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O que acontece com a planta sob déficit hídrico?

A disponibilidade hídrica é o fator mais limitante para o crescimento e desenvolvimento vegetal, impactando, consequentemente, a produtividade das culturas agrícolas. Para a cultura da soja, são necessários de 450 mm a 800 mm/ciclo dependendo da cultivar, condições climáticas e ambientais (Farias; Nepomuceno; Neumaier, 2007).

Embora haja uma grande variação do requerimento hídrico, trabalhos realizados em Londrina-PR, ao longo de 15 safras, avaliando diversas cultivares sob diferentes condições de disponibilidade hídrica, demonstraram que os maiores rendimentos de grãos de soja são obtidos com 650 mm a 700 mm de água, desde que bem distribuídos em todo o ciclo (Seixas et al., 2020).

O requerimento hídrico da soja varia de acordo com seu estádio de desenvolvimento, sendo o pico de evapotranspiração durante a fase reprodutiva da cultura, em que, a evapotranspiração pode chegar a 8 mm dia-1 (Farias; Nepomuceno; Neumaier, 2007).

Figura 1. Evapotranspiração (ET) diária da cultura da soja, nos diferentes estádios de desenvolvimento.
Adaptado de Berlato et al. (1986), apud. Seixas et al. (2020)

Considerando a demanda hídrica da soja, o déficit hídrico, em especial durante os períodos de maior evapotranspiração, pode resultar em estresses fisiológicos na planta, afetando seu crescimento e desenvolvimento, limitando a produtividade das culturas agrícolas.

Como a planta lida com o déficit hídrico?

Ao identificar o déficit hídrico, a planta adota alguns mecanismos de adaptação, tentando sobreviver ao estresse no ambiente. A deficiência de água na planta é condicionada por dois fatores: a disponibilidade de água no solo e a diferença entre a quantidade de água transpirada em relação à absorvida (Pes & Arenhardt, 2015).

O primeiro mecanismos adotado pela planta é o fechamento dos estômatos, para regular o balanço hídrico vegetal, reduzindo a perda de água para a atmosfera. Por consequência, a fotossíntese é afetada. O fechamento estomático resulta na redução da taxa de fotossíntese da planta, pela redução da entrada de CO2 na folha. Indiretamente, a falta de água provoca murcha das folhas, o que irá reduzir a superfície de absorção de luz, afetando a fotossíntese (Pes & Arenhardt, 2015).

A taxa de respiração da planta diminui, entretanto ainda permanece maior que a taxa fotossintética. O crescimento é paralisado e o desenvolvimento pode ser afetado, havendo antecipação dos estádios fenológicos, tais como florescimento e senescência, reduzindo o ciclo da cultura.


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Segundo Pes & Arenhardt (2015), o florescimento das plantas também é afetado pelo déficit hídrico. A abertura das flores e a manutenção delas dependendo da boa disponibilidade hídrica. Em alguns casos o déficit hídrico pode resultar no abortamento das flores. Por consequência, a formação de frutos é comprometida. Plantas submetidas a déficit hídrico podem apresentar abscisão de frutos, fator resultante da maior síntese de ácido abscísico.

A absorção de nutrientes fica comprometida, uma vez que não há a absorção de água e nutrientes da solução do solo. O balanço hormonal da planta também é alterado, a planta afetada pelo déficit hídrico tende a produzir mais ácido abscísico e etileno, acelerando o envelhecimento da planta (Pes & Arenhardt, 2015).

Embora as respostas bioquímicas e fisiológicas possam variar de acordo com a espécie vegetal, em suma o déficit hídrico causa condições estressantes para a planta, inibindo seu crescimento, alterando a fotossíntese e produção de fotoassimilados, que por consequência limita a produtividade da cultura.

Vale destacar que a planta consegue resistir ao déficit hídrico, até atingir o ponto de murcha permanente, o qual pode ser compreendido como o conteúdo de água de um solo no qual as folhas de uma planta alcançam uma murcha irreversível, mesmo quando colocada de volta a sua capacidade de campo (Cid & Teixeira, 2017), o que em outras palavras, marca a morte da planta pelo déficit hídrico.


Veja mais: Você sabe quais as funções e a importância do ácido abscísico nas plantas?



Referências:

CID, L. P. B.; TEIXEIRA, J. B. FISIOLOGIA VEGETAL – DEFINIÇÕES E CONCEITOS. Embrapa, Documentos, n. 356, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/187023/1/FisiologiaVegetal-final21.pdf >, acesso em: 16/05/2024.

FARIAS, J. R. B.; NEPOMUCENO, A. L.; NEUMAIER, N. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Embrapa Soja, Circular Técnica, n. 48, 2007. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/470308 >, acesso em: 16/05/2024.

PES, L. Z.; ARENHARDT, M. H. FISIOLOGIA VEGETAL. : Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil, 2015. Disponível em: < https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/413/2018/11/09_fisiologia_vegetal.pdf >, acesso em: 16/05/2024.

SEIXAS, C. D. S. et al. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, n. 17, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 16/05/2024.

 

Equipe Mais Soja
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