O potássio (K) é um dos macronutrientes essenciais mais importantes para a cultura da soja, sendo o segundo mais requeridos, logo atrás do Nitrogênio. De acordo com o IPNI, o K é absorvido pelas plantas em grande quantidade. Embrapa (2008), destaca que para cada tonelada de grãos de soja produzidos, são necessários cerca de 38 kg ha-1 de K2O, sendo que desses, 53% são exportados (tabela 1), ou seja, para uma produtividade média de 3 t ha-1, são necessários mais de 110 kg de K2O por hectare.
Tabela 1. Quantidade absorvida e exportação de nutrientes pela cultura da soja.
O potássio desempenha diversas funções no desenvolvimento da soja, segundo Sfredo & Borkert (2004), esse nutriente atua na ativação enzimática, que é essencial para os processos metabólicos da planta. Além disso, o potássio regula a abertura e fechamento dos estômatos, controlando assim, a transpiração e absorção de água pelas plantas, essa regulação osmótica dos tecidos, ajuda a manter o equilíbrio hídrico adequado. Outro benefício destacado é o aumento da resistência das plantas a doenças e ao acamamento, ou seja, o potássio fortalece as paredes celulares, conferindo maior resistência estrutural às plantas.
Nos sistemas de produção agrícola com fins comerciais, o potássio é comumente fornecido através da adubação de base (na semeadura), adubação de sistema (em culturas antecessoras), e/ou adubação de cobertura (a lanço). Vários fatores devem ser considerados ao definir a estratégia de adubação, incluindo a quantidade de fertilizante potássico necessário. Em determinadas lavouras que demandam elevadas doses de potássio para atender às necessidades da cultura e/ou corrigir os teores nutricionais do solo, uma opção é realizar o fracionamento da quantidade do fertilizante, visando reduzir o efeito salino sobre as sementes, no momento da semeadura.
Conforme observado por Cavalini et al. (2018), a adubação potássica pode ser realizada tanto na base de semeadura, como a lanço em pós emergência ou até mesmo em ambos os casos, sem causar prejuízos à produtividade da soja. Embora distintas fontes de potássio possam ser utilizadas na agricultura, o cloreto de potássio (KCl) é a forma mais usual do nutriente.
Tabela 2. Principais fontes de potássio utilizadas na agricultura.
Embora alguns solos possam apresentar certa fertilidade natural, considerando a alta demanda de potássio pela soja, fornecer esse nutriente via fertilizante é indispensável para a obtenção de boas produtividades. A deficiência de potássio (K) apresenta impacto significativo no crescimento e desenvolvimento das plantas. De acordo com Taiz & Zeiger (2017), um dos primeiros sintomas de deficiência é o surgimento de manchas cloróticas nas folhas, que posteriormente evoluem para necrose. Além disso, as folhas podem apresentar enrolamento e enrugamento. É importante ressaltar que os sintomas aparecem inicialmente em folhas mais velhas, devido ao fato de o potássio poder ser remobilizado para as folhas mais jovens. A seguir, na figura 1, podemos observar os sintomas de deficiência de potássio na soja.
Figura 1: Sintomas de deficiência de potássio na soja.
Conforme recomendações de manejo, em solos com fertilidade construída, é possível fazer a aplicação de potássio antecipadamente à semeadura ou em cobertura até o estádio V4/V5 de desenvolvimento da soja. A maior mobilidade do nutriente no solo em comparação ao fósforo, possibilita maior flexibilidade quanto a época e o modo de aplicação, facilitando a logística e o manejo da adubação (Seixas et al, 2020).
Contudo, Seixas et al. (2020) destacam que, mesmo com os processos de fluxo de massa e difusão que determinam o maior contato do íon de potássio com as raízes, é necessário atentar aos limites máximos indicados para cada região, evitando efeitos indesejados.
Confira abaixo, na figura 2, os principais sintomas de deficiências nutricionais em soja.
Figura 2: Deficiências nutricionais em soja.
Veja mais: É possível aplicar Fósforo em cobertura?
Referências:
CAVALINI, P. F. et al. RESPOSTA DA SOJA À ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO EM COBERTURA. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 1, 23-28, jan./mar. 2018. Disponível em: < https://ojs.revistasunipar.com.br/index.php/veterinaria/article/download/6953/3663#:~:text=Estudos%20com%20soja%20constataram%20que,ao%20agricultor%20decidir%20a%20%C3%A9poca>, acesso em: 06/07/2023.
EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 06/07/2023.
IPNI. NUTRI-FATOS: INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS. IPNI. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-3/$FILE/NutriFacts-BRASIL-3.pdf>, acesso em: 06/07/2023.
SEIXAS, CLAUDINE et al. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA EMBRAPA SOJA, Londrina-PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf>, acesso em: 06/07/2023.
SFREDO, GEDI JORGE; BORKERT, CLÓVIS MANUEL DEFICIÊNCIAS E TOXICIDADES DE NUTRIENTES EM PLANTAS DE SOJA EMBRAPA, Londrina-PR, 2004. Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/downloads/defici%C3%AAncias%20e%20toxidade%20de%20nutrientes%20em%20plantas%20de%20soja.pdf >, acesso em: 06/07/2023
TAIZ, LINCOLN; ZEIGER, EDUARDO FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL 6° ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela UFSM