A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 3.131 kg/ha.

A cultura apresenta predomínio de lavouras em fases reprodutivas, com 30% em floração e 54% em enchimento de grãos. A ocorrência de precipitações irregulares, mais concentradas ao norte do Estado, atenuou a falta de umidade em parte dos cultivos, onde os volumes acumulados ultrapassaram 30 mm.

Há grande variabilidade de potencial produtivo, que se dá conforme os danos, maiores ou menores, em decorrência da estiagem. A produtividade permanece próxima da inicial nas regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre e Caxias do Sul; as perdas são intermediárias nas de Erechim, Lajeado, Passo Fundo e Pelotas; e alcançam maior gravidade nas de Bagé, Frederico Westphalen, Ijuí, Santa Maria Santa Rosa e Soledade.

Nas lavouras onde houve maior incidência de chuvas entre os dias 23 e 24/02, percebeu-se o aumento do índice de área foliar e maior desenvolvimento de estruturas reprodutivas, principalmente no terço superior das plantas. Já nas lavouras onde as precipitações foram mais reduzidas, ainda ocorre a morte de plantas nos locais de solo mais raso ou com problemas físicos de compactação, manifestando-se na forma de reboleiras. Nas lavouras em estádio de enchimento de grãos, há baixo número de vagens por planta e aumento de queda de folhas baixeiras por senescência.

Em termos fitossanitários, os produtores deram continuidade ao monitoramento de pragas e ao controle de doenças. Esses manejos foram beneficiados pelo aumento da umidade relativa do ar, mas requerem cuidados para não provocar injúrias nas plantas durante os períodos de temperaturas altas e de baixa umidade no ar.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, as lavouras estão predominantemente em fase reprodutiva. Os prejuízos avançam, pois são raras as áreas onde há adequada disponibilidade de umidade no solo para atender à demanda da cultura nessa fase. As perdas foram estimadas em 50% em Hulha Negra, 55% em Maçambará, 65% em São Borja e 70% em Manoel Viana. Algumas lavouras estão sendo abandonadas em função do baixo porte, da reduzida área foliar, da carga de vagens muito pequena, da alta incidência de ácaros e tripes e das entrelinhas completamente descobertas, situação que facilita a perda de umidade devido à elevação da temperatura da superfície do solo e à incidência direta de ventos.

Apesar do eventual retorno de chuvas expressivas, muitas lavouras já não poderão ser recuperadas. Continua sendo observada a morte de plantas de diferentes estádios fenológicos, reduzindo o estande, que já estava abaixo do ideal. O potencial produtivo mais elevado está basicamente restrito às áreas de várzeas e às localidades beneficiadas por grandes volumes de chuva nos meses de janeiro e fevereiro, abrangendo grande parte das lavouras de Dom Pedrito, onde está a maior área plantada no Estado, com 160 mil hectares. Em São Gabriel, onde há aproximadamente 135 mil hectares cultivados, as chuvas frequentes, nas últimas semanas, estão contribuindo para interromper o estresse da cultura, embora as perdas estimadas alcancem 25%.

Na de Caxias do Sul, as chuvas ocorridas no período foram muito benéficas para a cultura, que se encontra predominantemente na fase final de floração e de enchimento de grãos. No entanto, algumas lavouras apresentam perdas localizadas em microrregiões onde as precipitações foram escassas.

Na de Erechim, houve melhora das condições das lavouras, proporcionada pelas chuvas dos últimos dias e pela baixa incidência de pragas e de doenças.

Na de Frederico Westphalen, a expectativa de produtividade é muito variável, pois a ocorrência de chuvas ainda permanece irregular. Aslavouras implantadas no início do período recomendado apresentam perdas consolidadas, e outras semeadas mais tardiamente demonstram recuperação parcial. Palmeira das Missões, município onde há a maior área cultivada da região, com 110 mil hectares, foi um dos mais afetados pela insuficiência de chuvas, e a expectativa de redução na produtividade é de 38%. Porém, nos municípios mais próximos ao Rio Uruguai – Vicente Dutra, Caiçara, Palmitinho –, a redução da produtividade é inferior em função da maior incidência de chuvas durante os meses de verão.

Na de Ijuí, houve retorno das precipitações, com maiores volumes na região Celeiro, onde as lavouras já eram menos afetadas pela estiagem, e menores no restante da região administrativa. Essa variabilidade dos volumes impactou a cultura, ampliando as diferenças de expectativa de produção. O potencial produtivo das cultivares de ciclo precoce e com plantio realizado até 15/12/2022 já está definido, mas ainda resta a finalização do enchimento de grãos. Contudo, há a necessidade de chuvas para a confirmação da produtividade.

Na de Passo Fundo, 90% da área cultivada está na fase de enchimento de grãos. As precipitações amenizaram o quadro de escassez hídrica.

Na de Pelotas, apesar das precipitações de intensidade variável, houve a manutenção da umidade dos solos, permitindo a continuidade do desenvolvimento das lavouras. As lavouras semeadas em final de janeiro apresentaram boa germinação e emergência, resultando em um adequado estande. As maiores perdas ocorrem nas lavouras semeadas em outubro com cultivares superprecoces e precoces, alcançando 50% de redução.

Na de Porto Alegre, as lavouras apresentam quadro sanitário adequado. O potencial produtivo permanece elevado devido à recorrência de chuvas em períodos reprodutivos.

Na de Santa Rosa, as chuvas foram significativas, concentrando-se na Fronteira Noroeste. Nos municípios de Santa Rosa, Giruá, Três de Maio, Horizontina, Doutor Mauricio Cardoso, Boa Vista do Buricá, Independência e Alegria a produção foi menos afetada pela estiagem em função de as lavouras, nesses municípios, estarem localizadas em solos profundos e de terem sido semeadas em final de outubro. A expectativa de produção supera 2.000 kg/ha. Nas regiões mais afetadas, principalmente nas Missões, alguns municípios informam perdas na produtividade que já atingem 60%, e os produtores encaminharam solicitações de cobertura de Proagro. Em relação ao aspecto fitossanitário, houve aumento na incidência de pragas características de clima quente e seco, como ácaros e tripes, exigindo o controle.

Na de Soledade, as chuvas mais distribuídas e de maiores volumes, nas últimas semanas, proporcionaram melhora no desempenho vegetativo e reprodutivo das lavouras. Houve intensa emissão de brotações novas e de flores. Contudo, em parte das lavouras, as perdas estão consolidadas.

Comercialização (saca de 60 quilos)

Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 165,28/sc, representando uma elevação de +0,47% em relação à cotação da semana anterior de R$ 164,50.

Fonte: Informativo Conjuntural n° 1752- Emater/RS



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