera. Também é possível observar o enrolamento das folhas, desenvolvimento de tricomas, redução da área foliar, e em casos mais extremos, a senescência foliar, reduzindo a área do dossel exposta a luz.

A nível celular, tem-se a redução da capacidade das folhas em assimilar dióxido de carbono, assim como a redução da absorção de nutrientes pelo sistema radicular da planta, afetando como um todo o processo fotossintético, ocorrendo também a redução na fotofosforilação (formação de ATP) e a inibição da atividade enzimática da RUBISCO (Zanon et al., 2018).

Agravante do déficit hídrico

Com o fechamento estomático, a absorção de água e nutrientes do solo, os quais são governados principalmente pela diferença de pressão entre transpiração e absorção, reduz significativamente. Como a cutícula que recobre a folha é quase impermeável à água, a maior parte da transpiração foliar resulta da difusão de vapor de água através da fenda estomática (Taiz et al., 2017).

A transpiração da folha e perda de água também é influenciada pela velocidade do vento. Conforme destacado por Taiz et al. (2017), a espessura da camada limítrofe (resistência causada pela camada de ar estacionário junto à superfície foliar, por meio da qual o vapor tem de se difundir para alcançar o ar turbulento da atmosfera) interfere diretamente no fluxo transpiratório da folha (figura 1).

 A espessura da camada limítrofe é determinada principalmente pela velocidade do vento e pelo tamanho da folha. Quando o ar que circunda a folha encontra-se muito parado, a camada de ar estacionário junto à superfície foliar pode ser tão espessa que se torna o principal impedimento à perda de vapor de água pela folha, já quando a velocidade do vento é alta, o ar em movimento reduz a espessura da camada limítrofe na superfície da folha, diminuindo a resistência dessa camada, facilitando a perda de água para a atmosfera (Taiz et al., 2017). Logo a velocidade do ar pode ser um fator agravante do déficit hídrico.

Figura 1. Dependência do fluxo de transpiração em relação à abertura estomática da zebrina (Zebrina pendula), sob ar parado e sob ar em movimento.

Fonte: Taiz et al. (2017)

Veja mais: Evapotranspiração padrão e real da cultura da soja



Referências:

PAS CAMPO. MANUAL DE SEGURANÇA E QUALIDADE PARA A CULTURA DA SOJA. Embrapa Transferência de Tecnologia, 2005. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/25249/1/MANUALSEGURANCAQUALIDADEParaaculturadesoja.pdf >, acesso em: 05/01/2022.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.

ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGICA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.

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Equipe Mais Soja
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