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Evapotranspiração padrão e real da cultura da soja

Conhecer a demanda de hídrica de uma cultura é fundamental para estabelecer o planejamento de uma cultura, a aptidão dos cultivos e o programa de irrigação em lavouras irrigadas. O método mais utilizado para quantificar o requerimento hídrico de uma cultura é através da estimativa da sua evapotranspiração e cálculo do balanço hídrico da cultura.



Entretanto, o consumo de água de uma planta geralmente varia de acordo com o estádio de desenvolvimento em que ela se encontra. A evapotranspiração é determinada pelo multiplicação entre os coeficientes de cultivo (Kc) e a evapotranspiração de referência (ETo), sendo que para a maior parte dos cultivos agrícolas, os valores de coeficientes de cultivo variam de acordo com o estádio de desenvolvimento da cultura, apresentando pico no auge do desenvolvimento da cultura e início do florescimento.

Veja também: Água, evapotranspiração, déficit hídrico e produtividade da soja.

BERLATO; MATZENAUER; BERGAMASCHI (1986) avaliaram a evapotranspiração da soja e encontraram resultados que demonstra maior requerimento hídrico da cultura no estádio reprodutivo (figura 1).

Figura 1. Evapotranspiração diária (ET) em diferentes estádios do desenvolvimento da soja.

Fonte: BERLATO; MATZENAUER; BERGAMASCHI (1986).

Mais atualizado, um estudo intitulado “Evapotranspiração real e padrão de extração da água no solo de uma cultura de soja (Glycine max), conduzido por CURTO; COVI; GASSMANN (2019), estima o consumo de água da soja em diferentes estádios do desenvolvimento da cultura.

Os autores estimaram a evapotranspiração da soja e calcularam seu balanço hídrico nos estádios vegetativos e reprodutivos do desenvolvimento da cultura. O estudo foi realizado na Universidade Nacional de Mar da Prata na Argentina.

 Figura 2. Evapotranspiração da soja em condições padrão (ETc, linha pontilhada), evapotranspiração real (ETa, linha sólida) e precipitação (barras cinzas).

Os “X indicam os dias desconsiderados para estimativa da Evapotranspiração, (dias desconsiderados em decorrência da precipitação). Os pontos vermelhos indicam disponibilidade de água no solo inferior a 65%.
Adaptado: CURTO; COVI; GASSMANN (2019).

O maior valor de evapotranspiração registrado pelos autores foi de 6,8mm, observado aos 77 dias após a emergência da soja. Os autores destacam que os valores de evapotranspiração real foram sempre inferiores aos valores de evapotranspiração padrão. Conforme observado, os valores de evapotranspiração padrão aumentaram no período reprodutivo da cultura, o que consequentemente implica em maior requerimento hídrico. Segundo CURTO; COVI; GASSMANN (2019), os maiores valores de evapotranspiração padrão observados foram de 5,0 e 5,7 mm.dia-1, ambos no período reprodutivo da soja.

Figura 3. Evapotranspiração real da colheita (ETa), evapotranspiração de referência da cultura (ET0) e evapotranspiração da colheita de soja em condições padrão (ETc), média (mm.dia-1) e acumulada (mm) para diferentes estádios da cultura da soja.

Adaptado: CURTO; COVI; GASSMANN (2019).

Os resultados encontrados por CURTO; COVI; GASSMANN (2019), se assemelham aos resultados encontrados por BERLATO; MATZENAUER; BERGAMASCHI (1986), demonstrando maior evapotranspiração nos estádios reprodutivos da cultura, contudo, cabe destacar que segundo CURTO; COVI; GASSMANN (2019), o fato dos valores de evapotranspiração real diferirem dos valores de evapotranspiração padrão (em condições ótimas), demonstra que a nível de capo a evapotranspiração da cultura pode variar de acordo com as condições ambientais. Confira o trabalho completo clicando aqui!!!



Referências:

CURTO, L; COVI, M. GASSMANN, M. I. EVAPOTRANSPIRACIÓN REAL Y PATRONES DE EXTRACCIÓN DE AGUA DEL SUELO DE UN CULTIVO DE SOJA (Glycine max). Rev. FCA UNCUYO, n. 51, 2019. Disponível em: < http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1853-86652019000200010&lang=en>, acesso em: 06/07/2020.

BERLATO, M.A.; MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H. EVAPOTRANSPIRAÇÃO MÁXIMA DA SOJA E RELAÇÕES COM A EVAPOTRANSPIRAÇÃO CALCULADA PELA EQUAÇÃO DE PENMAN, EVAPORAÇÃO DO TANQUE “CLASSE A” E RADIAÇÃO SOLAR. Agronomia Sulriograndense, Porto Alegre, v.22, n.2, p.243-259, 1986.

Equipe Mais Soja
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