A rotação de culturas é uma técnica agrícola de conservação que visa manter ou elevar a qualidade do solo que baseia-se no cultivo de plantas diferentes dentro do sistema de rotação e é um dos princípios básicos para o sucesso do sistema de plantio direto (SPD) de culturas como a soja. O processo de rotação consiste na alternância de culturas em uma mesma área, sendo elas de diferentes espécies vegetais, que não devem ser repetidas no mesmo talhão dentro do período de um ano. É importante destacar que rotação de culturas é diferente de sucessão de culturas. Esta pode ser definida como um sequenciamento de culturas, um exemplo é o cultivo de plantas popularmente chamadas de “culturas de inverno”, como trigo ou aveia, seguidas por uma cultivar de ciclo curto como a soja, tudo isso feito anualmente sem alteração.

Figura 1: Comparativo de uma amostra em sucessão e rotação de culturas. Fonte: Revista Coamo (Embrapa Soja).

A figura 1 é proveniente de um estudo realizado pela Embrapa Soja que retrata a diferença entre as raízes de uma determinada planta submetida aos sistemas de sucessão de culturas e a rotação de culturas, para que entre elas haja um comparativo. É plausível verificar que as raízes da amostra cultivada em rotação de culturas são firmes verticalmente e, por decorrência disso, atingem maior profundidade no solo, viabilizando melhor absorção de água, nutrientes e alta capacidade de sustentação. Já a amostra submetida ao método de sucessão de culturas apresenta suas raízes irregulares, assim atingem menor profundidade nos solos e consequentemente menor aproveitamento de nutrientes.

Alguns aspectos devem ser considerados para que haja a inserção correta da rotação de culturas no sistema de plantio direto da soja. Inicialmente, é interessante que as plantas  sejam selecionadas para que não sejam multiplicadas pragas e patógenos da soja, e de maneira a suprimir o aumento da população de plantas daninhas e ainda é indispensável a inserção do vazio sanitário juntamente com a rotação de culturas para otimização no sistema de plantio direto.

Além disso, é importante que as culturas selecionadas tenham algumas características, como alta cobertura de biomassa do solo beneficiando o sistema como um todo. Para a rotação da soja, existem as seguintes opções mais usadas no sul do Brasil: no verão: milho (alternativa em regiões de boa disponibilidade hídrica), sorgo, algodão e girassol, e no inverno: trigo, cevada, aveia branca e aveia preta.

A figura 2, também proveniente de um estudo da Embrapa Soja, retrata a produtividade em sacas de soja em relação à cultura adotada na rotação. É possível perceber que a rotação de soja e milho safrinha apresentou pior produção em relação ao trigo e aveia, sendo assim, visualiza-se a importância da variação de culturas para a excelência na lucratividade da safra da soja. Veja a seguir no gráfico de produção de soja:

Figura 2: Gráfico de produção de soja. Fonte: Revista Coamo (Embrapa Soja).

A implantação da rotação de culturas é responsável por diversos benefícios para o solo e para o sistema de plantio direto. Ao utilizar a alternância de espécies vegetais, são perceptíveis algumas vantagens, como: a quebra do ciclo dos patógenos de uma monocultura; diferenciação da explosão de crescimento radicular, ocasionando maior área de absorção de água e nutrientes; produção de biomassa, controlando plantas daninhas (redução do uso de herbicidas) e incrementando a fertilidade do solo. Na produção de soja é importante o uso do milho na rotação para o sucesso no plantio futuro da soja, pois é uma forma de trazer proveito ao solo e rentabilidade ao produtor e deveria ser posto pelo menos a cada três anos no talhão que se cultivaria soja, comprovado por meio de uma pesquisa feita pela Pioneer Sementes. Entre os benefícios pode-se citar o controle de doenças da soja como as podridões, mofo branco e antracnose devido a diminuição do inóculo destas pela transformação da matéria orgânica e exaustão do substrato; controle de plantas daninhas como azevém, buva, capim branco e capim amargoso, pois a palhada resultante do plantio de milho reduz o banco de sementes dessas espécies, além de serem controladas por herbicidas (triazinas) associados ao cultivo de milho; proteção do solo e ciclagem de nutrientes pela complementação entre as raízes de soja (pivotante) e milho (fasciculada) absorvendo elementos de diferentes nichos; alto teor de potássio e nitrogênio, componentes essenciais para a cultura da soja.

A rotação de culturas requer alto conhecimento sobre o sistema de produção e das boas práticas aliadas ao manejo visando lucratividade e cuidados para com o meio ambiente. Além do aumento da produtividade, é possível melhorar o solo em suas partes físicas, químicas e biológicas do talhão de produção e descobrir que sempre há a possibilidade de melhorar o uso da terra de forma sustentável.

Autor: Menikey Walmarath Wendt – Acadêmica do 3º semestre de Agronomia – Integrante do grupo Pet Agronomia – Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

Referências:

ALMEIDA, A. M. R. de. Rotação de culturas. Edição 449. Disponível em: http://www.coamo.com.br/jornal/conteudo.php?ed=18&id=284. Acesso em: 06/10/2020.

Rotação de culturas: Saiba quais são os benefícios. BRASMAX GENÉTICA, Cambé PR, 27 de março de 2019. Disponível em: https://www.brasmaxgenetica.com.br/blog/rotacao-de-culturas-beneficios/. Acesso em: 15/10/2020.

JANDREY, D.; TISOT, B.; MADALOZ, J. C. 5 motivos para incluir milho na rotação na rotação de culturas visando a sustentabilidade da soja. Blog agronegócio em foco. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/42/5-motivos-para-incluir-milho-na-rotacao-de-culturas-visando-a-sustentabilidade-da-soja. Acesso em: 16/10/2020.

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