Os compradores de farinhas alegam que não podem subir os preços porque os preços de safra nova deverão ser menores. Ora, isto pode ter sido uma boa hipótese antes da quebra ocorrida com as produções do Paraná e de Minas Gerais. Agora não é mais. OS preços já pararam de cair e, mesmo os preços futuros do trigo (sim, eles estão voltando!) já estão na casa dos R$ 750,00 ou mais.

Por quê? Porque estamos esperando uma corrente de compras acentuadas: GO e MG, cujas safras quebraram significativamente, deverão buscar matéria-prima no Paraná, onde a safra também quebrou que, assim, deverá buscar mais trigo do Paraguai e do RS. Com isto se percebe um aumento da demanda interna do trigo para a próxima temporada, fazendo com que os atuais preços futuros oferecidos pelo trigo da safra 2019/20 sejam considerados baixos, dentro de mais um ou dois meses.

No RS praticamente não há mais grandes volumes de trigo disponível. E o que sobrou, os vendedores pedem preços de trigo importado, ao redor de R$ 1.000,00 FOB. Foram negociadas 1000 tons nesta semana, ainda a R$ 865,00 FOB, chegando no moinho do PR a R$ 950,00, mais ICMS.

Notou-se uma demanda de moinhos paranaenses de diversas regiões (Sudoeste e Sul, Curitiba, etc) sobre o trigo gaúcho, com alguns negócios realizados outros deixados de lado pelo valor final muito elevado. Em SC até a primeira semana de julho o levantamento da Epagri/Cepa aponta que a semeadura de trigo alcançou cerca de 61% da área estimada ao plantio.

Das lavouras que estão implantadas, praticamente 100% apresentam boas condições, sendo que 100% encontram-se em desenvolvimento vegetativo. Como anunciado no boletim anterior, deverá ocorrer uma nova redução na área plantada no estado na safra 2019/20, muito em decorrência dos elevados custos de produção. A redução na área plantada está estimada em 8%, podendo chegar a 10% na produção.

Os preços permaneceram inalterados nesta semana, mas subiram cerca de 2,8% em junho. No PR preços spot do trigo entre R$ 950,00 a R$970,00 CIF moinho, mas muito poucas ofertas; o trigo de safra velha praticamente acabou. Mercado futuro preços entre R$ 730 a R$ 750,00, mais com geadas, vendedor e comprador se aquietarem, para ver como as coisas ficam.

Alguns moinhos trouxeram alguns lotes do RS, liquidando R$ 940,00 com frete, mais ICMS. Nesta sexta-feira, até R$ 950,00 tem chance de sair negócio, mas as ofertas sumiram. Os lotes de trigo paraguaio que estavam estocados na região foram todos vendidos. Segundo levantamento da T&F a safra de trigo será definitivamente menor no Paraná, que é onde há o trigo de melhor qualidade no Brasil.

Os compradores de farinhas, que falam que a safra será maior, não tem razão sobre isto. Mesmo que o trigo do RS seja bom e tenha bom volume, terá mais demanda com as quebras do PR e de MG, então os preços da matéria prima não deverão cair tanto.

De SP para cima, os preços do trigo em grão da Argentina não tiveram variação FOB (US$ 239,00,em média), mas tiveram variação no dólar, alterando para mais em 0,26% os preços finais no Brasil. Mesmo assim, a excelente qualidade, regularidade e disponibilidade do trigo argentino, além da total isenção de impostos e o frete mais barato (o frete marítimo de Rosário, ao redor de US$ 17/t, é mais barato que o frete rodoviário do PR até São Paulo (US$ 26,00/t) e o fato de estarem bem próximos do maior mercado consumidor do país fazem com que os moinhos tenham condições excepcionais, podendo vender farinhas a preços menores do que os moinhos do PR e RS, marcando território desta forma.

O mesmo vale para todo o Norte e Nordeste. Em MG os preços permaneceram inalterados no sul do estado. Em Três Corações o preço continuou, pela quarta semana consecutiva, a R$882,00/t. Já em Iraí e Minas, no Triângulo Mineiro, o preço subiu 15,38%, ara R$ 900,00t/t, contra R$ 780,00 das quatro semanas anteriores.

O trigo paraguaio é tão importante quanto o trigo do Paraná para os moinhos brasileiros. Por isto há uma grande curiosidade sobre as condições da safra, especialmente depois das geadas ocorridas no final da primeira semana de julho. Nesta safra as lavouras tem recebido boas quantidades de água, cerca de 79mm. Houve duas geadas, uma no dia 07 e outra no dia 08 de julho, mas, aparentemente, não houve danos significativos (Agridatos calcula entre 2% e 4%).

Fonte: T&F Agroeconômica

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