O trigo pode ser considerado um dos principais, se não o principal cereal de inverno cultivado em solo brasileiro. O trigo é utilizado principalmente na rotação de culturas com a soja durante o período de inverno, proporcionando maior sustentabilidade, rentabilidade e uso da terra em sistemas de produção de grãos.
Pensando em elevadas produtividades de trigo, o manejo nutricional, sanitário e cultural, são essenciais entre outras práticas para proporcionar condições adequadas de crescimento e desenvolvimento do trigo. Entretanto, para o adequado posicionamento de práticas de manejo é necessário conhecer e compreender os diferentes estádios do desenvolvimento da cultura, especialmente os períodos responsáveis pelo desenvolvimento de componentes de produtividade do trigo.
Com isso em vista, a escala de desenvolvimento fenológica do trigo é uma das principais ferramentas disponíveis para o posicionamento de práticas de manejo. Na figura 1 é possível observar alguns estádios críticos para a definição do rendimento do trigo.
Figura 1. Escala Feekes-Large de crescimento e desenvolvimento de trigo e correspondente formação dos componentes do rendimento de grãos.

Um dos principais estádios e mais importantes na definição da produtividade do trigo é o período da formação de grãos, que compreende desde o início do florescimento (antese) ao enchimento de grãos. Conforme destacado por Rodrigues; Teixeira; Costenaro (2011), a duração do período compreendido entre os estádios de espigueta terminal e antese apresenta relação direta com a produtividade da cultura do trigo.
Figura 2. Associação entre a duração do período entre os estádios de espigueta terminal e antese, na evolução do rendimento de grãos de trigo.

Conhecendo a importância desse período, e a relação dele com a produtividade do trigo, é essencial estabelecer práticas de manejo que possibilitem a redução da interferência de fatores ambientais, pragas e doenças no desenvolvimento do trigo, a exemplo da Giberela (Gibberella zeae), doença cuja a antese do trigo é o período de maior susceptibilidade.
Além do manejo fitossanitário do trigo, deve-se atentar para o manejo nutricional da cultura, sendo necessário posicionar fertilizantes nos períodos onde maiores respostas produtivas são observadas, especialmente se tratando de fertilizantes nitrogenados. Outro fato interessante está relacionado a dessecação da cultura em pré-colheita, uma vez que a dessecação em épocas inadequadas pode implicar em redução de componentes de produtividade como o peso de grãos.
Dessa forma, pode-se dizer que conhecer os estádios de desenvolvimento do trigo, especialmente os períodos de definição dos componentes de produtividade é essencial para posicionar práticas de manejo visando altas produtividade de trigo.
Veja mais: A escala fenológica da cultura do trigo
Referências:
RODRIGUES, O. TEIXEIRA, M. C. C.; COSTENARO, E. R. MANEJO DE TRIGO PARA ALTA PRODUTIVIDADE. Revista Plantio Direto – Maio/Junho de 2011. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355291/17775548/Trigo-Manejo+para+alta+Produtividade.pdf/9ba37362-19a5-4e9d-91e8-432f7a1f31ec?version=1.0 >, acesso em: 06/07/2021.
SISTEMAS DE PRODUÇÃO EMBRAPA. CULTIVO DO TRIGO. Disponível em: < https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdeproducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=3704&p_r_p_-996514994_topicoId=3047 >, acesso em: 06/07/2021.