Apesar de acumular um recuo de 1,2% em relação ao fechamento de julho, o mês de agosto protagonizou um estancamento da tendência de baixa que iniciara em meados de junho de 2018 no mercado brasileiro de algodão. A mínima verificada neste oitavo mês de 2019 foi no dia 09, com a indicação no CIF de São Paulo a R$ 2,39/libra-peso, o menor nível desde dezembro de 2015 e acumulando queda de 36,6% em relação ao início da trajetória de baixa (R$ 3,77/libra-peso).
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, depois de tocarem esse piso – tendo como principal fator de sustentação a depreciação da moeda brasileira em relação ao dólar – as cotações do algodão brasileiro trocaram de direção e até o final de agosto haviam acumulado ganhos de 2,5%. “Como se esperava que acontecesse numa temporada em que o país conta com um grande excedente de produção em relação ao consumo, os preços domésticos encontraram suporte quando alcançaram a paridade de exportação”, destacou.
No fechamento da última quinta-feira (29), a indicação da fibra nacional no FOB do porto de Santos/SP estava em 59,99 cents de dólar por libra-peso (c/lb). Esse valor era apenas 1,7% superior à indicação do contrato de maior liquidez na Ice Futures de Nova York (Dez/19). Há um mês esse spread era de 5,3%.
Como ressalta Bento, com os preços na Bolsa norte-americana tendo recuado 7,6% em relação ao mesmo período do mês anterior, fica claro que a melhora da competitividade do produto brasileiro foi possível devido à valorização mensal de 9,3% do dólar em relação ao real.
“Apesar do estancamento da trajetória de baixa, ainda é prematuro afirmar que o algodão brasileiro tem bases sólidas para uma reversão de tendência nos próximos meses. Isso porque a paridade de exportação (balizadora dos preços domésticos) depende diretamente do comportamento cambial e dos preços internacionais”, afirma. Um exemplo numérico ajuda a entender essa dependência, observa Bento. “Se mantivermos todas as demais variáveis nos níveis deste atuais e considerarmos a taxa cambial praticada no final de julho/19 (R$ 3,82), a indicação no FOB de Santos/SP sobe de 59,99 c/lb para 65,52 c/lb, superando a indicação da Ice Futures em 11,04%. Nesse caso, para voltar à paridade os preços domésticos teriam que recuar”, conclui.
Fonte: Agência SAFRAS